sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Instituto Gloria conscientiza sobre a violência contra a mulher por meio de artes que sofrem intervenções em Brasília


Durante cinco dias, grafites e mobiliários urbanos foram modificados para ilustrar o projeto “Não deixe ela virar paisagem”


  Obra da artista Key Amorim exposta no metrô Praça do Relógio, em Brasília. Começou feliz na segunda-feira e termina a semana triste e violentada. Sem batom e sem blusa decotada. Ação “Não deixe ela virar paisagem” foi revelada nesta sexta (24/11) com mensagens de conscientização e QR para o Disque Denúncia – créditos: divulgação Artplan

Murais de grafite com a proposta de conscientizar a sociedade sobre a naturalização de agressões contra a mulher chamaram a atenção do público na cidade de Brasília. As obras - criações das artistas Key Amorim (@keyamorim) e Ganjart ( ganjart3) – estão disponíveis nas estações de Metrô Praça do Relógio e Águas Claras, respectivamente. O trabalho - que busca chamar a atenção para o dia 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher - faz parte da iniciativa “Não deixe ela virar paisagem”, realizada pelo Instituto Gloria, plataforma de transformação social que possui uma rede de apoio para combater o ciclo de violência contra mulheres e meninas.

Apesar da similaridade das artes, há uma diferença que singulariza o trabalho de cada artista: enquanto Key Amorim ilustra uma mulher negra, Ganjart desenha uma mulher branca. O objetivo é sinalizar que a violência doméstica não escolhe cor, etnia ou classe social. A iniciativa também contou com mobiliários urbanos espalhados por Brasília, com réplicas da artista Key Amorim, reproduzidas digitalmente. Já a figura da mulher representada por Ganjart foi projetada em alguns painéis da cidade, seguindo a mesma lógica do mural.

 

Durante cinco dias, quem passou pelas obras com o olhar mais atento teve a oportunidade de perceber a transformação das ilustrações femininas, de uma representação confiante e sorridente para semblantes tristes e inseguros, cujas mudanças representam diversos tipos de violência, como física, psicológica, patrimonial e moral. Ambos os grafites sofreram as mesmas alterações e todas as intervenções no Metrô aconteceram durante a noite, como forma de representar o silêncio muitas vezes existente em casos de violência contra a mulher. Os mobiliários urbanos, igualmente, foram trocados durante a madrugada, com as mesmas modificações realizadas junto ao muro de sua estação correspondente.    

Os grafites e a arte digital foram finalizados nesta sexta, dia 24 de novembro, revelando a seguinte mensagem: "Vários tipos de violência aconteceram nesse muro, mas muita gente não percebeu. Não deixe a violência contra a mulher virar paisagem. Denuncie. Ligue 180”. No mural, há também um QR Code, que direciona as pessoas para que possam ver a transformação completa da obra em um sistema de realidade aumentada.    

“Violência contra a mulher sempre esteve relacionada com processos culturais, ou seja, tão normalizadas que impactam na não percepção social. Tudo vira paisagem. E o reflexo desta aceitação é o aumento contínuo da violência contra nós, mulheres”, conta Cristina Castro, fundadora e CEO do Instituto Gloria.  

A ação “Não deixe ela virar paisagem” surge em um momento agravante, em que o gênero feminino é a principal estatística do mapa brasileiro da violência. Só em 2022, foram registrados 1.437 casos de violência à mulher no País, um aumento de 6,1%, em comparação com 2021 - quando foram relatadas 1.347 situações de vulnerabilidade, segundo o Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública 2023. O feminicídio também foi um dos crimes que teve aumento de registros no último ano. Sete em cada 10 mulheres perderam a vida dentro de casa, sendo assassinadas por parceiros íntimos (53,6%), ex-parceiros íntimos (19,4%) ou familiares (10,7%).

A iniciativa é assinada pela Artplan e conta com o apoio do Metrô DF, e demais parcerias de empresas e veículos de comunicação.  

Sobre o Instituto GloriaOrganização sem fins lucrativos e plataforma de transformação social que, a partir da coleta de dados, gera conteúdo educacional e cria uma rede de apoio com as ferramentas necessárias para combater o ciclo de violência contra mulheres e meninas. Seus cinco eixos são pautados em Segurança; Acesso à Justiça; Empreendedorismo; Saúde da Mulher; e Educação.

SUGESTÃO DE IMAGENS

Grafite exposto na estação do Metrô Águas Claras.

Criação: Juliana Campos / GanjartCréditos: divulgação Artplan


Grafite exposto na estação do Metrô Águas Claras.

Criação: Juliana Campos / GanjartCréditos: divulgação Artplan


Foto primeiro dia (20/11) – Mulher com semblante felizObra exposta na estação do Metrô Praça do Relógio (DF)Criação: Key Amorim



 

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