domingo, 29 de setembro de 2024

Envelhecimento populacional: perda de visão é fator de risco para Doença de Alzheimer

 

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Envelhecimento populacional: perda de visão

é fator de risco para Doença de Alzheimer

A visão prejudicada, muitas vezes subestimada, pode indicar processos neurodegenerativos em curso, sinalizando o início de doenças como a DA


De acordo com informações divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última quinta-feira (22/08), brasileiros viverão mais em 2070, caso se concretize a projeção oficial do Instituto. De acordo com a entidade, a expectativa de vida do brasileiro daqui a 46 anos será de 83,9 anos. Em 2000, a expectativa era de 71,1 anos, enquanto em 2023 foi para 76,4.

 

Diante disso, o envelhecimento saudável passa a estar cada vez mais entre as prioridades dos brasileiros e uma das demências que mais acomete os idosos é a Doença de Alzheimer (DA), que tem se tornado um foco crescente de pesquisas.


Evidências científicas apontam que a perda de visão pode atuar como um sinal precoce da DA, podendo surgir até 12 anos antes dos primeiros sintomas cognitivos. Essa conexão desperta a atenção tanto de pesquisadores e profissionais da saúde quanto da sociedade, trazendo à tona a importância de monitorar a saúde ocular, principalmente em pessoas idosas.


Um relatório, publicado pela conceituada revista The Lancet neste ano de 2024, destacou dois novos fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de demências, além dos 12 já estabelecidos anteriormente, que se referem a: baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, tabagismo, obesidade, depressão, inatividade física, diabetes, consumo excessivo de álcool, lesão cerebral traumática, poluição do ar e isolamento social. O novo relatório acrescentou os fatores: perda de visão não tratada e níveis elevados de colesterol LDL. Isso significa que, ao minimizar esses fatores, consequentemente há redução da possibilidade de desenvolvimento de demências.


Segundo a Profa. Dra. Thais Bento Lima, docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer (SP) e parceira científica do Método SUPERA, pesquisas recentes reforçam que a saúde dos olhos não está isolada do bem-estar cognitivo.


“Uma revisão sistemática e meta-análise sobre a associação entre doenças oculares e demência mostrou que pessoas com condições como catarata e degeneração macular têm um risco aumentado de desenvolver demência. A visão prejudicada, muitas vezes subestimada, pode indicar processos neurodegenerativos em curso, sinalizando o início de doenças como a DA. Estudos clínicos revelam que alterações na retina e em outras estruturas oculares podem ser marcadores para a detecção precoce da doença. A retina, por exemplo, compartilha características com o cérebro, como a presença de células nervosas sensíveis à degeneração. Essa semelhança sugere que os sinais da Doença de Alzheimer podem ser identificados por meio de exames oculares, fornecendo uma oportunidade para intervenções precoces”, esclarece.


Ela conta ainda que há uma associação relevante entre a degeneração da retina e a atrofia do hipocampo, uma área cerebral afetada de maneira significativa em pessoas acometidas pela Doença de Alzheimer. “Pesquisas em indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve e Alzheimer em estágio inicial indicam que a perda de volume no hipocampo está correlacionada com anormalidades visuais, reforçando a necessidade de considerar a saúde ocular como parte das estratégias de triagem e prevenção. A saúde ocular deve ser vista como um componente essencial na manutenção da qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento e na fase da velhice. A prevenção e o tratamento de doenças oculares podem desempenhar um papel importante na redução do risco de demência”, explica.


Para ela, campanhas de conscientização e políticas públicas voltadas à saúde visual em pessoas idosas podem ajudar a detectar precocemente potenciais problemas cognitivos, proporcionando um cuidado integral que vai além das intervenções tradicionais para a Doença de Alzheimer.


“A perda de visão, portanto, não deve ser encarada apenas como um efeito natural do envelhecimento, mas também como um alerta para a possibilidade de declínio cognitivo. A integração de exames oculares regulares com avaliações cognitivas pode permitir um monitoramento mais preciso e ações preventivas eficazes. A conexão entre saúde ocular e a DA destaca a importância de um olhar holístico sobre o envelhecimento, onde aspectos biopsicossociais estão interligados, demandando uma atenção constante e multidisciplinar. Essa abordagem integrada é essencial para a detecção precoce e gestão de doenças neurodegenerativas, beneficiando tanto pessoas idosas quanto seus cuidadores, além da sociedade como um todo”, conclui a gerontóloga.


Setembro Lilás


Neste Setembro Lilás, mês de conscientização à Doença de Alzheimer, acontece o evento “Despertando a Sociedade para a Saúde do Cérebro”, que chega à sua 6a edição híbrida, 100% gratuita, no próximo dia 14 de setembro, das 8h30 às 12h, no Teatro Gazeta, em São Paulo, com a participação de renomados profissionais da área no Brasil, que vão debater temas importantes relacionados ao envelhecimento saudável.


Organizado pelo SUPERA – Ginástica para o Cérebro e a Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), o evento conta com o apoio da Prefeitura de São Paulo, Gaialzheimer, Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), Associação dos Bolsistas Jica (ABJICA), Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) e Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), com patrocínio de Biolab, Tena, Knight, O Boticário, Senior Concierge e Duarte Cuidadores.


Inscreva – se no Despertando a Sociedade para a Saúde do Cérebro – 6ª edição

 

Assessoria de Imprensa SUPERA

(12) 98890-9251

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