Em Campo Grande, pacientes reclamam de letras miúdas e termos técnicos.
Ginecologista orienta a tirar dúvidas com médico que receitou medicamento.
Em Campo Grande, o servidor público Eduardo Luís Figueiredo de Lima toma remédios para controlar a pressão e o colesterol há quase dez anos. Depois de tanto tempo fazendo o uso contínuo de medicamentos, ele criou o hábito de consultar a bula de alguns remédios para verificar a dosagem. Mesmo assim, não tem o costume de ler todas as informações contidas no pequeno pedaço de papel. "Tem informação demais. Muitas vezes, algumas informações que você nem precisa saber. Isso pode ser exagerado e a pessoa acabar não tomando o remédio", diz.
Todo medicamento lançado no Brasil deve conter a bula. É nela onde estão informações técnicas sobre o medicamento e que muitas vezes causam confusão nos pacientes. Além da linguagem, a disposição do texto também incomoda. "As letras são miúdas, muitas coisas a gente não sabe o que é", diz o aposentado Arnaldo João da Silva.
Consultar a bula sem orientação médica pode ser perigoso e causar ainda mais problemas para o paciente, segundo o ginecologista Nildes Ribeiro Cardoso. "Ele pode ler alguns termos técnicos e fazer má interpretação da bula, levando a prejuízos no tratamento. Qualquer dúvida, é mais interessante ele tirá-las com o médico que prescreveu o medicamento", explica.
Para facilitar o entendimento das informações que constam das bulas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária regulamentou algumas características com relação ao formato e a linguagem usada. "A bula obrigatória vem com perguntas e respostas, em termos simples e compreensíveis, e ficou de mais fácil leitura. A indústria é obrigada a oferecer bula em áudio, ou pode vir em tamanho maior ou em braile. O paciente entrando em contato com a indústria, ele tem até dez dias para receber esse material", afirma Ronaldo Abrão, presidente do Conselho Regional de Farmácia.
Ainda de acordo com o dirigente, o texto da bula é elaborado por pesquisadores que desenvolvem o remédio. O processo pode demorar anos até que o medicamento tenha liberação da Anvisa para ser comercializado. "Caso a Anvisa não aprove o que está escrito na bula, ela sugere modificações", diz Abrão.
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