Duo que encabeça a banda Barù, os cantores João Acácia e Mayra Couto lançaram oficialmente o single e clipe 'Orixá é ouro', canção que homenageia os orixás e a herança afro-indígena brasileira. Gravado na Ilha de Itaparica, na Bahia, o clipe foi vencedor de dois editais de incentivo à cultura e o trabalho já está disponível no Youtube e em plataformas de streaming de música.
No trabalho, Exú, Yemanjá e a Cabocla
surgem como protagonistas, retratando as culturas afro-indígenas a
partir da interação com a natureza e também a rica memória ancestral da
ilha. Com direção criativa do próprio duo, a produção audiovisual
apresenta Exú indo ao encontro da Cabocla na floresta, numa dança onde
as forças do orixá e da entidade indígena interagem, e a energia de uma
alimenta a outra.
Na
história do clipe, tudo começa com Ila, uma candomblecista que vai
entregar uma oferenda para Yemanjá na praia, mas entra em transe e
“sonha” com diversos orixás e a Cabocla. A beleza destes encontros com o
sagrado fica ainda mais vívida nas danças de Ila e Elivan, responsáveis
pela coreografia e representação dos personagens.
"A
música é uma grande homenagem a todos os orixás e a conexão que podemos
ter com os mesmos a partir de elementos naturais que estão ao nosso
redor", explica João Acácia. A canção nasce justamente a partir da
experiência de estar em contato com a terra, o fogo, o ar e a água.
"Dando a estes elementos os sentidos mais amplos a partir da cosmovisão
dos povos originários", detalha Mayra Couto.
Orixá
da comunicação e do movimento, Exú é retratado como "O grande
mensageiro, a boca que tudo come", figura vital para a existência de
tudo no mundo. Mãe de Exú e de todos os orixás, Yemanjá representa a
fartura e a energia das águas. Já a Cabocla é o símbolo da força da
natureza, a verdadeira dona da terra, feminina em essência, e dos povos
originários, resistindo, em sua maioria, em processo de retomada.
O
videoclipe é finalizado com um manifesto sobre como a natureza e sua
preservação são eixos de interação entre estas culturas, evidenciando a
cosmovisão dos povos originários como forma de resistência. Os ritmos
escolhidos para compor a base da canção passam por influências de
instrumentos e toques tradicionais da cultura afro-brasileira, com beats
de hip hop.
A ilha
Itaparica
foi escolhida como cenário do clipe por ter sido palco de grandes
acontecimentos relevantes para o país, como as batalhas pela
Independência do Brasil na Bahia, e por ser residência de uma imensa
quantidade de terreiros de candomblé. As cenas foram gravadas em locais
que buscam conversar com a letra da canção, como a Praia do Brasileiro,
Centro Histórico, Alto do Bela Vista, florestas e manguezais, lugares
conhecidos pela existência de cultos e manifestações de origem afro e
indígena.
O
projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio
financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de
Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura,
Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação
das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a
Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.
A
direção de fotografia é assinada por Glauco Neves e João Acácia,
produção executiva de Nina Novaes, direção de arte de Mayra Couto,
maquiagem de Jober Moura, com produção de set de Milena Cerqueira,
produção local de Felipe Brito, acessibilidade pela Gama.TV e assessoria
da Berradêro Comunicação. O trabalho conta com ações de acessibilidade,
como legendagem e interpretação de libras.
Mais sobre a BARÙ (@somos.baru)
Barù
é um projeto artístico criado em 2020 por João Acácia e Mayra Couto. No
ano seguinte ao seu lançamento, a banda já celebrava duas conquistas: o
prêmio de Melhor Direção de Arte com o clipe 'Visual Mergulho', no
Festival Nacional CawCine, especializado em produções com temática
ambiental; e o de canção finalista no Festival de Música Rádio MEC, com
'Colo do Mundo'. Em 2022, o projeto cultural foi selecionado pelo
'Acelera Iaô', da Fábrica Cultural, então dirigida por Margareth
Menezes, atual ministra da Cultura.
Mayra
Couto iniciou os estudos em canto e teoria musical aos oito anos, no
Coral das Meninas Cantoras de Petrópolis (RJ), onde teve a oportunidade
de participar de várias edições do Projeto Aquarius, um dos maiores
eventos de música clássica do país, e de cantar com grandes nomes da MPB
como Gilberto Gil, Milton Nascimento e Simone. Mayra é graduada em
Musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música e há mais de uma
década atua com crianças com espectro autista e pessoas em situação de
vulnerabilidade
João
Acácia é músico, produtor musical e cinegrafista atuante no mercado
audiovisual baiano. Designer formado pela PUC Rio e mestre em Geografia e
Sustentabilidade pela mesma instituição, ele tem experiência de mais de
uma década no mercado criativo. A partir das suas pesquisas sobre
ecologia, decolonialidade e povos originários, cria narrativas
socioculturais afro-brasileiras e latinas, usando música e audiovisual
como ferramentas de transformação da sociedade.
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FOTOS: Maria Mango/Divulgação
STILLS: João Acácia e Glauco Neves
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