domingo, 27 de outubro de 2024

Redação do Enem: estudo inédito revela os principais erros cometidos pelos estudantes

 

Redação do Enem: estudo inédito revela os principais erros cometidos pelos estudantes  

Redação Nota 1000, plataforma de prática e redações, avaliou mais de 250 mil redações, mapeando as principais dificuldades dos estudantes na hora de pontuar na prova. Entre as três falhas mais recorrentes estão: o uso inadequado de pontuação, erros ortográficos e de regência verbal  

Com o Enem se aproximando nos dias 3 e 10 de novembro, muitos estudantes estão intensificando os estudos, especialmente para a redação, que tem um peso significativo na nota final. Para ajudar nessa preparação, a plataforma Redação Nota 1000 realizou um estudo inédito com 252 mil redações de candidatos ao Enem de todo o Brasil, destacando os principais erros cometidos, como uso inadequado de pontuação, erros ortográficos e de concordância.  

De acordo com o estudo, entre os erros mais comuns estão o uso inadequado de pontuação (75,33%), erros ortográficos (72,32%) e de regência (40,97%), além dos desvios de pontuação e vírgula, que ocorrem em 75,33% dos casos. Também são frequentes os erros de ortografia, incluindo acentuação, capitalização, segmentação de palavras, hifenização e grafia conforme o novo acordo ortográfico (72,32%).  

Os erros de regência nominal, verbal e de crase aparecem em 40,97% das redações, seguidos pelos de concordância nominal e verbal (33,99%), falhas sintáticas como truncamento, justaposição e paralelismo sintático (36,79%) e, por fim, problemas de vocabulário e registro formal da língua (17,26%).   

É possível evitar equívocos! Saiba como  

 

Fernanda Becker, assistente pedagógica da Redação Nota 1000, enfatiza a importância de uma estrutura clara no texto dissertativo-argumentativo. “O conteúdo deve ter introdução, argumentação e conclusão. A ausência de qualquer uma dessas partes pode resultar em penalizações significativas”, destaca.  

Historicamente, a prova tem como perfil abordar propostas ligadas a temáticas sociais. De acordo com o professor de redação do Colégio Fênix, Rodolpho Oliveira, os assuntos variam entre pautas mais abrangentes, como os temas de 2019 e 2020, os quais abordaram a democratização do cinema e a importância do registro civil, respectivamente, a grupos mais restritos, como os temas de 2022 e 2023, que trouxeram para discussão os povos tradicionais e as mulheres. 

“Assim, é necessário se manter constantemente atualizado meio de variadas fontes informativas sobre as principais dificuldades enfrentadas no Brasil. As questões identitárias devem ser acompanhadas de perto por quem pretende ter exemplos consistentes para fundamentar a redação”, explica o professor.  

Ortografia e Pontuação: dupla lidera erros 


Considerando que a redação do Enem exige a aplicação do Português padrão de norma culta, a ortografia é um dos pontos mais importante para se atentar na hora de elaborar o texto.  


De acordo com o professor de Língua Portuguesa e Redação da Escola Vereda, Eduardo Maciel, "a ortografia é necessária para que haja o entendimento e a interpretação da mensagem que está sendo transmitida em formato de texto. Além disso, ela também garante o cumprimento das normas gramaticais, que trazem coerência e coesão para escrita", afirma o professor. 


Identificada na maioria das redações analisadas, a pontuação inadequada também pode comprometer a compreensão do texto. Marcia Pelachin, professora e coordenadora de redação do Colégio Rio Branco, destaca que “a pontuação correta é essencial para a articulação das ideias e a fluidez da leitura”. 


Renata Silva, professora de Língua Portuguesa e consultora da Rede Pitágoras, comenta que, na dúvida sobre a grafia correta da palavra, o melhor para o estudante é substituir por outra que tenha certeza sobre como escrever corretamente. “Outra dica é usar o hífen em palavras compostas e colocá-lo sobre a linha na separação silábica (translineação), no final da margem esquerda da folha. Por fim, jamais escreva as palavras de maneira informal, com grafia típica da oralidade (em lugar de “pra” escreva “para”; em lugar “tá” escreva “está” e assim sucessivamente)”, complementa.  

