domingo, 1 de outubro de 2023

Debates sobre cuidados e envelhecimento ativo marcam segundo dia da Longevidade Expo+Fórum


Evento recebeu neste sábado (30/09) a 2° edição do CONACARE e VII Congresso Municipal de Envelhecimento Ativo, realizado pela Câmara Municipal de SP

Para garantir uma vida longeva de qualidade, é essencial que sociedade, empresas e governo se unam em prol de políticas públicas e boas práticas que favoreçam essa condição. Há sete edições, a Câmara Municipal de São Paulo realiza o Congresso de Envelhecimento Ativo, um encontro que visa conectar a sociedade ao debate sobre como envelhecer bem. Em 2019, a Longevidade Expo+Fórum passou a incluir o congresso municipal em sua programação, dando ainda mais corpo e conteúdo ao evento.

Neste ano, o encontro teve como tema ‘A pessoa idosa e o planeta’. idealizado pelo secretário municipal de Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo, Gilberto Natalini e comandado pelo vereador Eliseu Gabriel, o objetivo do congresso é destacar o papel e o engajamento dos prateados na busca por um planeta mais sustentável, além de convidar as demais gerações para a reflexão: se não houver sustentabilidade, haverá longevidade?

Em seu discurso durante a abertura, Natalini reforçou que é necessário preparar a metrópole paulistana para receber essas pessoas que estão atingindo a longevidade, e isso inclui cuidar do clima. “Decidimos trazer o assunto do momento: o clima. Esse é um tema urgente que tem que ser tratado por todas as gerações a fim de garantir o futuro da longevidade em nosso planeta”, destacou.

O vereador Eliseu Gabriel, atual coordenador do Congresso Municipal de Envelhecimento Ativo, alertou para os efeitos que a mudança climática tem causado em diferentes partes do mundo, como as inundações que atingiram Nova York nos últimos dias, além do impacto que as intempéries causam na saúde da população sênior. “É um tema sério e urgente, uma vez que sabemos que os idosos sofrem tanto ou mais que outras faixas-etárias com as consequências dessa situação”. O vereador destacou ainda a importância do longevo nessa e em outras causas sociais. “A humanidade depende do idoso, ele é o fio da história, a ligação entre o que foi e o que continua. Precisamos destacar seu papel como agente participativo e promover uma cidade inclusiva e preparada para recebê-lo”, enfatizou.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Soninha Francine, reforçou a necessidade de políticas públicas que enxerguem o indivíduo de forma singular. “Em São Paulo tudo é grande, por isso, acredito que o maior desafio seja pensar em políticas públicas que respeitem as singularidades de cada um. As pessoas são diferentes umas das outras, então devemos ter cuidado para não substituir estereótipos. Você não precisa ser o idoso radical”.

Representando o secretário municipal de Esportes e Lazer, Cacá Vianna, Dinéia Cardoso celebrou as conquistas que elevam São Paulo como a capital da Longevidade. Ela também enfatizou a importância do combate ao sedentarismo e ao preconceito para uma longevidade de qualidade. Já a secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Silvia Grecco, reforçou a necessidade de políticas que cuidem de longevos com deficiências. “Uma pessoa com síndrome de Down hoje tem uma expectativa de vida de quase 70 anos. Precisamos estar prontos para tratar das pessoas PCDs na longevidade, e também daquelas que adquirem deficiências em decorrência da idade. Enquanto poder público, temos que pensar o que foi e o que pode ser feito”.

O presidente da longevidade Expo+Fórum, Walter Feldman, destacou o papel do empreendedor, presidente da São Paulo Feiras e idealizador do evento, Francisco dos Santos, em pleitear que o Congresso Municipal de Envelhecimento Ativo fosse anual e ocorresse sempre dentro da feira de longevidade. “O Francisco teve um papel fundamental na implementação deste congresso, uma vez que foi ele quem sugeriu que o evento não fosse realizado a cada dois anos, mas sim anualmente e sempre dentro da Longevidade Expo. Isso fez toda diferença para o crescimento e capilaridade desse encontro, que já virou uma tradição na cidade de São Paulo”, destacou. 

Também participaram da cerimônia de abertura do congresso o Dr Alexandre Kalache; médico, gerontólogo e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil; Renato Cintra, diretor de políticas para a Pessoa Idosa da Prefeitura de São Paulo; Cida Portela, representante do Conselho Municipal do Idoso e Sérgio Gomes, representando Samir Salman, do Instituto Premier. 

