sábado, 30 de março de 2024

Calção do exílio

 

BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

Com o bafo quente da polícia na nuca, realmente não tinha mais clima para Bolsonaba no Brasil e, assim, ele só viu uma saída: o autoexílio voluntário. Agamenon Mendes Pedreira para a revista Crusoé:


O Brasil é um país muito perigoso. Isso aqui é cheio de ladrões, bandidos, assassinos de aluguel, corruptos, milicianos, batedores de carteira, delinquentes, infratores, facínoras, pistoleiros, malfeitores, assaltantes, marginais, traficantes, larápios, políticos e outras profissões que pertencem ao universo criminal. Foi por isso que o ex-presidente e futuro presidiário Jair Bolsonazi, apavorado, procurou asilo na Embaixada da Hungria, país governado por seu “parça” Viktor Orbán, com quem tem grande afinidade.

Desiludido por ter perdido a eleição e não ter conseguido dar um golpe, Bozonaro não aguentava mais a perseguição implacável do Supremo e nem as investigações da polícia. O pobre coitado, quer dizer, o rico coitado não podia nem mais sair pra pescar e molestar baleias que logo vinha algum agente da lei para encher seu saco. Com o bafo quente da polícia na nuca, realmente não tinha mais clima para Bolsonaba no Brasil e, assim, ele só viu uma saída: o autoexílio voluntário. Pegou umas bermudas, um par de chinelas, umas camisetas furadas e três pacotes de fraldas descartáveis e se mandou para a embaixada hungariana.

No começo, ficou em dúvida porque são muitas as ditaduras no mundo. Cuba, Venezuela, Nicarágua e Coreia do Norte não iam dar, porque são países comunistas de esquerda. O jeito era buscar refúgio numa ditadura de direita, onde os direitos humanos como a tortura são respeitados e a “saidinha” dos presídios não existe, só a “entradinha”, que é pra sempre. A princípio Bolsonovsky pensou em se exilar na Rússia, onde Vladimir Putin vai ficar no poder até morrer e mais um pouco, pois, mesmo depois de bater as botas, o autocrata russomano pretende continuar mandando, como uma múmia de Lênin movida pela inteligência artificial.

Sempre corajoso, o indomável Bolsoasno ficou receoso de ir pra Rússia porque podia ser convocado para lutar na guerra da Ucrânia e, sabem como é, no Exército Brasileiro não se estuda estratégia de combate, só pintura em árvores, táticas de futebol e golpes de Estado. Bolsonazi também pensou em se mandar para Dubai. onde pretendia abrir uma joalheria, mas, para viver num país muçulmano, o Capitão teria que se converter ao Islã e esse negócio de rezar com a bunda pra cima para o misógino Bolsonaro “é coisa de boiola”. Por isso mesmo, o Bolsa achou melhor se mandar para a Hungria e.para não sentir saudades do Brasil, o ex-presidente levou junto um carregamento de leite condensado para consumir em Budapeste.

O despertador tocou seis horas da manhã mas a PF não apareceu na embaixada hungariana porque estava ocupada prendendo quem matou Marielle Franco, depois de seis anos de investigações rigorosas que não deram em nada — isso porque o delegado encarregado das investigações levava uma grana preta para fingir de cego e amigo da família da vitima.

O ministro da Justiça Ricardo Levandowhisky imediatamente interrompeu sua excursão no sertão atrás dos fugitivos de Mossoró. O ministro fez questão de incriminar pessoalmente o sicário Ronnie Lessa e os mandantes do crime, os Irmãos Brazão, que pertencem ao submundo da política carioca em parceria com os Irmão Metralha.

Tem gente que reclama da criminalização da política, mas ninguém fala da politização do crime. Nos últimos tempos, políticos das mais diferentes facções e milícias têm invadido o mundo criminal para desespero dos verdadeiros bandidos, que não admitem conviver com essa gentalha sem escrúpulos. Afinal, os criminosos-raiz têm um código de ética e um nome a zelar.

Agamenon Mendes Pedreira é jornalista criminal, especializado em política.

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