IEMA
propõe ações para melhorar a transparência e a qualidade técnica do
modelo de simulação de transporte de cargas usado no Plano Nacional de
Logística 2050
O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) enviou contribuição técnica à consulta pública “Parte I: mapas de carregamento, de saturação e corredores de exportação de commodities”,
realizada pelo Ministério dos Transportes no âmbito do Plano Nacional
de Logística 2050 (PNL 2050) e encerrada quinta-feira (19). A consulta
teve como objetivo colher colaborações da sociedade sobre movimentação
de produtos na rede de transporte em geral, e também nos corredores de
exportação de commodities.
Entre as principais sugestões, estão:
- Identificar
a infraestrutura de cada trecho específico da rede de transporte como,
por exemplo, quilômetros de uma rodovia, ferrovia, hidrovia ou uma
conexão com porto;
- Divulgar
características específicas físicos e operacionais de cada trecho como a
quilometragem e quanto de carga ele suporta, número de faixas no caso
de rodovias;
- Explicitar a metodologia da escolha modal como rodoviário, hidroviário e ferroviário por trecho;
- Explicitar
os parâmetros utilizados na calibração do modelo matemático usado para
simular o fluxo de transporte, para que seja o mais preciso possível.
Esta
é a primeira vez que o governo federal disponibiliza acesso aos dados
durante a construção do plano de logística com o objetivo de desenhar as
demandas junto com a sociedade em geral, como organizações da sociedade
civil. Com o propósito de contribuir para a qualificação do processo, o
IEMA apresentou recomendações voltadas ao aperfeiçoamento das análises e
ao aumento da transparência no planejamento logístico.
A
forma como a rede de transporte é montada e os critérios usados para
distribuir as cargas entre os caminhos disponíveis influenciam
diretamente os resultados das simulações. Quando faltam informações
sobre as características das estradas, ferrovias e hidrovias, e sobre
como o modelo foi ajustado para se aproximar da realidade, dificulta uma
avaliação mais rigorosa dos resultados..
Essa
recente consulta pública marcou o início da etapa "Diagnóstico" do
Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050), dedicada ao levantamento
detalhado e à análise da situação atual dos transportes. O PNL 2050 está
estruturado em quatro macroetapas: insumos, diagnóstico, objetivos de
atuação e cenário-meta.
Contexto
Com
base no modelo de alocação da demanda, é possível estimar os fluxos de
carga no cenário atual para cada infraestrutura da rede. Esses fluxos
são representados nos mapas de carregamento por macroproduto ou grupo de
carga, podendo ser detalhados por modal.
A
etapa atual servirá como base para o planejamento de ações futuras,
definição de prioridades e estabelecimento de metas, garantindo que as
decisões sejam fundamentadas em um conhecimento sólido e completo da
situação vigente. Para isso, as informações disponibilizadas visam
identificar os principais gargalos no sistema de transportes de hoje
A
análise de saturação e o cálculo de indicadores são essenciais para
delimitar os corredores logísticos. Os mapas de saturação apontam os
trechos da malha onde a capacidade da infraestrutura não atende à
demanda, especialmente em períodos de pico, evidenciando os gargalos
logísticos.
Embora
a análise considere a sazonalidade e forneça dados úteis para rodovias,
ela está restrita a esse modal. É fundamental ressaltar que a saturação
também ocorre em portos, terminais e pontos de transbordo, que
concentram gargalos críticos não representados nos mapas atuais. Além
disso, o método usado para calcular a saturação rodoviária não foi
detalhado, o que limita a compreensão completa do diagnóstico.
A
ampla abertura para a participação social nas diversas etapas de
elaboração do PNL 2050 é elogiável e mostra, inegavelmente, um enorme
avanço em relação aos planos anteriores. No entanto, para que esta
participação seja qualificada e possa efetivamente contribuir para o
aperfeiçoamento do planejamento de infraestrutura de transportes, é
essencial que as decisões metodológicas e os dados detalhados utilizados
estejam amplamente acessíveis. O IEMA está disposto a contribuir
tecnicamente com o aperfeiçoamento do PNL 2050 e a colaborar para que o
Brasil avance rumo a um modelo logístico mais eficiente, justo e
ambientalmente responsável.
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