domingo, 28 de janeiro de 2024

Acredite se quiser! Lula desiste de Mantega, mas teima em pressionar Conselho da Vale

 



Silveira nega que Lula tenha feito pressão para colocar Mantega na Vale

Ministro Alexandre Silveira tenta atender pedido de Lula

Deu no Poder360

Depois de recuar sobre forçar a indicação do ex-ministro Guido Mantega para o cargo de presidente (CEO) da Vale, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai agora tentar pelo menos convencer a mineradora a adiar a decisão sobre quem vai comandar a empresa.

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, marcou reunião com o presidente do Conselho de Administração da Vale, Daniel André Stieler, para o início da semana. O encontro deve ser em Brasília, na segunda ou na terça-feira (29 ou 30 de janeiro). Também vai participar o conselheiro da Vale Manuel Lino Silva de Sousa, conhecido como Ollie Oliveira, que representa e lidera os independentes dentro da companhia.

DECISÃO NA SEXTA – Pelo cronograma que já estava decidido pela Vale, o Conselho de Administração da empresa terá uma reunião ordinária na quarta-feira (31.jan.) para tratar de assuntos diversos. Mas na sexta-feira (2.fev) está marcada uma reunião extraordinária do CA com o objetivo específico de definir quem estará no comando da mineradora, cujo presidente atual é Eduardo Barolomeo.

Para o governo, o ideal é ganhar tempo para tentar propor uma troca de comando que interesse ao Palácio do Planalto. Lula enxerga a Vale como uma companhia essencial para ajudar a alavancar o modelo de crescimento que defende para o Brasil.

O presidente da República deseja essa empresa atuando em áreas que considera de interesse nacional, apoiando projetos que possam ter sinergia com a nova política industrial recém-anunciada. Esse tipo de estratégia de Lula incomoda o mercado financeiro. A Vale é uma companhia privada e com participação reduzida de capital estatal.

LULA INSISTE – Na última quinta-feira (25.jan.), com a repercussão negativa sobre a eventual ida de Guido Mantega para a Vale, o Palácio do Planalto foi palco para uma reunião reservada entre Lula, o ministro Alexandre Silveira e o presidente do Conselho de Administração da mineradora, Daniel Stieler.

Neste encontro, diferentemente do que foi propagado pelo governo, Stieler não disse de maneira dura que Mantega não seria eleito para ser o novo presidente da companhia. Apenas relatou o que seriam as consequências da mudança neste momento por causa da forma como estavam sendo conduzidas as conversas. Lula compreendeu. Decidiu fazer um recuo tático.

Stieler já foi presidente da Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil. Segundo apurou o Poder360, a decisão política sobre o recuo na indicação de Mantega coube exclusivamente a Lula. O presidente entendeu que seria muito arriscado fazer esse tipo de pressão neste momento. Mas ainda não desistiu de influir no processo.

MUITA PRESSÃO – Até antes do recuo de Lula, o ministro Alexandre Silveira havia atuado nos últimos dias para pressionar, até em tom de ameaça velada, alguns dos acionistas privados da Vale.

Silveira estava apenas cumprindo ordens de Lula. Na linguagem da esquerda, o ministro se tornou um tarefeiro do presidente. Dispõe-se inclusive a negar em público o que todos sabem em privado, como quando disse na sexta-feira (26.jan.) não ser verdade que havia conversado com conselheiros da Vale.

Político de 53 anos, nascido em Belo Horizonte (MG), ex-deputado federal e filiado ao PSD (presidido por Gilberto Kassab), o ministro de Minas Gerais já foi filiado no passado ao PPS, sigla que nasceu do antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro).

ÍNTIMO DE LULA – Silveira é o típico político mineiro: trafega com facilidade por várias ideologias. Ele e a mulher, Paula, desenvolveram uma relação de proximidade com o presidente da República e também com a primeira-dama, Janja. É hoje um dos 38 ministros com mais acesso a Lula.

Caberá agora a Silveira reverter a derrota do Planalto nessa primeira tentativa de incursão do governo petista na Vale. O ministro terá a semana que começa para convencer a mineradora a evitar definir neste momento a recondução de Eduardo Bartolomeo como CEO da empresa – ou seja, cancelar a reunião do Conselho de Administração marcada para sexta-feira.

O mandato de Bartolomeo termina no fim de maio de 2024. Há tempo, portanto, para o governo voltar a atuar e interferir no processo. Ocorre que em companhias globais e com capital em Bolsas de Valores, como a Vale, é incomum deixar uma decisão dessa magnitude para a última hora. Tudo é planejado com muita antecedência.

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