A programação do VII Congresso Municipal de Envelhecimento Ativo se estendeu ao longo da tarde deste sábado (30/09) e contou com auditório lotado em quase todas as atrações. Os congressistas puderam acompanhar palestras sobre ambientalismo, sustentabilidade, economia verde, cuidados ao envelhecer e muito mais.

Longevidade Expo+Fórum recebe 2º CONACARE

Como sabemos, a longevidade não é homogênea, ela é diversa e composta por diferentes fases ao longo da vida. Com o intuito de abordar e debater os cuidados com a pessoa longeva, seja por familiares, cuidadores formais ou informais, a Longevidade Expo+Fórum recebeu também a segunda edição do Congresso Nacional de Cuidadores, Cuidados e Longevidade, o CONACARE.

O evento, que tem curadoria da MasterCare, já é consolidado como um dos principais encontros de discussão e troca de conhecimento da área no Brasil.

Logo na abertura, o congresso abordou como estão sendo cuidadas as pessoas prateadas no Brasil e quais os desafios das políticas públicas pensadas para esse grupo. A diretora nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Symone Bonfim, apresentou aos congressistas a palestra: ‘Envelhecer no Brasil: direito ou privilégio?’.

A representante do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania reforçou a necessidade de inserção do tema na agenda pública nacional. "Precisamos expandir a temática na agenda pública do Brasil, fato que só é possível a partir de mobilização social e conscientização, que é o que estamos fazendo aqui, dando visibilidade ao assunto", disse ela.

A especialista lembra que até pouco tempo o cuidado era uma questão de matriz familiar, mas, o envelhecimento da população e o aumento da longevidade trouxe obrigatoriamente uma reorganização  social com participação pública, que, segundo a palestrante, deve ser cada vez mais ampliada e refinada. "Talvez um dos grandes desafios do século 21 seja posicionar o cuidado no sistema de seguridade social ou colocá-lo de forma transversal em outros pilares, como educação, saúde, cultura e afins. Temos a possibilidade de decidir qual desses caminhos seguir, mas uma coisa é fato: precisa ser feito", afirmou.

Symone destacou que embora existam programas eficientes, a demanda por mais serviços não para de crescer. "Esses atendimentos geralmente estão centralizados nas pastas de saúde e assistência social e tendem a estar localizados em centros urbanos maiores. É preciso pensar no cuidado centrado na pessoa e não na rede de serviços, além de respeitar a autonomia e a escolha de cada um".

A representante do governo federal falou ainda sobre o decreto 11.460/2023, que estabelece uma política nacional de cuidados com foco em minorias e na intersetorialidade. "É preciso definir parâmetros para a provisão de cuidados entre poder público, família e sociedade para garantir o cuidado e assistência aos nossos idosos", salientou.

A CEO da Mastercare Brasil - empresa responsável pela curadoria do Congresso - Márcia Vieira, reforçou a importância da multisetorialidade para o avanço da pauta. "Sabemos que não existe solução pronta, mas essa palestra nos traz esperança. Seja na iniciativa pública ou privada, vemos que esse assunto aos poucos ganha mais espaço nos debates. Só conseguiremos êxito nessa pauta com alianças setoriais estratégicas", disse Márcia.

O presidente da Longevidade Expo+Fórum, Walter Feldman, também compôs a mesa de abertura do 2° CONACARE e enalteceu a participação de municípios, estados e governo federal no evento. "É muito bom ver que os governos estão dispostos a dialogar e desenhar projetos que atendam de fato o longevo no Brasil. É preciso criar condições para a inserção da população prateada na sociedade e também de combate ao idadismo, um preconceito que precisa passar a integrar as políticas de diversidade", comentou Feldman. 

Outros temas como o Programa Municipal de Atendimento ao Idoso (PAI),  os impactos econômicos e sociais da longevidade, o perfil dos cuidadores no país e uma palestra com informações sobre Alzheimer também compuseram a programação do evento.

Marcelo Rubens Paiva resgata a memória da mãe para contar sobre a história do Brasil

“O Brasil é um país sem memória porque não temos o incentivo para a construção de museus, bibliotecas e o sistema educacional público é fraco”, afirmou o escritor, dramaturgo e jornalista, Marcelo Rubens Paiva, durante participação no no Longevidade Expo+Fórum 2023. Ele falou no evento sobre o processo que passou para escrever o aclamado livro “Ainda Estou Aqui”, que relata as memórias de sua mãe, Eunice Paiva, que lutou contra a ditadura e testemunhou momentos políticos marcantes do país. 

