domingo, 29 de outubro de 2023

Polícia italiana constatou que não houve agressão ao filho de Moraes no aeroporto



Imagens mostram suposta agressão a filho de Alexandre de Moraes no  aeroporto de Roma | CNN Brasil

O idoso estará atacando ou se defendendo? Eis a questão…

José Marques
Folha

A defesa do empresário Roberto Mantovani Filho, suspeito de hostilizar a família do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes em Roma, na Itália, afirmou ver contradições entre as análises das imagens do episódio feitas pela Polícia Federal e pela Polícia italiana e solicitou perícia do Instituto Nacional de Criminalística. O pedido foi feito neste sábado (28) ao delegado da PF Hiroshi de Araújo Sakaki, responsável pelas investigações.

Segundo o advogado de Mantovani, Ralph Tórtima, enquanto a Diretoria de Inteligência da PF, que fez a análise das imagens, aponta que o empresário “levantou a mão direita e atingiu o rosto (ou os óculos) de Alexandre Barci de Moraes [filho do ministro]”, a autoridade italiana tem outra versão.

LEGÍTIMA DEFESA – Por meio de uma tradução juramentada do documento, a Polícia italiana afirma que o filho de Moraes, no momento do contato com o empresário, “provavelmente exasperado pelas agressões verbais recebidas”, estendeu o braço esquerdo, “passando bem perto da nuca do antagonista”.

Já Mantovani, “ao mesmo tempo, fazia a mesma ação utilizando o braço direito, impactando levemente os óculos de Alexandre Barci de Moraes”.

Na peça enviada ao delegado, a defesa de Mantovani diz que “na interpretação das imagens feitas pela Polícia italiana, diversamente da análise do DPF [Departamento de Polícia Federal], quem encostou primeiro no peticionário, muito provavelmente, foi o filho do ministro, o que teria ensejado a mesma reação por parte dele (legítima defesa ou até mesmo retorsão humana inevitável)”.

NOVA PERÍCIA – “Dessa forma, considerando a inequívoca contradição existente na análise das imagens feitas pelas polícias federal e italiana, pleiteia-se que todas as imagens recebidas em Cooperação Internacional sejam remetidas ao Instituto Nacional de Criminalística, com vistas a que sejam devidamente periciadas por quem de Direito.”

As imagens foram feitas pelo circuito interno do aeroporto internacional de Roma. Moraes acionou a PF após a hostilidade contra ele e sua família na Itália, no dia 14 de julho. A polícia instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da abordagem e também de uma possível agressão ao filho do ministro.

A polícia investiga, além de Mantovani e de sua esposa, Andreia Munarão, o genro do empresário, Alex Zanata Bignotto, e seu filho, Giovanni Mantovani.

“BANDIDO COMUNISTA” – Na ocasião, o ministro do Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relatou ter sido chamado de “bandido, comunista e comprado”, segundo informações colhidas pelos investigadores.

Conforme a análise da PF, quando o ministro esperava na sala VIP do aeroporto, Mantovani percebeu a sua presença e “esticou o braço e chamou sua esposa, Andreia Munarão, que caminhava logo à sua frente, para mostrar que o ministro estava logo à direita do casal”.

Em seguida, após a confusão, eles retornaram depois de aproximadamente sete minutos pelo mesmo corredor, “observando o interior da sala VIP onde o ministro Alexandre de Moraes e sua família havia entrado”.

DISSE O EMPRESÁRIO – Ao chegar ao Brasil, o empresário, ao minimizou o ocorrido e disse ter havido “um entrevero” com familiares do ministro. A família negou ter hostilizado Moraes e afirmou ter apenas reagido a ofensas recebidas.

A defesa disse inicialmente que seu cliente “afastou” o filho do magistrado com o braço, mas, em entrevista posteriormente, declarou não haver clareza se pode ter sido “um empurrão ou um tapa”.

Os defensores de Mantovani, ainda, consideraram injustificável e desproporcional o cumprimento de mandados de busca e apreensão dias após a confusão. Na ocasião, a polícia apontou investigar “os crimes de injúria, perseguição e desacato praticados contra ministro do STF”.

 

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