CEO da General Motors Dan Akerson encontra o
chefe da PSA Philippe Varin (Foto: Divulgação) Após dias de rumores sobre uma possível cooperação entre a companhia francesa PSA
Peugeot Citroën e a norte-americana General Motors, as duas empresas confirmaram o acordo nesta quarta-feira (29), junto com o fechamento das bolsas europeias. As sinergias totais esperados da aliança são estimadas em aproximadamente US $ 2 bilhões em cerca de cinco anos.
Em comunicado divulgado logo após o anúncio, a GM afirma que cada empresa continuará a comercializar seus veículos de forma independente e "numa base competitiva". Porém, a aliança garantirá o compartilhamento de produção, plataformas e tecnologias.
Para isso, a GM terá 7% do capital do grupo francês, tornando-o o segundo maior acionista atrás do Grupo Família Peugeot. A PSA Peugeot
Citroën deverá levantar cerca de 1 bilhão de euros por meio de aumento de capital com direito de preferência para os acionistas da PSA Peugeot Citroën, subscrita por um sindicato de bancos, inclusive, um investimento do Grupo Família Peugeot, como um sinal de confiança no sucesso da aliança.
O primeiro carro criado em uma plataforma comum tem previsão de lançamento em 2016.
Inicialmente, a GM e a PSA Peugeot Citroën pretendem se concentrar em carros de passeio de pequeno e médio porte, monovlumes e crossovers. As empresas também consideram o desenvolvimento de uma nova plataforma comum para veículos de baixa emissão. O primeiro carro criado em uma plataforma comum tem previsão de lançamento em 2016.
Além disso, a aliança vaiexplorar áreas de cooperação, como logística integrada e transporte. Para este fim, a GM pretende estabelecer uma cooperação estratégica comercial com a Gefco, uma empresa de serviços de logística integrada e subsidiária da PSA Peugeot Citroën. A empresa prestará serviços e logística para a GM na Europa e Rússia.
"Esta parceria traz grande oportunidade para as nossas duas empresas. As sinergias de aliança, além de nossos planos independentes, volta a posição da GM para a rentabilidade a longo prazo sustentável na Europa", disse Dan Akerson, presidente e CEO da GM.
Philippe Varin, presidente do conselho de administração da PSA Peugeot Citroën, declarou em nota que a aliança é um momento extremanete "empolgante" para ambos os grupos. "Esta parceria é rica em seu potencial de desenvolvimento. Com o forte apoio de nosso acionista histórico e com a chegada de um novo acionista de prestígio, todo o grupo está mobilizada para colher todos os benefícios deste acordo", ressaltou.
No entanto, a General Motors poderá incluir no plano cortes de empregos e fechamento de plantas potenciais na Europa, onde o grupo opera por meio do braço alemão Opel, que enfrenta sérios problemas financeiros, de acordo com fontes ligadas ao acordo, entrevistadas pela Reuters e pela France Presse.
Embora as duas empresas apostem em benefício mútuos com a aliança, o fato de a Opel e a Vauxhall (divisões da GM) dependerem extremamente do mercado europeu, assim como a PSA, preocupa analistas de mercado.
A aliança será supervisionado por um comitê de direção global que inclui um número igual de altos executivos de cada empresa. A implementação está sujeita a aprovações regulatórias necessárias em determinadas jurisdições, bem como a notificação aos conselhos apropriados dos sindicatos de trabalhadores locais.
Crise econômica
A busca por uma nova saída se tornou mais intensa no ano passado, quando o grupo PSA passou por um difícil momento, especialmente em função da crise econômica na Europa.Em janeiro, a PSA Peugeot Citroën desmentiu rumores de que estaria em negociação com o grupo Fiat Chrysler. No entanto, o grupo liderado pela empresa italiana reforça o interesse na parceria publicamente. Há dois anos, o grupo francês tentou se aliar à japonesa Mitsubishi, mas a operação foi desfeita. O projeto foi enterrado em março de 2010.
A PSA é líder no mercado francês e ocupa o segundo lugar em vendas na Europa. Por causa da crise, no ano passado as vendas do grupo caíram 1,5% no mundo a 3,5 milhões de unidades. Assim, a receita líquida do grupo caiu pela metade, para 588 milhões de euros. O grupo voltou a lucrar em 2010, depois de ter passado por dois anos consecutivos de perdas.
A má performance em 2011 pesou no braço automotivo, o mais importante do grupo. A divisão teve perda operacional de 92 milhões de euros no ano, contra lucro de 621milhões de euros em 2010. Diante da situação, a PSA vai investir mais no desenvolvimento das operações fora da Europa, no entanto, a empresa precisa de financiamento para isso. Assim, uma aliança vem em bom momento.
Opel também se beneficiaria com acordo
(Foto: AFP) Opel também se beneficiariaPara a GM, uma aliança possibilita reduzir custos operacionais em sua divisão europeia, a Opel, que tem tido grandes perdas.
A Opel, que a GM decidiu manter em 2009 quando o então presidente-executivo Ed Whitacre abandonou os planos de venda, é uma das principais preocupações dos investidores da GM. No ano passado, a GM perdeu US$ 747 milhões na Europa e analistas do Morgan Stanley avaliaram a Opel como negativa em US$ 8 bilhões.
O vice-presidente do conselho da GM, Steve Girsky, assumiu o controle da reestruturação da Opel, e a GM disse neste mês que detalharia as próximas medidas a serem tomadas em breve.
Analistas consultados pela agência Reuters disseram que é possível que uma década se passe antes que os benefícios do pacto se realizem completamente, e mais medidas seriam necessárias para superar o problema central para ambas as montadoras na Europa: excesso de capacidade.
"Francamente, acreditamos que a aliança criará complicações num momento muito delicado na própria reestruturação", disse o analista Matthew Stover, do Guggenheim, na semana passada, antes do acrodo ser oficializado "De um ponto de vista geral, a GM tem muito mais a oferecer à Peugeot do que o inverso".
Foco da Peugeot no Brasil
Entre os mercados mais promissores para o grupo estão China e Brasil. Somente para o mercado brasileiro estão previstos
oito lançamentos para este ano, entre novos modelos e versões para as duas marcas. A estreia da
linha de luxo Citroën DS é uma delas. Além dele, já desembarcaram por aqui neste ano o
308 e o 408 1.6 THP (turbo).
A Peugeot ainda reserva o 308 THP, o 208 - que será fabricado no Brasil em 2013 - e o sedã 508. A meta para a marca do leão é vender neste ano 100 mil unidades e chegar a 3% de participação do mercado, de acordo com o presidente da Peugeot do Brasil, Frédéric Drouin. Somente o 308, que começa a ser vendido em março, deve colaborar com 12 mil unidades vendidas até o fim do ano, segundo as previsões da Peugeot.
Já a Citroën descarta entrar no segmento popular no país e continua a apostar no crescimento do segmento “Premium”. Segundo a montadora, hoje o amadurecimento do mercado brasileiro leva ao crescimento de segmentos mais altos. Por esse motivo, a Citroën crescerá de forma “natural”.
Para este ano, a marca pretende ter também 3% de participação em um mercado previsto em 3,63 milhões de unidades, o que significa a venda de 110 mil carros. Em 2011, a particpação da marca francesa foi de 2,63%. Mas o crescimento só será possível com a expansão da rede de concessionárias, de acordo com a própria montadora.