Paiva explicou que a ideia para escrever o livro surgiu após as manifestações de junho de 2013 que aconteceram no Brasil. “As manifestações que iniciaram como o movimento ‘passe livre’ foram sequestradas pela extrema-direita e transformaram-se em um movimento de contestação contra o regime democrático e pedidos de intervenção militar. Foi um susto muito grande para aqueles que lutaram pela redemocratização é que tinham consciência do que foi o período da ditadura militar”, disse o escritor.

Ele explicou que sentiu a obrigação de relatar como foi a ditadura militar no Brasil e o que aconteceu com a sua família na época sob a ótica da sua mãe. O pai de Paiva, o ex-deputado Rubens Paiva, foi preso, torturado e morto nas instalações do DOI-CODI. Toda a verdade sobre o que aconteceu com o ex-deputado só foi conhecida durante a Comissão Nacional da Verdade, que investigou as graves violações que aconteceram no período da ditadura. “Minha mãe estava no início da doença de Alzheimer. Era um arquivo vivo que estava perdendo memória, por isso tive que correr para resgatar os últimos lampejos de memória que ela tinha deste período”, afirmou Paiva. 

O escritor disse também o quão doloroso foi revisitar as memórias para o livro e que teve que recorrer à sua ‘frieza profissional’. “Tive que afastar as emoções por ser testemunha daquela história e me transformar em um narrador com a aplicação de técnicas literárias, o que me ajudou a escrever, por exemplo, sobre a tortura do meu pai”. Ele ainda comentou que com a doença da mãe aconteceu uma inversão de papéis, onde ele passou a cuidar de quem cuidava dele. É difícil estar preparado para passar a cuidar dos pais”, finalizou.

Orgulho Gray - o poder da escolha sexual na longevidade

Um dos painéis de maior sucesso na edição anterior retornou para a 5ª Longevidade Expo+Fórum: o 'Orgulho Gray'. Nesta edição, um dos pontos focais do debate foi a inserção do grupo de longevos da comunidade LGBTQIAPN+ em políticas públicas e sociais.

A secretária de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo, Soninha Francine, recorda os avanços que acompanhou desde os anos 90 e destacou os desafios que ainda permeiam o tema. “A vulnerabilidade não está ligada apenas à questão financeira, depende também do contexto do qual a pessoa está inserida, por exemplo, a média de vida de pessoas travestis hoje é de 30 anos. Precisamos construir a longevidade dessas pessoas, garantindo que elas tenham acesso a programas sociais e atendimento em todas as secretarias". Soninha reforçou também que a Prefeitura conta hoje com cinco centros de atendimento a pessoas LGBTQIAPN+ espalhados pela cidade, onde é possível esclarecer dúvidas e receber encaminhamento para demais serviços.

O médico, gerontólogo e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Dr Alexandre Kalache, contou um pouco de sua história pessoal. Kalache se reconheceu e se assumiu como homem gay já na fase madura. "Eu fui moldado por uma sociedade machista. Casei, tive família, filhos e não me arrependo. Agora, eu vivo um outro momento, do qual me recuso também a retroceder. Eu não vou envelhecer no armário", disse aos presentes.

Alexandre celebra os avanços sociais da pauta, mas adverte: as conquistas não são eternas. "O copo está meio cheio porque estamos aqui hoje em um palco falando sobre isso, o que talvez não fosse possível há cinco anos. Mas, ao mesmo tempo, vivemos uma onda conservadora que ameaça diariamente nossas conquistas. Não podemos acreditar que tudo está ganho. A luta é diária".

O painel contou ainda com a participação do jornalista Adriano Nunes, que trouxe aos congressistas dados sobre o impacto econômico do turismo LGBTQIAPN+, os anseios desse grupo e as percepções sociais que os afetam quando viajam.

Perfil da economia prateada não é conhecida pelo mercado 

Qual é o tamanho da economia prateada? Ninguém sabe ao certo porque nunca foi mapeada corretamente. Essa é a conclusão do CEO do Instituto Observatório da Longevidade, Fábio Nogueira, que participou da Longevidade Expo+Fórum. Ele explicou que é possível fazer a conta sobre a renda aproximada do público 50+ ao multiplicar o número de pessoas nessa faixa etária x renda média mensal, mas não existem dados sobre o perfil deste consumidor. 

“Os maduros precisam ser vistos como um segmento de mercado”, afirmou Nogueira. No painel sobre a atuação de empresas no mercado prateado, o CEO do Instituto Observatório da Longevidade apontou algumas dicas para atingir o sucesso. Um dos apontamentos foi a necessidade de definir e conhecer quem é o seu cliente, uma vez que existem duas ou três gerações diferentes dentro do universo dos maduros. “Há inúmeros clusters dentro do universo de 57 milhões de brasileiros 50+. Por exemplo, os afrodescendentes 50+ são 33 milhões de pessoas que somam uma renda de R$ 911 bilhões e os LGBT 50+ são cerca de 5 ou 6 milhões, com renda de R$ 159 milhões. Alguém conhece esse consumidor?”, ressaltou.  

