Menina que esperou 8 h por cirurgia no Rio tem morte cerebral, diz pai
Adrielly dos Santos, de 10 anos, foi atingida por bala perdida no Natal.
Neurocirurgião que faltou plantão e causou espera está afastado.
Família diz que Adrielly teve morte cerebral (Foto:
Reprodução/ TV Globo)
A menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, que na noite de Natal (24)
foi atingida por uma bala perdida na cabeça, teve a morte cerebral
confirmada por seu pai neste domingo (30). A criança estava internada no
hospital Souza Aguiar, no Centro, desde quinta-feira (27), quando foi
transferida do Salgado Filho, no Méier, no Subúrbio, onde teve que
esperar por oito horas para realizar a cirurgia para retirada do
projétil da cabeça. Até as 20h50, a Secretaria municipal de Saúde não
havia confirmado o óbito.Reprodução/ TV Globo)
Demora no atendimento
A polícia investiga se houve omissão de socorro devido à longa espera. O motivo seria a falta ao plantão do neurocirugião Adão Orlando Crespo Gonçalves, que foi afastado temporariamente do cargo, segundo a Secretaria municipal de Saúde, e um inquérito administrativo foi aberto. Segundo a nota, só é caracterizado abandono após 30 dias de ausência do médico, que terá as faltas descontadas do salário.
A polícia começou nesta quinta a ouvir os envolvidos no inquérito que apura se houve omissão de socorro à menina. O diretor geral do hospital, Conrado Norberto Weber Júnior, foi um dos primeiros a prestar depoimento, ainda na quinta, e deu explicações ao delegado a respeito da rotina de funcionamento do hospital, inclusive em escalas especiais.
Na sexta (28), estavam previstos para serem ouvidos, além de Adão, o chefe da equipe médica, Ênio Eduardo Lima Lopes; e Mário Alberto Lapenta, que assumiu o plantão no dia 25 pela manhã e fez a cirurgia para a retirada da bala da cabeça de Adrielly.
Os pais da menina Adrielly deixam a 23ª DP após prestarem depoimento (Foto: Janaína Carvalho/G1)
Os pais da menina conversaram, nesta quarta-feira (26), por cerca de
uma hora com Archimedes sobre a demora no atendimento da filha. Ele
contou que o delegado perguntou como Adrielly foi alvejada e como ela
caiu. Marco Antônio disse ainda ao delegado que, quando chegou ao
hospital, não havia médico e aguardou oito horas até a filha ser levada
para a cirurgia.Baleada por tiros de traficantes
O caso ocorreu na Rua Amália, perto dos morros do Urubu e do Urubuzinho, em Piedade. Ela havia acabado de ganhar seu presente de Natal quando foi atingida por uma bala perdida, segundo o pai.
Eles estavam na rua, no momento em que traficantes dos morros do Urubu e Urubuzinho começaram a soltar fogos e dar tiros para o alto, ainda de acordo com Marco Antônio.
Pais (de azul e vermelho) aguardam notícias sobre
Adrielly, de 10 anos, atingida por bala perdida na
noite de Natal (Foto: Marcelo Ahmed/G1)
"Ela estava animada que tinha acabado de ganhar uma boneca de presente.
Quando foi mostrar o presente, ela caiu. Pensamos que ela tinha
machucado a cabeça na queda", contou o pai de Adrielly, acrescentando
que a menina no deu entrada no Salgado Filho à 0h20 desta terça-feira
(25).Adrielly, de 10 anos, atingida por bala perdida na
noite de Natal (Foto: Marcelo Ahmed/G1)
Só no hospital é que os pais ficaram sabendo que a menina tinha uma bala alojada na cabeça. "Até as 3h da manhã nós não sabíamos de nada. Isso é um absurdo. Não tem ambulância nem médico para operar a minha filha", disse Marco Antônio, pouco antes das 8h20 desta terça, quando foi informado sobre a chegada de um neurocirurgião ao hospital.
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