Victor Missiato, analista político, doutor em História Política e professor do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) - Tamboré.
Naquela
conjuntura, o sistema político brasileiro se transformou, pois sua
característica passou de um pluralismo moderado para um pluralismo
extremamente polarizado. Esse quadro se agravou quando Jânio Quadros
venceu as eleições de 1960. Com uma oposição ao “sistema”, Jânio
almejava conquistar o apoio de uma ampla base política. Venceu com um
discurso miraculoso, afirmando resolver todos os problemas ligados à
corrupção e inflação no país. Calculando
erroneamente a situação política, o presidente eleito resolveu
renunciar, acreditando que receberia um forte apoio popular. Quem
assumiu foi João Goulart, vice-presidente. Reconhecidamente identificado
com uma tendência mais à esquerda do espectro político, Jango suscitou
enormes desconfianças por parte de grupos civis e militares. A
posse do ex-ministro de Getúlio causou um grande embate na política
brasileira. Quando Jânio apresentou sua carta de renúncia, Jango estava
em missão na China, e a Carta Constitucional estabelecia que o
presidente da Câmara dos Deputados, na ausência do vice-presidente,
assumiria o cargo. No dia 28 de agosto de 1960, Ranieri Mazzilli,
presidente em exercício, informou ao Congresso que os ministros
militares consideravam o retorno de Jango ao Brasil inadmissível “por
motivos de segurança nacional”. No
entanto, o Congresso rejeitou a sugestão dos militares e respondeu com
uma proposta de criação de um sistema parlamentarista. Entre os anos
1962 e 1964, o contexto de agitação política no Brasil imobilizou o
Legislativo ao ponto de incapacitá-lo de oferecer uma saída à ameaça de
rompimento das regras do jogo democrático. As
tensões se intensificaram em 1963, quando Goulart, após conquistar a
volta do regime presidencialista em plebiscito, apresentou uma emenda
constitucional que permitia a expropriação de terras sem pagamento
prévio em dinheiro. Essa emenda foi derrotada no Congresso em maio do
mesmo ano. A partir daí, o governo adotou um tom mais radical em seus
discursos, declarando que a reforma agrária era uma questão de honra em
seu mandato. O Comício de 13 de março de 1964 buscou fortalecer o
hasteamento dessas bandeiras. Porém, as medidas econômicas criadas para
impulsionar o crescimento e combater a inflação não tiveram êxito. As
oposições a Jango começaram a ganhar força na opinião pública e na
sociedade civil, quando parte da classe média e camadas mais
conservadoras passaram a defender uma intervenção militar para depor
Goulart. No dia 19 de março, uma grande passeata em São Paulo simbolizou
o apoio civil para o futuro golpe militar que viria dias depois. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade chegou a reunir cerca de 500 mil pessoas. Nesse
cenário, tanto as forças de direita quanto de esquerda passaram a
defender uma solução de exceção. A via armada colocava-se como horizonte
político para ambos os lados. Os últimos capítulos do governo Goulart
ocorreram quando este tentou formar uma coalizão fora dos poderes
institucionais. Havia ali uma motivação em exercer outro mandato
consecutivo, contrariando o texto constitucional de 1946, que não
permitia a reeleição. Em toda essa conjuntura, a democracia
representativa foi sendo engolida por uma atmosfera golpista que cobriu
todos os espectros da sociedade brasileira. Embora as forças políticas
afirmassem lutar pela preservação (direita) ou aprofundamento (esquerda)
da democracia, a verdade é que poucas pessoas estavam dispostas a lutar
pelo texto constitucional vigente. Na madrugada do dia 31 de março de 1964, Jango foi destituído da Presidência, dando-se início a uma longeva ditadura no Brasil, que alteraria profundamente a cultura política do país. *O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie. Sobre os Colégios Presbiterianos Mackenzie Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, pelo casal George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica - Educação Infantil (Maternal, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio, procura o desenvolvimento das habilidades integrais do aluno e a formação de valores e da consciência crítica, despertando o compromisso com a sociedade e formando um indivíduo capaz de servir ao próximo e à comunidade. No percurso da história, o Mackenzie se tornou reconhecido pela tradição, pioneirismo e inovação na educação, o que permitiu alcançar o posto de uma das renomadas instituições de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento científico e acadêmico do País. Informações Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie imprensa_mackenzie@viveiros܂com܂br Eudes Lima, Eduardo Barbosa, Kelly Teodoro, Katharina Zayed e Guilherme Moraes (11) 2766-7280 Celular de plantão: (11) 9.8169-9912 |
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