Bruno Boghossian | Agência Estado
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, admitiu na sexta-feira (07) que é hora de "passar o bastão". O parlamentar criticou a decisão do Judiciário, afirmou que os ministros do STF foram "seletivos" e que a história vai corrigir "injustiças" cometidas contra o PT.
"Eu, pessoalmente, já estou começando a trabalhar a hipótese de que a vida é assim. A vida é como uma árvore, que cai uma semente e dela brota outra árvore. Agora é importante a gente salvar o projeto, tocar para a frente e passar o bastão para os outros companheiros", disse o deputado, em seminário do PT paulista, realizado na sexta-feira (07), em Embu das Artes (SP). "Eu, o Zé (o ex-ministro José Dirceu) e o (ex-presidente do PT José) Genoino estamos realmente passando, e a responsabilidade agora é das pessoas que chegam."
João Paulo, que disse viver um "calvário", citou como exemplo o momento em que abriu mão da candidatura a prefeito de Osasco, ao ser considerado culpado pelo STF. Seu vice, Jorge Lapas, assumiu a vaga e venceu a disputa no 1.º turno.
O deputado criticou o tratamento dado pela imprensa ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cobertura do julgamento do mensalão e da Operação Porto Seguro. Uma das indiciadas pela Polícia Federal é Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo e íntima do ex-presidente.
"Observe a crueldade que fazem nesse momento com o Lula. Fazem entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique, que merece todo o respeito, mas é bajulação. Incompatível quando comparado com o Lula", afirmou. "A história fará a correção do que está acontecendo agora. Acho que eu não vou estar vivo, mas a história vai corrigir."
O deputado não quis comentar a possibilidade de o Supremo cassar imediatamente os mandatos dos deputados condenados, mas indicou que espera ficar no cargo até 2014, quando termina seu mandato. "Com todos os problemas que tenho, fico muito incomodado quando alguém tenta dar lição de ética na gente. Eu tenho 28 anos de mandato. Mantive a coerência desde 1982. Nunca tive um processo na minha vida, nunca tive um inquérito na minha vida. Vão querer dar lição de moral em mim? Não. Não aceito. Eu sou sereno, eu sou calmo, mas eu não vou ser humilhado." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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