A
decisão foi anunciada após notas técnicas apontarem a escassez hídrica e
os impactos do fenômeno La Niña em 2024, que têm exacerbado a
vulnerabilidade da região a desastres ambientais, incluindo incêndios
florestais
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O
governador do Pará, Helder Barbalho, decretou, nesta terça-feira, 27,
situação de emergência em todo o Estado, proibindo a utilização de fogo,
inclusive para limpeza e manejo de áreas. Conforme o chefe o Executivo
estadual, a medida foi adotada em resposta à escalada de focos de
queimadas no território paraense, agravada pela emissão de fumaça, baixo
índice de chuvas e deterioração da qualidade do ar, especialmente em
municípios sob forte pressão ambiental.
A
decisão do governador foi fundamentada após emissão de notas técnicas
por parte dos órgãos de monitoramento, como o Centro Nacional de
Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) e pela Secretaria
de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas). Conforme
os órgãos, foram destacados a escassez hídrica e os impactos do
fenômeno La Niña em 2024, que têm exacerbado a vulnerabilidade da região
a desastres ambientais, incluindo incêndios florestais.
O
decreto é parte de um esforço coordenado entre o Governo Federal e os
estados da Amazônia Legal para mitigar os efeitos adversos de focos de
queimadas na região, objetivando a preservação ambiental e proteção das
populações locais.
A
proibição não se aplica a práticas específicas, como o combate a
queimadas realizado por instituições públicas, agricultura de
subsistência de populações tradicionais e indígenas, controle
fitossanitário autorizado e pesquisas científicas com aval dos órgãos
ambientais competentes.
"Gostaria
de informar a todos que acabo de assinar decreto que declara emergência
ambiental no território paraense, proibindo a utilização de fogo para
manejo de pastagem, para limpeza de áreas rurais, e isto se deve à
urgência ambiental que nós estamos vivendo. Os dados do mês de julho
apontam para 3.300 focos de queimadas, o que significa um aumento de 50%
comparado com o mesmo período de 2023. Esta é uma marca histórica, o
que exige que tenhamos essa medida dura, porém necessária para evitar os
impactos ambientais nas áreas de queimadas e a repercussão nos nossos
rios, que podem vir a sofrer com secas severas, atingindo as comunidades
ribeirinhas e a população do estado do Pará", declarou o governador
Helder Barbalho.
Ainda
conforme o governador, "além dos dados de julho, em agosto, também
continuam aumentando os focos de queimada. Chegamos a 6.600 pontos
identificados, um aumento de 40% comparado com o mês de agosto de 2023,
portanto temos uma amostra de que este crescimento continuado aponta uma
situação de urgência que precisa ser contida para preservar a vida e
preservar a natureza. Além, é claro, também, da responsabilidade de
cuidar do bioma amazônico, com repercussão em outros biomas de todo o
Brasil".
Helder
Barbalho destacou também que a medida faz parte de um esforço que
acompanha ações do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, mobilizados
para combater os focos de queimadas, além de um plano estratégico para o
melhoramento no manejo do uso do solo estimulando novas práticas que
evitem que o uso do fogo.
"Desta
feita, vamos todos estar juntos, unidos, para proteger a floresta,
construir práticas sustentáveis e, acima de tudo, para que possamos
evitar que o fogo agrida a natureza e, mais do que isso, possa
prejudicar a saúde e a vida da nossa população", concluiu o governador.
Conforme
o governo estadual, a Semas será responsável por emitir alertas
meteorológicos, lavrar procedimentos administrativos e promover
articulação interinstitucional para a execução das estratégias de
combate às queimadas e para a execução de atividades operacionais de
proteção ambiental, firmando convênios com órgãos e entidades públicas
componentes do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Sisema), de acordo com suas competências.
Além
disso, a Semas, junto com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social do Pará (Segup), poderão atuar de forma coordenada para a ações
de combate às queimadas e demais crimes relacionados, cabendo à Segup a
mobilização de logística, equipamentos e uso de aeronaves, quando
necessário.
O
combate direto aos focos de queimadas no Pará está a cargo do Corpo de
Bombeiros Militar do Pará (CBM), enquanto a Defesa Civil e a Secretaria
de Saúde do Estado do Pará (Sespa) atuarão na prevenção de danos à saúde
da população.
Ainda
conforme o decreto, estão previstas sanções penais, civis e
administrativas para quem descumprir as determinações, com vigência
inicial de 180 dias, podendo haver prorrogação, conforme necessidade.
Nota técnica -
Uma nota técnica emitida pela Semas, que deu base para o decreto
sancionado hoje, alertou para a atual situação de emergência ambiental e
propôs instrumento jurídico para a execução de ações ostensivas e
intensivas de controle e combate às queimadas.
A
avaliação apontou que, conforme os dados divulgados pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará registrou 14.794 focos de
queimadas, entre 1º de janeiro e 26 de agosto de 2024, ficando atrás do
Mato Grosso que registrou 21.694 focos no mesmo período. O decreto visa
frear o aumento do número de queimadas considerando a junção das
condições climáticas e atividades ilegais que envolvem o uso do fogo.
Conforme
a Semas, a intensificação das queimadas no estado exige ações imediatas
e eficazes de fiscalização e controle. Por meio de uma estratégia
baseada em dados científicos e geotecnologias, o Governo do Estado busca
identificar os focos de queimadas, otimizando a alocação de recursos e
fortalecendo a atuação das equipes de combate.
Ainda
conforme a nota da Secretaria de Meio Ambiente do estado, o avanço das
queimadas no Pará está ligado às condições climáticas adversas deste
ano. Conforme o European Union Copernicus Climate Change Service, 2024
tem sido o ano mais quente da história, com a temperatura global
atingindo um recorde de 17,09 graus Celsius em 21 de julho. Este cenário
climático extremo exacerba a propagação das queimadas, tornando ainda
mais desafiador o combate no estado.
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