  

Clareza é essencial 


Um erro comum que afeta a clareza do texto é a Regência Verbal. Thiago Braga, autor de língua portuguesa do Sistema de Ensino pH, enfatiza a importância de conhecer verbos que mudam de sentido conforme sua regência. “Por exemplo, ‘assistir’ pode significar presenciar ou cuidar, dependendo do contexto”, explica. Ele alerta que a falta de atenção à regência pode levar a erros gramaticais significativos. 

  

De acordo com o estudo da Redação Nota 1000, com 36,79% dos textos apresentam falhas de Sintaxe, portanto a estruturação das frases é essencial. Marcia destaca que “a organização sintática deve garantir que as ideias sejam expressas de forma clara e coerente”, evitando justaposições inadequadas. Além disso, erros de concordância foram identificados em 33,99% das redações. Thiago Braga, do pH, sugere que “a identificação correta do sujeito é crucial para evitar erros de concordância”, enfatizando que sujeitos compostos geralmente exigem verbos no plural. 

  

Na avaliação de Margarete Xavier, autora de língua portuguesa do Fibonacci Sistema de Ensino, é preciso ter atenção à correção gramatical aliada ao sentido de um vocábulo no contexto. Segundo ela, a regência verbal ocupa lugar de destaque. “É essencial o conhecimento de alguns verbos, especialmente alguns com alteração de sentido, quando precisamos ou não de preposição”, aponta.   

Uso formal da língua ainda gera dúvidas 

  

O estudo também mostrou que 17,26% dos alunos enfrentam dificuldades com o uso formal da língua. Daniela Toffoli, professora de redação do Curso Anglo, recomenda evitar clichês e explorar temas relevantes como inclusão social e desafios da educação básica. “Temas como o impacto das redes sociais na comunicação e a preservação do patrimônio cultural são fundamentais”. 


Para enriquecer o vocabulário, Francisco Moreira Júnior, da Plataforma Amplia, recomenda práticas como leitura assídua e consulta ao dicionário. “Substituir abreviações por palavras formais em comunicações cotidianas ajuda no aprimoramento da escrita”, sugere. 


Atenção ao tema e sua resolução  


Em relação à Competência II, que avalia a compreensão da proposta de redação, a ausência de repertório sociocultural legitimado, externo e pertinente é um dos principais pontos de atenção. Dados do estudo da Redação Nota 1000 mostram que 28,95% das redações não apresentam referências validadas por áreas do conhecimento.  

Além disso, na Competência III, que avalia a capacidade de organizar informações e argumentos em defesa de um ponto de vista, o principal problema é a falta de desenvolvimento das ideias, presente em 43,84% dos textos analisados. Para melhorar a pontuação, é crucial que os estudantes abordem temas factuais e atuais, como a crise climática. A Beacon School, escola localizada na zona Oeste de São Paulo, recomenda que os alunos explorem tópicos como inclusão social e acessibilidade dentro desse contexto. “Esses temas não apenas são atuais, mas também permitem uma argumentação rica e bem fundamentada”, recomenda Ana Carolina Poppe, líder de sustentabilidade na instituição de ensino. 


Victor Haony, assessor pedagógico da Mind Makers – solução da SOMOS Educação que desenvolve disciplinas inovadoras para estimular a criatividade dos estudantes – também destaca a importância do uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para auxiliar na redação do Enem. “Para muitos, a redação do Enem pode parecer um pesadelo por suas exigências técnicas. Por isso, o apoio de ferramentas de IA, como o ChatGPT, pode ser essencial para garantir um bom texto. Os vestibulandos podem pedir auxílio ao ChatGPT para criar repertório em redações e compreender melhor um conceito que eles não tenham compreendido”, recomenda. “É possível também recorrer à ferramenta para pedir auxílio na correção de uma redação”, acrescenta. 


Já o principal desvio cometido pelos estudantes na Competência V, que avalia a capacidade de elaborar uma proposta de intervenção para o problema abordado, é a ausência do elemento “meio/modo” — ou seja, como a ação deverá ser realizada — presente em apenas 20,83% dos textos amostrados. Adailton Gomes, diretor do  Anglo Alante São José dos Campos, recomenda o uso de experiências reais e simulados para desenvolver habilidades de resolução de problemas. “Utilizamos simulados da ONU para treinar nossos alunos na resolução de problemas complexos, o que os ajuda a desenvolver propostas de intervenção detalhadas e viáveis”, conta. 

 

Informações para Imprensa 

 

Mira Comunicação 

Daniela Ossowiec  

daniela.ossowiec@miracomunica.com.br

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