sábado, 25 de janeiro de 2025

Transtorno de Escoriação – marcas da ansiedade na pele Psicanalista alerta que problema começa na infância

 

·      Andrea Ladislau é doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro. @dra.andrealadislau 


Transtorno de Escoriação – marcas da ansiedade na pele

Psicanalista alerta que problema começa na infância

 

Quem não conhece alguém que, vive cutucando cantinhos da unha para retirar peles ou cutuca as cutículas até sangrar? Não para de espremer espinhas ou fica, a todo momento, arrancando casquinhas de machucados que nunca fecham?


De acordo com a neuropsicóloga e psicanalista Andrea Ladislau, esse tipo de comportamento compulsivo, intenso e repetitivo, pode ser caracterizado como sendo um Transtorno de Escoriação. Uma condição clínica que surge, por volta dos 12 anos de idade, mas pode se agravar na vida adulta, e faz com que a pessoa sinta a necessidade de cutucar, coçar ou arrancar pedacinhos da pele, o tempo todo.

 

Andrea lembra que é importante registrar que, quando esses hábitos ocorrem eventualmente, não há com o que se preocupar. É uma ação comum. A questão é quando eles se tornam recorrentes e excessivos.


"Machucar-se repetidamente, no mínimo, irá causar impactos para a saúde física e a vida social do indivíduo, indicando a incidência de um transtorno emocional. As investidas contra o corpo podem diminuir a autoestima, devido às marcas e manchas na pele, além gerar culpas e vergonha pós episódios", explica.


Andrea alerta que esse quadro pode inclusive gerar a necessidade de isolamento e reclusão, uma vez que a pessoa passa a evitar sair de casa ou mesmo usar roupas que evidenciem as marcas das escoriações.

 

"As causas para o transtorno podem ser várias, sendo a ansiedade, a mais clássica e intensa de todas. O adoecido psiquicamente sofre com a ansiedade relacionada ao que ainda está por acontecer – futuro – e busca aliviar suas tensões retirando a pele da cutícula ou cutucando casquinhas de machucados, por exemplo", exemplifica.


Segundo a especialista, o estresse pode ser também, um dos principais gatilhos que desencadeiam o hábito em questão. Antes de buscar uma solução para seus medos, angústias e preocupações, o indivíduo busca na pele pontos para escoriar.


"Com isso, instaura-se a baixa autoestima que, acaba levando ao constrangimento e potencializando o sentimento de culpa e incapacidade de conseguir controlar o ímpeto de cutucar a pele. Um ato, muitas vezes, inconsciente e involuntário que, relacionado a questões emocionais", constata.

 

Andrea reitera que não seria um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou um Transtorno de Personalidade Antissocial, pois os sintomas são parecidos, porém a diferença entre eles é a evidência do sentimento de culpa que é muito mais potente no Transtorno de Escoriação, do que nos outros diagnósticos mencionados.

 

" O tratamento para o transtorno é, em primeiro lugar, reconhecer quais os gatilhos levam à pratica. Essa descoberta pode ser feita através da terapia que irá ajudar no autoconhecimento e na identificação e alteração dos padrões comportamentais", diz.


Andrea complementa que a causa raiz do problema, como a ansiedade e o estresse, podem ser tratados e controlados. Outra forma de solução para esse adoecimento mental é a introdução de alguns objetos terapêuticos que contribuem para diminuir os sintomas ansiosos e o desejo de manipulação da pele, como por exemplo, as bolas de alívio.


"Quando essas ferramentas psicoterápicas não surtem o efeito esperado, a ajuda medicamentosa, associada à terapia, é bem vinda para controlar a impulsividade e auxiliar no autocontrole e no gerenciamento emocional", diz.


A psicanalista conclui lembrando que hábitos persistentes que causam incômodos ou prejuízos, acionam um sinal de alerta para um maior cuidado com a saúde e o equilíbrio emocional.

 

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista



Nenhum comentário:

Postar um comentário