terça-feira, 31 de outubro de 2023

A importância dos recursos minerais estratégicos para a transição energética no Brasil

ABIMAQ


Rodrigo Franceschini*

A busca por fontes de energia mais limpas e renováveis, como a eólica, a solar e eletrificação da mobilidade, estão moldando o futuro da indústria de máquinas e impactando diretamente a economia global. No entanto, essa transição não é possível sem um elemento-chave frequentemente subestimado: os recursos minerais estratégicos.

O Tesla Model Y, o veículo elétrico mais vendido no mundo possui em média 6 vezes mais minerais que um veículo com tração convencional com tração a combustível.

Segundo dados da International Energy Agency os principais minerais demandados pelos veículos elétricos ou híbridos são: Grafita, Cobre, Níquel, Manganês e Lítio, nessa ordem.

Nesse sentido, o Brasil possui uma oportunidade única de liderar essa mudança, aproveitando seus vastos recursos minerais.

A energia eólica, por exemplo, é uma das principais alternativas à energia fóssil. Turbinas eólicas modernas são cruciais para a geração de eletricidade limpa e sustentável. Essas turbinas dependem de materiais como o neodímio, um elemento das terras raras, que é essencial para a produção de ímãs de alta eficiência usados nos geradores. O Brasil possui reservas significativas desses minerais estratégicos, o que coloca o país em uma posição privilegiada para suprir a crescente demanda global.

Além disso, os avanços na tecnologia de baterias são fundamentais para o armazenamento de energia, permitindo que a eletricidade gerada a partir de fontes intermitentes, como vento e sol, seja utilizada de forma consistente. Níquel e lítio são minerais-chave nesse contexto, essenciais para a fabricação de baterias de alta performance. O país, que possui reservas substanciais desses minerais, pode impulsionar a produção de baterias de próxima geração e promover a eletrificação em larga escala.

Estima-se que a demanda por lítio aumente 40 vezes até 2040, seguida pelo grafite, cobalto e níquel. Um mercado potencial de US$ 10 trilhões.

Para a indústria de máquinas, esse é um chamado para a inovação e o desenvolvimento. Investir na extração e industrialização desses minerais críticos não só reduziria a dependência das importações, mas também permitiria a fabricação de máquinas mais eficientes e competitivas. Isso abriria portas para oportunidades de negócios significativas, criando empregos e impulsionando o crescimento econômico.

Devemos reconhecer que a transição energética não é apenas uma tendência, mas uma necessidade premente. Os países desenvolvidos estão elaborando políticas para garantir o acesso a esses recursos que hoje são muito dependentes da China. O Brasil não pode aproveitar essa oportunidade.de se integrar nas cadeias globais aproveitando seus recursos minerais desde lavra até o beneficiamento e posterior exportações no formato.

Considerando dinamismo da economia brasileira, combinado com suas vastas reservas minerais e uma ampla cadeia de fabricantes de máquinas e equipamentos podemos desenvolver soluções para integrar o país nas cadeias globais com vistas para atender a demandas da transição energética.

Para superar esses desafios, é crucial adotar uma abordagem sustentável na extração e uso desses recursos. Isso inclui o planejamento, o desenvolvimento da cadeia produtiva de máquinas e equipamentos em paralelo a pesquisa mineral pelas mineradoras bem como a tecnologia de processamento desses minerais estratégicos.

Face a demanda pela transição energética, devemos garantir uma visão de longo prazo para a exploração desses minerais onde o Brasil também possui recursos como o Lítio e a Grafita por exemplo entre outros. Importante que esse desenvolvimento ocorra de forma sustentável em rigor ao atendimento das legislações ambientais e gerando os benefícios da disponibilidade dos minerais estratégicos para favorecer a competitividade da própria indústria. Esse movimento favorecerá o aumento do dinamismo da economia brasileira, gerando renda e empregos para nossa sociedade como um todo.

*Rodrigo Franceschini é presidente do Conselho de Metalurgia e Mineração da ABIMAQ.

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