JORNAL A REGIÃO
"Sem fazendeiros, sem comida". Com este slogan, produtores rurais de toda a Europa fazem um levante que começou na Alemanha em dezembro e hoje se espalhou para a maioria dos países. Milhares de agricultores invadiram as ruas e estradas com tratores, máquinas e carros.
Ele protestam contra as políticas da União Europeia, acusada de fragilizar o setor com regulamentações excessivas, baixos preços e muita burocracia. Da Alemanha, o protesto se ampliou para a Irlanda, França, Bélgica, Holanda, Escócia e Itália, causando congestionamentos monumentais.
Em Bruxelas, centenas de tratores ocuparam a Praça de Luxemburgo, em frente ao Parlamento Europeu, que foi atingido por estrume jogado pelos agricultores. Na rodovia Paris-Bruxelas eles escreveram um recado para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen: “Ursula, estamos aqui!”
Os produtores rurais da Europa exigem uma revisão dos acordos de livre comércio, como o do Mercosul, para que as importações estejam sujeitas às mesmas regras dos produtos europeus. Mais a flexibilização e simplificação da burocracia, com menos regulamentações agrícola e ambiental.
A insatisfação dos agricultores já vinha se acumulando, mas explodiu depois que eles enfrentaram secas, incêndios e inundações sem precedentes que acabaram com as plantações. Depois a pandemia de Covid e as medidas tomadas pelos governos para supostmente combatê-la.
Eles ainda sofreram os efeitos da guerra na Ucrânia, que explodiu os custos de energia e gerou uma inflação inédita que os preços dos produtos agrícolas não conseguem acompanhar. Assustada com o tamanho dos protestos, a Comissão Europeia acena com concessões e medidas.
A promessa é proteger os agricultores das exportações baratas vindas da Ucrânia e permitir o uso de terras deixadas em repouso. Apesar de provavelmente insuficiente, esse plano ainda depende da aprovação dos estados-membros e do Parlamento Europeu. Enquanto isso, a Europa está sitiada pelos agricultores.
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