Para neuropsicólogo Aslan Alves, idade não é fator limitante para o exercício das atividades, mas cuidados devem ser tomados
Nesta terça-feira (2), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, na Bahia, não temer ataques de adversários questionando sua capacidade, em razão da idade. Lula tem 78 anos e em 2026, terá 80 anos, quando possivelmente tentará a reeleição. O assunto começa a reverberar no Brasil, após o tema ficar em alta na eleição dos Estados Unidos.
O
primeiro debate envolvendo os candidatos a presidente dos Estados
Unidos, realizado no fim de junho, mostrou os dois postulantes ao cargo
trocando ofensas mais uma vez em relação à idade do oponente e uma
possível consequência relacionada à perda de memória. Com uma diferença
de idade de três anos, Joe Biden, 81, e Donald Trump, 78, são os
protagonistas mais velhos da história de uma eleição presidencial
norte-americana.
A
troca de acusações não é novidade entre os dois e se arrasta desde as
eleições de 2020, quando Trump questionava a capacidade de Biden, por
causa da idade. “Não existe fator limitador em relação à memória para o
exercício de qualquer atividade por causa da idade. Mas alguns cuidados
são necessários para que um indivíduo mantenha sua capacidade plena em
todas as fases de sua vida. Isso inclui acompanhamento médico regular,
hábitos saudáveis, exercícios físicos, entre outros”, afirma o
neuropsicólogo, Aslan Alves.
A perda de memória pode ser classificada em diferentes níveis de gravidade, que vão desde lapsos normais podendo chegar a quadros mais graves de demência. Os lapsos normais de memória são pequenos esquecimentos que ocorrem ocasionalmente e são comuns em todas as idades, como esquecer onde colocou as chaves, por exemplo.
Já
os déficits de memória leves são os esquecimentos mais frequentes, mas
que não interferem significativamente nas atividades diárias. Podem ser
um sinal de comprometimento cognitivo leve, uma condição em que a pessoa
tem problemas de memória mais sérios do que o normal para sua idade,
mas não graves o suficiente para interferir nas atividades diárias
O
pior cenário é o de demência, um conjunto de sintomas que inclui perda
severa de memória e outras habilidades cognitivas, suficientemente
graves para interferir na vida diária. A doença de Alzheimer é a forma
mais comum e conhecida de demência.
“Esse tipo de acusação não deve ser feito de maneira leviana. Lapsos de memória são comuns e não são um problema. Obviamente que no caso das eleições norte-americanas, os candidatos têm acesso aos melhores médicos do mundo, que atestam a plena capacidade física e mental para o exercício do cargo. Qualquer coisa fora desse cenário, é mera especulação”, explica Alves.
Donald Trump há alguns anos levanta questionamentos sobre a capacidade de Joe Biden, baseado em vídeos de compromissos públicos onde o atual presidente dos EUA aparenta ter alguma dificuldade. Por sua vez, Joe Biden, apesar de ser mais comedido, também chegou a fazer as mesmas insinuações sobre o adversário. Recentemente, o biógrafo Ramin Setoodeh disse que após entrevistar Donald Trump por seis vezes identificou que o ex-presidente apresentou lapsos de memória e declínio cognitivo, que não deveriam ser ignorados pelos eleitores norte-americanos.
*Sobre Aslan Alves - CPR 05/54575:
Psicólogo
com pós-graduação em Neuropsicologia, especialista no atendimento de
crianças com Transtorno do Espectro Autista e Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH). Com mais de cinco anos de experiência,
atualmente dedica-se ao atendimento com abordagem da TCC (Terapia
Cognitiva Comportamental) e à realização de avaliações neuropsicológicas
detalhadas para crianças e adultos, com desenvolvimento de protocolos
personalizados para avaliação psicológica e neuropsicológica. Atuou como
coordenador do setor de Neuropsicologia em clínica de saúde mental e
trabalhou na linha de frente contra a COVID-19, oferecendo suporte vital
aos setores clínicos, CTI e emergência durante a crise sanitária.
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