Setor agropecuário cresce 12,2% no trimestre e fortalece papel dos
fundos de recebíveis como ponte entre o mercado de capitais e o campo
O desempenho do agronegócio voltou a surpreender no primeiro trimestre
de 2025. Segundo o IBGE, o setor cresceu 12,2% em relação ao trimestre
anterior, impulsionando o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a uma
alta de 1,4% no período. Na comparação anual,
o PIB nacional subiu 2,9%. O motor dessa aceleração veio do campo —
mais especificamente da supersafra de soja e do avanço contínuo da
produtividade agropecuária.
Esse protagonismo reacendeu o debate sobre como ampliar o financiamento
ao setor e, simultaneamente, abrir novas portas para o investidor
brasileiro se beneficiar dessa expansão. Entre os instrumentos mais
promissores estão os Fundos de Investimento em Direitos
Creditórios (FIDCs), que se consolidam como mecanismo de crédito
estruturado sob medida para as especificidades do agro.
FIDC: ponte entre produtor e investidor
O mercado de FIDCs dedicados ao agronegócio — especialmente na forma de
FIAGRO-FIDC — tem registrado crescimento acelerado. Segundo dados da
Anbima, o patrimônio líquido dos FIAGROs saltou 204% desde março de
2023, atingindo R$ 47,7 bilhões em 2025. Deste total,
cerca de 48% estão alocados em estruturas de FIDC, que adquirem
direitos creditórios oriundos da cadeia produtiva rural, como
duplicatas, contratos de fornecimento e recebíveis de insumos.
“O FIDC oferece ao produtor rural acesso a crédito mais flexível, muitas
vezes com estruturação adaptada ao seu ciclo de produção. Ao
investidor, representa uma alternativa segura e regulada, com potencial
de retorno superior à renda fixa tradicional”, afirma
Marcelo Linhares, superintendente de Agro e Comércio Exterior da
FlowInvest.
Os FIDCs estão sob supervisão direta da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), o que assegura maior transparência e rigor na governança. A
Resolução CVM 175, que entrou em vigor recentemente, simplificou a
estrutura normativa dos fundos, trazendo maior clareza
sobre a classificação de riscos e obrigações dos gestores.
Além dos FIDCs, outros instrumentos têm atraído atenção dos investidores
no contexto do agronegócio: os Certificados de Recebíveis do
Agronegócio (CRAs), com isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas
e crescimento de 42% no volume de emissões, totalizando
R$ 156 bilhões; as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio); e as
CPRs-Verdes, voltadas a práticas agrícolas sustentáveis.
Na visão de especialistas, o avanço da tokenização de recebíveis, a
sofisticação das plataformas de investimento e o maior apetite por
ativos atrelados à economia real têm permitido que investidores pessoas
físicas se aproximem do agro como nunca. “Hoje, é
possível investir em estruturas robustas com lastro no agronegócio sem
sair de casa, com diversificação setorial e exposição a um dos setores
mais resilientes da economia brasileira”, diz Linhares.
Apesar de representar cerca de 6,5% do PIB brasileiro em média, o
agronegócio tem protagonizado boa parte do crescimento econômico recente
— o que reforça a atratividade desses instrumentos. Para o investidor,
além da possibilidade de retornos ajustados ao
risco, os fundos estruturados como os FIDCs permitem a construção de
uma carteira mais diversificada, com ativos descorrelacionados da
economia urbana e industrial.
“Estamos diante de um novo ciclo de financiamento ao agro, com o mercado
de capitais assumindo um papel cada vez mais estratégico”, conclui
Linhares.
|
|
José Lucas Silva de Morais Departamento Imprensa jose.lucas@tamer.com.br 11 9.8878-7122 11. 3031-2388 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário