A
sinagoga Bet Jacob, em Santos, no litoral paulista, foi alvo de um
ataque antissemita ontem (03). Foram pichados nos muros do templo
religioso expressões relacionadas ao conflito israelo-palestino. Tal ato
pode ser considerado um caso de ódio aos judeus, de acordo com a
definição de antissemitismo da Aliança Internacional em Memória do Holocausto (IHRA).
“Injustamente,
as inscrições atribuírem aos judeus brasileiros, enquanto coletividade,
certo grau de responsabilidade pelas ações do Estado de Israel — o que,
além de não ser verdadeiro, remete ao antigo estereótipo antissemita de
que os judeus são mais leais a Israel e a causas judaicas
internacionais do que aos países dos quais são cidadãos. Acusações desse
tipo eram comuns na Alemanha nazista durante o Holocausto”, explica
André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil, organização que promove a educação sobre Israel e o Oriente Médio como o caminho para a paz.
O
cientista político demonstra preocupação com o episódio ocorrido em
Santos, e ressalta: “uma sinagoga é um local de culto, e não deveria ser
vandalizada por motivos políticos — até porque os fiéis que a
frequentam são brasileiros com diversidade de opinião sobre vários
assuntos, inclusive sobre a guerra em andamento entre Israel e o grupo
terrorista Hamas”.
"A
Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) vê com muita
preocupação essa importação do conflito, ainda mais em Santos, que é uma
cidade que nunca teve esse histórico. Pelo contrário, as comunidades
vivem muito bem em Santos e no Estado de São Paulo como um todo. Não
podemos importar o conflito", declarou o presidente executivo da Fisesp,
Ricardo Berkiensztat.
Antissemitismo no Brasil
No
Brasil, as denúncias de antissemitismo no Brasil cresceram mais de
961%, em uma comparação entre outubro de 2023, mês em que ocorreram os
atentados terroristas do Hamas em Israel, e o mesmo período de 2022, de
acordo com a Confederação Israelita do Brasil (CONIB). O Estado de
Israel chegou a emitir um alerta de viagem para os cidadãos israelenses
que desejam vir ao país saibam que o ambiente pode ser hostil à presença
deles.
Segundo
Lajst, “são necessárias ações urgentes para combater o antissemismo no
país, que se manifesta de tantas formas diferentes na atualidade, e isso
exige informação e recursos. Cada cidadão precisa fazer sua parte,
buscando informação e exigindo respeito a todo um povo e cultura que
sofrem com ódio e violência há muito tempo”, explica o especialista em
Oriente Médio. “O papel de instituições como a StandWithUs, que promove a
educação sobre Israel em escolas e faculdades públicas e particulares
de todo o Brasil, é essencial para o aumento dessa conscientização”.
A
comunidade judaica em São Paulo está mobilizada pelo caso da sinagoga
Bet Jacob, e providências cabíveis já foram tomadas junto às forças
públicas.
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