Uma delas aluga espaço para quem quer tirar cochilo depois do almoço.
Outra deixa funcionário parar e dar uma 'dormidinha' durante o expediente.
Em São Paulo, empresas criam o "cantinho do cochilo" para os funcionários e outras inovam e criam o negócio do sono. Uma delas montou um espaço com cabines individuais para alugar para quem quer tirar um cochilo depois do almoço.
São Paulo é conhecida como a cidade que não dorme: trabalho, negócios, diversão. A megalópole de mais de 11 milhões de habitantes não para. Será?
A meia quadra da famosa Avenida Paulista, uma novidade chama a atenção. Às 11h30, hora que normalmente está todo mundo trabalhando, em um cantinho, as pessoas dormem. A empresa vende cochilos. São quatro cabines de aluguel. No meio de um dia estressante de trabalho, a pessoa paga para dormir um pouquinho.
O negócio é do empresário Marcelo Von Ancken e da filha Camila. Eles investiram R$ 80 mil em pesquisas, projetos e montagem das cabines.
“Em questão de qualidade de vida, acho que todos hoje nessa vida corrida da cidade necessitam de ter um descanso diário. Então, assim como se procura hoje se alimentar bem, também o descanso faz parte dessa qualidade de vida. Então acho que existe aí um nicho muito grande a ser explorado”, afirma o empresário.
A “empresa soneca” foi pensada para ter o máximo de aproveitamento no mínimo de espaço. Com 1,2 m de largura e 2,10 de comprimento, cada cabine tem revestimento acústico, cama anatômica e painel de controle.
“A gente tem o controle do ar condicionado, um interfone para falar com a recepção, temos a luz azul, que também tem essa propriedade de calmante e o fone de ouvido, com uma música agradável para tirar um bom cochilo”, relata a filha.
Uma soneca de 15 minutos custa R$ 15. Meia hora de descanso sai por R$ 20; e uma hora, por R$ 30. Quando termina o tempo, uma luz pisca e a cama vibra para avisar o cliente. Para acordar de vez, ele ainda ganha um cafezinho de brinde.
“Novo, em folha, bateria recarregada. Pronto para a parte da tarde, agora”, diz o cliente Marco Polo Marmo.
A empresa é recente – foi inaugurada em julho de 2012. Para torná-la conhecida, os empresários distribuem máscaras de dormir e fazem convênios com empresas, com descontos de até 50 %. O movimento ainda é pequeno – dez clientes por dia. Mas a meta é espalhar o negócio e a soneca pela cidade.
“Os planos são expandir para que todo mundo que tem aquele sono depois do almoço tenha um lugar tranquilo para isso, então sejam franquias, investidores, a gente aposta muito nessa idéia, acredito que vai dar certo”, aponta Camila.
Outra empresa apostou no sono para ser competitiva. Ela faz propagandas para internet, como animações, banners e mensagens.
Só no último ano, a empresa cresceu 200% e, acredite, o desempenho e a energia dos dedicados funcionários têm pelo menos uma boa razão. Na empresa, o cochilo no meio do trabalho é livre. Quem trabalha no local pode dar uma dormidinha na hora que quiser. Seja no sofá, seja na rede.
“É sempre legal dar uma descansadinha, para voltar melhor”, diz o programador João Pinto.
O negócio é dos empresários Denis Marin e Felipe Nakasima. Para eles, grandes criações surgem depois de uma soneca. “Só do pessoal dar aquela paradinha, às vezes ele está indo muito para um só caminho, dá uma paradinha, encontra novos caminhos”, diz Marin.
O médico Fernando Morgadinho, do Instituto do Sono, em São Paulo, confirma: a soneca é produtiva. “Os trabalhos científicos realmente tem mostrado que as pessoas que dormem depois de receber uma informação, ou previamente receberam uma informação ou uma função, melhoram a performance, a atividade, depois de um cochilo, com certeza.”
Para estimular mais a criatividade, o ambiente de trabalho na empresa de propaganda é leve, descontraído. Tem TV com videogame e uma cadela que passeia de sala em sala. Na cozinha, também não faltam mimos par os funcionários.
“Na geladeira a gente deixa uma coisa para o pessoal comer à tarde, um pão, um requeijão, refrigerante, bolo, a gente deixa um sorvete também (...). É um investimento. Faz o pessoal render bem”, diz Marin.
Para oferecer lazer e descanso, os empresários investiram R$ 2500 no sofá, redes, TV e videogame. E gastam R$ 800 por mês para oferecer lanches e bebidas.
Mas é claro que, mesmo dormindo em serviço, trabalho na empresa é coisa séria, e os lucros só aumentam. “O plano é continuar crescendo, que a empresa cresça mais 200% no ano que vem, e manter todas essas regalias que são lanchinho da tarde, sonecas, e continuar produtividade 100%”, revela Nakasima.
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