Como a jornada responsável na nova Economia da IA está moldando o futuro de alguns setores e o papel de grandes players de mercado nesse processo
Por Shirley Fernandes (*)
Quando
pensamos em inteligência artificial (IA), automaticamente nossos
sentidos e percepções estão trabalhadas e imaginar tecnologias
futuristas e de difícil acesso. Todavia, a realidade se transpõe de
forma totalmente oposta, uma vez que a IA, como conhecemos está
redefinindo a maneira como vivemos hoje, no presente e nos mais diversos
setores, incluindo o setor financeiro. Não é sobre robôs, hologramas ou
quaisquer outros periféricos que rondam a noção de ficção científica. É
sobre linguagens de programações em grande escala que são capazes de
processar altos volumes de dados, codificar linguagem humana e fazer
predições baseadas em dados. É uma realidade que tem atravessado pessoas
físicas e jurídicas que, mais uma vez, podem ser de quaisquer setores e
áreas de atuação.
O que esperamos e aguardamos é que isso seja
feita de forma segura e em que formato. Podemos dizer que o universo dos
negócios tem se expandido e se transformado em todo o mundo, e o setor
financeiro não é exceção. À medida que a tecnologia evolui, surge a
necessidade de uma abordagem responsável e sustentável para a aplicação
da IA. Neste artigo, exploraremos como justamente essa jornada
responsável na nova Economia da IA está moldando o futuro do setor
financeiro e o papel de grandes players de mercado nesse processo.
Como
podemos imaginar a essa altura, a IA desempenha um papel crucial no
setor financeiro, oferecendo benefícios significativos e impulsionando a
inovação em setores como análise de dados, predição de mercado,
negociação, fraudes e anomalias, responsabilidade, ética e
sustentabilidade e são esses temas que atravessaremos por aqui.
Análise de Dados e Predição de Mercado:
A
IA permite a análise de grandes volumes de dados históricos e em tempo
real, identificando padrões e tendências que auxiliam os investidores na
tomada de decisões informadas. Algoritmos de machine learning processam
informações de notícias, relatórios financeiros e redes sociais para
prever como os investidores reagirão a eventos específicos e como isso
afetará os preços dos ativos.
Dessa forma, como podemos garantir a
visão futura dos bancos na garantia da cibersegurança? A resposta pode
não ser tão simples. Por isso, vamos nos ater ao essencial da discussão
que é a relação entre pessoas e dados.
Modelos preditivos, por
exemplo, estimam os possíveis cenários futuros dos dados. Eles fazem
previsões, mas não sugerem ações ou decisões estratégicas – reservando
essa função ao capacity humano. Dessa forma, a habilidade de análise e
curadoria é de suma importância para garantir a consistência das
informações geradas. Pessoas capacitadas geram confiança e segurança na
tomada de decisão, seja um C-level ou um analista.
Com isso,
garantimos uma primeira camada de segurança que é a checagem e o
cumprimento de protocolos rigorosos de verificação e autenticação. Tanto
da coleta de dados como parâmetros de utilização desses sistemas
inteligentes de predição.
É necessário também a implementação de
soluções de segurança avançadas, como firewalls, sistemas de detecção de
intrusão (IDS) e sistemas de resposta a incidentes (SOC), para que se
possa identificar e neutralizar ameaças cibernéticas em tempo real e
assim chegarmos à etapa da negociação.
Negociação Automatizada:
Como
um benefício ao setor financeiro, algoritmos programados para executar
ordens de compra e venda de ativos financeiros em milissegundos são
utilizados e vale ressaltar o poder da IA como copiloto de trabalho no
processo de negociação, afinal, a decisão final é tomada por um ser
humano especialista com base no que é gerado.
Neste cenário,
podemos tomar como exemplo uma solução em nuvem baseada em inteligência
artificial que possua a diretriz de gerar propostas automáticas com base
em banco de dados histórico da empresa e do cliente, bem como produtos e
serviços oferecidos. A partir de uma solicitação de serviço feita
através de uma série de perguntas e respostas, o profissional gera
automaticamente uma proposta com base no ticket formado, bem como
histórico de consumo. Claramente, é um trabalho que devolve horas
produtivas ao colaborador que poderá voltar seu tempo a analisar de
forma meticulosa o negócio e trabalhar propostas de forma mais
assertivas e personalizadas. Ou seja, tomar mais decisões estratégicas.
Detecção de Fraudes e Anomalias:
Esse
é um ganho enorme ao adotar a IA inclusive no processo de
cibersegurança que levantamos anteriormente. Aqui a IA identifica
atividades fraudulentas ao analisar grandes volumes de dados de
transações bancárias. Modelos de machine learning aprendem com padrões
suspeitos e alertam sobre transações anômalas. A colaboração com
empresas de segurança especializadas e a participação em fóruns de
discussão sobre cibersegurança no setor financeiro permitem o
compartilhamento de conhecimentos e melhores práticas.
Mas
afinal, o que grandes players de mercado podem fazer para garantir o
desenvolvimento sustentável do mercado financeiro mesmo em uma época de
transformação digital?
Uma das principais estratégias é a
incorporação de critérios ESG nos investimentos. É fundamental canalizar
fundos para empresas e projetos que atendam a esses critérios,
promovendo investimentos responsáveis. Além disso, a transparência e a
divulgação detalhada sobre o desempenho ESG das operações são essenciais
para construir confiança e responsabilidade.
Grandes empresas
precisam pensar e implementar programas de educação financeira que
incluam noções de sustentabilidade e a capacitação interna dos
funcionários sobre tecnologias de automação, inteligência artificial,
produtividade e segurança.
Hoje, a Microsoft, por exemplo,
precisa utilizar sua influência de mercado e práticas que unam proteção e
inovação juntos. Dessa forma, podemos proteger a privacidade dos dados
dos clientes e usá-los de maneira ética, já que isso é uma
responsabilidade que não pode ser negligenciada. Implementar algoritmos
de IA que sejam transparentes e não discriminatórios também é crucial
para ganhar a confiança do público.
Na América Latina, há
empresas com vasta experiência em IA que vem desenvolvendo tecnologias
inteligentes para o setor financeiro e trazendo o futuro para ainda mais
perto ao tornar realidade essas práticas baseadas em inteligência
artificial e automações de processos imbuídos em políticas transparentes
de segurança e confiança. Diversos são os cases em instituições que vão
de pequeno a médio porte.
Ao adotar essas práticas, esses
grandes players do mercado que desenvolvem soluções voltadas para o
impulsionamento do mercado financeiro não só garantem o desenvolvimento
sustentável, mas também fortalecem sua reputação e criam valor a longo
prazo para todas as partes interessadas.
Na era da transformação
digital, a sustentabilidade do mercado financeiro não é apenas uma
opção, mas uma necessidade imperativa para o sucesso contínuo.
(*) Shirley Fernandes é fundadora e sócia-diretora da N1 IT, empresa do Grupo Stefanini especializada em consultoria de serviços na nuvem.
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