sábado, 25 de agosto de 2012

Santa Casa do Pará atende por mês mais de 10 bebês com má formação


Casos estão ligados a problemas durante a gravidez.
Jovens mães não têm cuidados necessários na gestação.

Do G1 PA

No início desta semana foi registrado mais um caso de má formação de recém-nascido na Santa Casa de Misericórdia do Pará. O grande número de casos que chega ao hospital preocupa os médicos do setor de neonatologia, que explicam que os casos de má formação estão ligados a gravidez na adolescência, principalmente em jovens no interior do estado.
Bebê com má formação chegou à Belém de helicóptero acompanhado da mãe e de uma equipe médica.  (Foto: Fernando Araújo/O Liberal)Bebê com má formação chegou à Belém de
helicóptero acompanhado da mãe e de uma equipe
médica. (Foto: Fernando Araújo/O Liberal)
Na última quarta-feira (22), uma criança foi transferida do município de Cametá, na região nordeste do estado, com um tumor na coluna, doença conhecida como meningocele. A criança foi internada na Santa Casa, em Belém no mesmo dia e continua com quadro de saúde estável após fazer exames antes da cirurgia de correção que precisará fazer. A mãe do bebê é uma jovem de 19 anos.
“Casos como esse de Cametá infelizmente estão sendo muito comuns, de crianças com essa má formação do sistema nervoso central. Estudos de neurologistas apontam que o problema está correlacionando a má nutrição materna, durante a gravidez”, explica a médica Vânia Cecília, gerente do serviço de neonatologia da Santa Casa.
“Esta mãe diz ter feito pré- natal, mas ela pode ter tido algum distúrbio de vitaminas, o que acontece na nossa população. Ele é jovem, este é o primeiro filho dela, não relatou ter feito ultrassom obstétrica. Descobriu a doença depois do nascimento”, afirma Vânia.
Estatística preocupa médica
“Todos os meses temos solicitação para este tipo de má formação uma média de mais de 10 a 15 pedidos, principalmente vindos do interior. Em Belém também acontece, quando a mãe é de origem do interior”, conta a médica.
Hipertensão é a principal causa de morte entre gestantes e mulheres que dão a luz (Foto: Marcelo Seabra/O Liberal) Adolescentes geralmente não fazem o pré-natal.
(Foto: Marcelo Seabra/O Liberal)
“As adolescentes não se alimentam direito e têm dificuldade econômica da própria família, que em muitos casos nem sabe que ela está gravida. Elas escondem até o último momento e não fazem o pré-natal, não fazem o complexo vitamínico e não têm os cuidados adequados”, explica Vânia.
No berçário e UTI há uma grande demanda de mães adolescentes. Dentro do berçário chegam a 40 a 45% de mães adolescentes. Segundo a médica, já houve casos de uma mãe ter 29 anos, mas estar na 7ª gestação.
O tratamento para casos de má-formação geralmente é cirúrgico. Em casos de meningocele, é preciso fazer uma cirurgia de correção, que é complicada, pois mexe com o sistema nervoso. “Depois desta cirurgia quase sempre a criança desenvolve hidrocefalia e a criança tem sequelas para o resto da vida. Eles não andam, não falam direito, não vão conseguir estudar e isso preocupa a gente, além de manter a vida, pensamos na qualidade de vida”, conta a médica.
Para prevenir problemas como este, Vânia acredita que a melhor medida a ser adotada é evitar a gravidez na adolescência. Já que os adolescentes estão começando a vida sexual muito cedo, as escolas poderia orientar sobre os métodos anticonceptivos, por exemplo.

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