Nogueira também abordou criação ou adaptação de produtos que atendem as demandas do público longevo em áreas como moda, turismo, gastronomia, cuidados pessoais, serviços bancários, entre outros. Nogueira destacou alguns padrões de consumo do público mais maduro que são aperfeiçoados pelo tempo, como: a maior exigência por qualidade, o valor da experimentação e a baixa influência causada pela propaganda. 

Outra dica é a necessidade das empresas em desenvolver os seus canais comerciais para fidelizar o seu cliente. Segundo ele, uma grande queixa do público 50+ é a baixa qualidade do atendimento no varejo e prestadores de serviço, de acordo com pesquisas. Entre as principais reclamações estão a exposição inadequada de produtos, falta de paciência de vendedores, etiquetas ilegíveis, dificuldades de acesso a prateleiras, pisos escorregadios e corredores estreitos.

“O melhor meio de multiplicar as suas vendas é a atenção no atendimento. Se bem atendido o cliente maduro é fiel às marcas e pontos comerciais. O melhor propagandista de uma marca, produto, serviço ou ponto comercial é o próprio cliente. Os consumidores maduros costumam se referir a outros consumidores quando se sentem adequadamente atendidos”, apontou Nogueira. 

Por último, o executivo falou sobre a contratação de colaboradores sênior com o objetivo de balancear as equipes de marketing e inovação. “Lembre-se que o consumidor maduro e o profissional maduro é a mesma pessoa. Eles entendem melhor as necessidades do público alvo e ajudarão a aperfeiçoar a oferta da empresa ao consumidor. Se quer entender quem está comprando é só colocar trabalhando na sua empresa”, finalizou.

O Instituto Observatório da Longevidade é um think tank que tem o propósito de aumentar o respeito aos cidadãos acima de 50 anos, com destaque para os socialmente excluídos, ao integrar esse público ao mercado de consumo e, assim, melhorar o seu bem-estar.

A Longevidade Expo+Fórum termina domingo (1º/10). O evento acontece no Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte, em São Paulo, e a visitação é gratuita. 

Serviço:

Evento: Longevidade Expo+Fórum 2023.

Quando: 29 de setembro a 1° de outubro de 2023.

Onde: Expo Center Norte - São Paulo / SP

Fotos: Clique aqui

Informações para a Imprensa e Credenciamento de Jornalistas - Coletivo da Comunicação:

Valeria Bursztein - +55 11 9 9104-2031

valeria@coletivodacomunicacao.com.br

Sobre a Longevidade Expo + Fórum

A Longevidade Expo + Fórum é um evento no formato Feira de Negócios, Experimentação, Fórum de Tendências e Maratona Digital, voltado para o público 50+ e a cadeia de produtos, tecnologia, serviços e soluções para estes consumidores nos mais variados segmentos da economia, como saúde e bem-estar; turismo, lazer e destinos; finanças, seguros e trabalho; conhecimento, cultura e tecnologia; casa, consumo e facilities; gastronomia e nutrição; e moda, beleza e pro age. O evento é um empreendimento da Longevidade Feiras e Congressos, com gestão e realização da São Paulo Feiras Comerciais, ambas empresas do Grupo Couromoda, e é realizado em cooperação com a Informa Markets, organização global líder no setor de feiras, congressos e eventos B2B. Na edição de 2022, o evento contou com a participação de mais de 250 palestrantes, 70 marcas expositoras, 7 mil participantes e mais de 2 milhões de pessoas impactadas na audiência digital. 

 

Sobre a São Paulo Feiras/Grupo Couromoda

O Grupo Couromoda é o criador e realizador de eventos de referência nos setores de moda, beleza e saúde: Couromoda, já na 50a. edição; Hair Brasil Negócios e Educação, 21 edições, Animal Health Expo+Fórum, 2a. edição, Silver Week, 2a. edição e *Hospitalar – Evento Internacional de Soluções, Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para a Cadeia da Saúde. *Desde 2015 Hospitalar é parte do Informa Group e da Informa Markets.

*Em 2015 a Hospitalar foi adquirida pela UBM plc e hoje faz parte do Informa Markets, maior organizadora de feiras e congressos do mundo, presente em mais de 60 países.

Coletivo da Comunicação

Valeria Bursztein

valeria@coletivodacomunicacao.com.br

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