sábado, 31 de agosto de 2024

Aposentado é na política

 

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Publicado: 30 Abril 2016  -  Alderico Sena

O envelhecimento populacional é uma realidade. Alguns países já vêm enfrentando essa questão há muito tempo. Outros, como o Brasil só agora começa a sentir este fenômeno. Apesar de ações isoladas e mesmo tímidas tentativas de estabelecer políticas de apoio aos idosos, tal questão não tem compartilhado suficientemente as preocupações de nossos governantes e da Imprensa.

Em 1996, foi realizado um Seminário Internacional “Envelhecimento populacional- Uma Agenda Para o Final do Século” promovido pelo MPAS – Ministério da Previdência Social, ficou demonstrado neste Seminário que demograficamente nos próximos 30 anos, de forma geral, nos manteremos numa posição favorável, uma vez que o crescimento da dependência dos idosos estará mais do que contrabalançada pelo declínio da dependência dos jovens e pelo aumento da população potencialmente ativa. Não obstante, ficou claro o acelerado crescimento da população idosa.

No ano de 2020, o Brasil será o quinto país em população de idosos com uma previsão de 33 milhões de pessoas e quais foram às políticas públicas incrementadas pelo governo, prevendo esta realidade. O problema maior que se coloca é a velocidade com que este envelhecimento ocorre e suas conseqüências.

O Brasil conta ainda com problemas gravíssimos. Apenas como exemplo, podemos citar a Previdência Social, onde além de termos que projetar o futuro, em função do rápido envelhecimento da população, temos também que corrigir distorções do passado decorrentes de um sistema previdenciário com péssimos gestores políticos e não aposentados e trabalhadores a frente da pasta.

“A Previdência Social não é de um Partido, não é de um governo, é da sociedade, é patrimônio do povo brasileiro”. Essas foram às palavras do Autor do Projeto de criação da Primeira Lei de Caixas de Aposentadoria e Pensões do Brasil, Deputado Federal Eloy Chaves em 1923, hoje, Ministério da Previdência e Assistência Social.

Professor Kalache escreveu: “envelhecer é um triunfo, mas para gozar da velhice é preciso dispor de políticas publicas adequada que possam garantir um mínimo de condições de qualidade de vida para os que chegam lá” Essa lembrança é valida para os jovens e adultos de hoje. Inspirado num trecho do livro “A Velhice” escrito há 70 anos por Simone de Beauvoir, onde ela dizia que “Os jovens todos, tem dentro de si o velho de amanhã”. Disse também Dr. Kalache: “nós fazemos o possível para esconder este velho de nós mesmos”.

A sociedade precisa entender que tudo que usufruímos do crescimento conquistado nesses 2016 anos pelo Brasil de hoje, foram construídos pelos nossos antepassados e os idosos, por isso que na gíria, diz que cabelos brancos, é a voz da experiência, esta voz é que pede respeito dos seus direitos, considerando que os deveres foram cumpridos e muito bem.

O Brasil é um país em crise moral e política. É uma crise que afeta o velho e todas as outras idades. Se as perspectivas dos velhos são poucas, o mesmo acontece com os jovens, para os quais o caminho há de ser bem mais longo e as possibilidades para o futuro bem menor.

A luta também é uma responsabilidade dos velhos. Para muitos, o tempo da aposentadoria não será um tempo de descanso, para colher da sociedade o merecido crédito pela vida de trabalho anteriormente exercida. Ao contrário será um tempo de pobreza material e vazio social. Material, porque a questão da previdência pública está cada vez mais difícil, devido à má gestão da pasta e na medida em que os velhos estão vivendo mais e recebendo um maior número de tempo de benefício. Vazio social, pois são poucos os espaços nas comunidades que oportunizam uma existência socialmente produtiva para os idosos.

Portanto, os idosos também terão que se organizar politicamente e participar das entidades de representação para a melhoria de suas condições de vida, considerando que toda e qualquer decisão é política. Precisamos lançar candidatos próprios a cargos eletivos já nesta eleição 02 de Outubro para a categoria ter voz, voto e representação política nas Casas Legislativas nos 5.570 municípios brasileiros. Basta o aposentado votar no aposentado. Dinheiro não é preciso, “Um por todos por um” sim, o voto e consciência política de cada aposentado.

A questão social dos idosos não pode continuar sendo secundarizada, nem sendo objeto de políticas tímidas e soluções menores. Por esta razão é que defendo APOSENTADO É NA POLÍTICA, tendo em vista que perdemos direitos por falta de representação política nas Casas Legislativas. O velho não pode ser condenado a “velhar”. Os velhos têm algumas décadas a mais de cidadania do que os jovens. Se isso não lhes confere a precedência, lhes dá pelo menos o direito de lutar por uma melhor qualidade de vida. A questão da velhice não é uma questão dos velhos. É de todos brasileiros, pois todos serão velhos amanhã.

Assim, a política para a velhice deve integrar um quadro mais amplo de políticas sociais, que primeiramente proteja a infância, os salários dos trabalhadores, diminua as desigualdades e assim por diante. Os velhos são apenas um segmento de uma política global de melhoria de qualidade de vida, dignidade e respeito aos seus direitos.

ALDERICO SENA – Ex DIRETOR REGIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (INAMPS) BAHIA, PRESIDENTE REGIONAL DA BAHIA E VICE NACIONAL DO MAPI – MOVIMENTO DOS APOSENTADOS PENSIONISTAS E IDOSOS DO PDT – PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA

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