Olimpíadas e o mundo corporativo: lições de competitividade e de resiliência Shirley Fernandes* Clique aqui para visualizar a foto de Shirley
Fernandes, fundadora e sócia-diretora da N1 IT, empresa do Grupo
Stefanini especializada em consultoria de serviços na nuvem. Acompanhar
as Olimpíadas de Paris deste ano, mesmo que em fragmentos, já é
suficiente para nos permitir uma imersão de reflexões por meio das
emoções que os jogos nos trazem na perspectiva da competição, onde cada
país busca o destaque, a medalha de cada modalidade de esporte com os
atletas que estão ali representando o coração de cada um de nós.
Este
contexto olímpico nos revela pontos que convergem com a nossa realidade
dentro das empresas no que tange à competitividade, à inteligência
emocional mediante a pressão, à batalha pela “medalha” entre os melhores
do mercado, à busca em se diferenciar diante de pessoas tão bem
preparadas quanto nós, ao privilégio de liderar junto com a grande carga
de responsabilidade de representar um time, uma empresa ou até mesmo um
grupo empresarial, à necessidade de abrir mão do prazer para o dever, à
resiliência para seguir o nosso propósito, à equalização dos medos em
sermos julgados, criticados e até mesmo descartados diante de falhas e
imperícias que tivermos em nossa jornada olímpica no mundo do trabalho.
É sobre essa complexidade que abrange muitos componentes para chegar ao pódio que perfazem nossa jornada também nas empresas.
Nossos
resultados são frutos da qualidade de nosso pensamento. O que e como
pensamos determina nossos sentimentos, que por sua vez trazem a nossa
capacidade de elaborar o que sentimos para as melhores tomadas de
decisões, que, por fim, nos colocam em prontidão para resultados
positivos ou negativos.
Esse é o flow! E em uma competição,
passamos por esse fluxo em uma partida de um jogo, ou até mesmo em
milésimos de segundos, onde a perícia física, o conhecimento da técnica e
a inteligência emocional transitam de forma rápida, trazendo ou não o
resultado. Falando em Olimpíadas, a sonhada medalha.
Temos
sentimentos identificados com os atletas no nosso dia a dia e, muitas
vezes, perdemos porque desalinhamos os soft skills mesmo com o preparo
físico, ou vice-versa. E, muitas vezes, ganhamos e “gritamos” em
silêncio em nossas mesas de trabalho.
Parece paradoxal, mas não
é. Estamos no jogo, eles lá e cada um de nós por aqui, com seus grandes
desafios e medos, mas diante de um propósito maior.
Vivemos em
uma jornada olímpica diária, e cada empresa e cada um de nós, nas
devidas proporções, com o sentimento de indignação por algumas derrotas
mediante milésimos de segundos de diferença.
Cada trabalhador, em
sua modalidade de atuação, vive desafios que fogem das telas como uma
Olimpíada, mas que no seu cerne de sentimentos e desafios, é o mesmo.
A
mensagem de reforço relevante que fica para mim nas Olimpíadas é que os
desafios, por mais difíceis que sejam dentro do mundo corporativo,
jamais tirarão o pódio de quem se prepara e o busca.
E faço aqui uma provocação para você, leitor: qual a mensagem de reforço que fica para você?
Falo reforço, porque sabemos a lição, mas um reforço sempre nos torna mais hábeis.
Gabriel
Medina perdeu a oportunidade do ouro porque as ondas das praias de
Teahupoʻo (Polinésia Francesa) não ajudaram. Ver o australiano Jack
Robinson pegar um tubo raro no dia para vencer o duelo e avançar para a
final foi desolador. A vitória não estava no controle dele, precisava de
acontecer algo para que pudesse mostrar seu potencial. Toda sua
preparação dependia de o mar ter ondas. E as ondas não vieram. Mas a
maestria dele foi sensacional e conseguiu cumprir seu propósito.
Vivemos
como Gabriel Medina, em um mar no mundo corporativo muitas vezes
imprevisível, inconstante, ansioso mesmo com todo o preparo de anos. As
ondas às vezes não aparecem na nossa vez, e vem o concorrente e leva.
Mas também acontece o contrário; na nossa vez pegamos os melhores
“tubos” na vida e chegamos ao pódio. Esse é o jogo, sempre aprender e
nunca pensar em perder.
Há anos estou na liderança, lidando com
pessoas o tempo todo, e enxergo uma riqueza no aprendizado que me trazem
com a diversidade e as diferenças culturais. E essa convivência nos
amadurece e não nos deixa enganar pelo tamanho da primeira onda, como
dizem os atletas do surf, porque às vezes a onda vem imponente, mas você
não está no lugar certo, se precipita, não se organiza e perde.
E
como diz a Tatiane Weston-Webb, medalhista brasileira do surf: “Seja
persistente e busque estar sempre aprimorando seus conhecimentos e
práticas”.
Administrar expectativas, continuar no jogo, na
batalha, na preparação e na busca constante pelo pódio e, mesmo que ele
não chegue, entendamos que a beleza da vida é estar no jogo, vivendo,
aprendendo, crescendo e contribuindo.
Finalizo com uma frase de Nelson Mandela: “Eu nunca perco. Ou eu ganho, ou aprendo.” (*)
Shirley Fernandes é fundadora e sócia-diretora da N1 IT, empresa do
Grupo Stefanini especializada em consultoria de serviços na nuvem. |
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