sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Bares e restaurantes do Rio Grande do Sul ainda sentem os efeitos das enchentes

 


Em dois meses, setor perdeu 3.800 empregos formais no estado, enquanto empresários lutam contra dívidas e falta de medidas efetivas para recuperação

Setor de alimentação fora do lar ainda sente os impactos das chuvas de maio (Foto: Reprodução/ Agência Brasil)

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul ainda causam reflexos negativos na economia local. Segundo dados do Caged, divulgados na última segunda-feira (29), mais de 3.800 funcionários formais de bares e restaurantes gaúchos foram desligados nos últimos dois meses. Em um setor onde há o predomínio de trabalhadores informais, a projeção é de que o número seja ainda maior, fator que evidencia a dificuldade das empresas em manter seus colaboradores. 


Em maio, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) chamou a atenção para que fosse reeditado o BEm, programa emergencial para manutenção de empregos e rendas, concedido pelo Governo Federal durante a pandemia. Esse programa foi crucial para preservar empresas que precisaram fechar temporariamente, garantindo um piso salarial proporcional aos empregados sem a necessidade de que os empresários complementassem o valor. 


No entanto, diante da crise causada pelas enchentes, o Ministério do Trabalho optou pela publicação da Portaria nº 991, que prevê o pagamento de duas parcelas do salário-mínimo aos funcionários dos negócios afetados. Esse valor é inferior ao piso salarial do setor no estado e vem com a condição de que a empresa mantenha os funcionários empregados por, no mínimo, quatro meses. Para os empresários, a medida mostrou-se insuficiente ao manter os custos elevados, vistos que ainda há diversas outras despesas para a reestruturação dos negócios. 


"Durante as enchentes de maio, a Abrasel prontamente tomou medidas para auxiliar os empresários do setor e enfatizou a necessidade de iniciativas como a reedição do BEm. Apesar disso, para que o setor de bares e restaurantes possa realmente se recuperar, ainda é necessário um suporte federal mais consistente e direcionado. Esse apoio, somado a outras medidas, será importante para conseguirmos superar os desafios e assegurar a viabilidade dos negócios", comenta o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci. 


Uma pesquisa feita pela Abrasel no estado gaúcho mostrou que, em maio, 39% dos estabelecimentos diziam que seria necessário fazer desligamentos de funcionários, sendo que para 46% seria preciso fazer entre três e cinco demissões. Essa pesquisa indicou, também, que quase metade dos estabelecimentos (49%) tinham dívidas em atraso. 


Movimento Retomada Gaúcha 


No contexto dessas dificuldades, a Abrasel desenvolveu o movimento Retomada Gaúcha, uma iniciativa que busca promover a recuperação do setor de bares e restaurantes no RS. O movimento conta com um plano de ação a longo prazo, que envolve a montagem de times de apoio, cuidados com a saúde mental e física, iniciativas junto ao poder público, materiais de apoio e a solução UP - Análise de Necessidades e Plano de Melhoria para os Negócios. 


"Nosso objetivo é proporcionar um suporte contínuo e eficiente para que os empreendedores possam superar esse momento desafiador. O trabalho deve ser constante por pelo menos dois anos. E não iremos restringir aos bares e restaurantes", afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel. Todas as iniciativas podem ser acessadas no site do Movimento Retomada Gaúcha: www.retomadagaucha.com.br.

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