domingo, 31 de dezembro de 2023

Lula viaja mais que presidentes antecessores no primeiro ano de governo, mas não supera 2003

 

POLITICA LIVRE
brasil

Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente que mais viajou para o exterior no primeiro ano de governo. Ele fez 27 viagens para outros países em 2023. O número supera os de Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, nos respectivos anos de estreia, e só é inferior aos dos mandatos anteriores do próprio Lula, em 2003 e 2007.

O número de viagens foi contado a partir da quantidade de outros países visitados pelo presidente. Isso inclui repetições em caminhos e migrações que possam ter partido de um país para outro.

Lula voltou ao Palácio do Planalto com a promessa de mudar a condução da política externa nacional e resgatar a política multilateralista nas relações internacionais.

Lula esteve nos Estados Unidos duas vezes: na primeira, em fevereiro, uma reunião com o presidente americano, Joe Biden, que teve a democracia como principal pauta, um mês depois dos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes, no 8 de janeiro. O país norte-americano lidou com o seu próprio incidente golpista no dia 6 de janeiro de 2021. O segundo encontro ocorreu em setembro, quando Lula participou da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

O outro país foi a Argentina, seguindo uma tradição construída ao longo dos oito anos de governos chefiados por Lula. O atual mandatário trabalhou pela eleição de Sergio Massa, representante do kirchnerismo, à presidência do país, em diferentes frentes. Massa acabou derrotado pelo libertário Javier Milei.

O presidente também fez duas visitas aos Emirados Árabes Unidos, uma vez em maio e outra em novembro. Na primeira ida, encontrou-se com o presidente do país, Mohammed bin Zayed Al-Nahyan.

O país árabe do Oriente Médio reestabeleceu relações com Israel em 2020. Foi para Al-Nahyan que Lula fez uma das primeiras ligações para tratar do conflito Israel-Hamas, em outubro.

Na segunda oportunidade, o país hospedou a conferência mundial sobre o clima, a COP28. Lula faz sinalizações no novo governo para também marcar a posição brasileira como vanguarda na proteção do meio-ambiente. Assim também o fez quando tratou do tema na Assembleia-Geral da ONU.

Lula seguiu uma tendência do seu governo passado e voltou a visitar países do continente africano. “Nos últimos anos, lamentavelmente, o Brasil tratou os países africanos com indiferença. Pela primeira vez desde a redemocratização, tivemos um presidente que não fez nenhuma visita à África”, disse Lula, em ataque a Bolsonaro, quando viajou a Angola, em agosto.

Um mês antes, em Cabo Verde, Lula disse “ter gratidão” ao continente pelo que foi produzido durante os 350 anos de escravidão no Brasil. “Nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso País”, disse.

Não foi a única polêmica que o presidente acabou tendo em visitas internacionais em 2023. Em abril, quando foi à China, Lula levou, em sua comitiva, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. O episódio ampliou a crise com a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional.

A América Central e a Oceania foram os únicos continentes que não foram visitados pelo presidente neste primeiro ano do terceiro mandato.

Diferentemente do usual, Lula não visitou a Venezuela neste ano. O país foi um dos mais frequentados por Lula em governos anteriores, mas a instabilidade política que toma o país vizinho afastou os planos.

Isso não impediu que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, viesse para o Brasil, em maio. A última visita de um chefe de Estado do país tinha ocorrido em 2015, quando Maduro participou da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Durante o seu mandato, Bolsonaro optou por dar preferência mais ideologicamente alinhados. O ex-presidente visitou os Estados Unidos três vezes. O país era então governado pelo republicano Donald Trump.

Os outros únicos países visitados por Bolsonaro em mais de uma oportunidade foram a Argentina, então governada pelo direitista Mauricio Macri, e o Japão, então presidido pelo conservador Shinzo Abe.

Levy Teles/Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário