O
crescimento no número de crimes financeiros no Brasil tem acelerado a
busca por ferramentas de combate à lavagem de dinheiro. Bancos,
corretoras e correspondentes cambiais têm recorrido a instituições
especializadas em auditorias de prevenção a estes crimes. Até mesmo
instituições financeiras internacionais começam a fazer parte do mercado
de certificações no país.
Em
2021, de acordo com dados da Associação Brasileira de Câmbio (ABRACAM),
154 correspondentes cambiais recorreram a certificações. Até o começo
de novembro deste ano, já eram 222. Alta de 45%. O mercado de câmbio é
considerado pelo Banco Central um dos mais sensíveis no combate à
lavagem de dinheiro.
A
entidade representa 90,3% dos contratos do mercado primário de câmbio
no país. Para se ter ideia, em 2023, foram registrados 45 milhões de
contratos no setor, totalizando US$ 1,754 trilhão em transações.De
acordo com a ABRACAM, ao todo, desde 2021, a entidade já entregou 1.135
certificações destinadas a instituições que trabalham com câmbio.
E
a preocupação tem um motivo. Dados do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (COAF) mostram que entre 2014 e 2023, houve um
aumento de 420% no número de Relatórios de Inteligência Financeira
produzidos pelo órgão. Em 2014, foram 3.178 relatórios, enquanto no ano
passado o número alcançou 16.411. Os relatórios são o resultado de
análises das comunicações recebidas de entidades que têm a obrigação de
comunicar indícios de crimes financeiros
As
certificações da ABRACAM, feitas em parceria com a Ernst Young, avaliam
se as normas da circular 3978/2020 do Banco Central, que aumentou os
critérios de exigência de ações de prevenção à lavagem de dinheiro,
estão em funcionamento nas instituições financeiras auditadas.
Segundo
a ABRACAM, com o crescimento no número de crimes financeiros no país e o
aumento de exigências regulatórias do Banco Central, o mercado
financeiro tem se preocupado mais com a governança de dados. “ Em termos
operacionais, a auditoria dá mais tranquilidade à instituição
financeira de que está adotando as práticas mais modernas no combate a
crimes finaceiros”, afirma a presidente executiva da ABRACAM, Kelly
Massaro.
O
crescimento do setor atrai também a atenção de novas entidades de
certificação ao país. No mês passado, o The Wolfsberg Group, associação
dos 12 maiores bancos do mundo, anunciou uma parceria com a ABRACAM para
a introdução de novas normas de compliance nas certificações realizadas
pela entidade no país.
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