*Deivison Pedroza é Co-founder e CEO da Way Minder
Na
dinâmica complexa do ambiente de trabalho moderno, o papel da liderança
vai além da gestão de tarefas e da orientação estratégica. Cada vez
mais, as habilidades interpessoais e emocionais dos líderes estão se
mostrando fundamentais para a construção de um local de trabalho
saudável, produtivo e resiliente. Por isso, uma das capacidades mais
importantes para um líder do século XXI é a gestão emocional, ou seja, a
habilidade de identificar, entender e gerenciar suas próprias emoções e
as emoções daqueles ao seu redor.
Esta
habilidade não é fundamental apenas para o bem-estar pessoal do líder,
mas tem um impacto profundo em toda a organização. Isso porque uma
liderança eficaz e com inteligência emocional tem o poder de difundir um
clima de bem-estar, incrementar o moral da equipe, elevar a
produtividade e, como resultado, impulsionar o sucesso da empresa.
E
os números comprovam isso. De acordo com um estudo da TalentSmart, a
inteligência emocional é responsável por 58% do sucesso em todos os
tipos de trabalhos. Dessa forma, líderes com elevada inteligência
emocional estão mais propensos a alcançar resultados melhores, pois
conseguem compreender e reagir adequadamente às emoções de seus
colaboradores. E isso aumenta o engajamento e satisfação da equipe, além
de potencializar a produtividade. Esses líderes inclusive tendem a
criar ambientes de trabalho positivos e colaborativos, mitigar o
estresse e a exaustão, e ainda melhorar a retenção de funcionários.
A importância da gestão emocional dos líderes
A
gestão emocional na liderança vai além da habilidade de controlar
emoções fortes. Ela envolve a compreensão profunda e a gestão consciente
das emoções, tanto próprias quanto dos outros, e a utilização desse
conhecimento para direcionar pensamentos e ações de maneira efetiva e
positiva. Com essa percepção, a liderança é capaz de lidar melhor com
situações estressantes, resolver conflitos e tomar decisões com clareza e
equilíbrio.
Além
disso, a gestão emocional também é fundamental para a autopercepção e o
autodesenvolvimento dos líderes. Líderes que entendem suas próprias
emoções estão mais bem preparados para gerenciá-las, evitando reações
impulsivas que possam prejudicar o ambiente de trabalho. Eles também são
mais capazes de reconhecer e cultivar suas próprias forças e lidar com
suas fraquezas, permitindo um crescimento e desenvolvimento pessoal
contínuo.
Entretanto,
a gestão emocional eficaz dos líderes não se limita a influenciar seu
próprio estado emocional ou o desempenho individual de membros da
equipe. Ela tem o poder de criar uma cultura organizacional mais
positiva e saudável, propagando o bem-estar em toda a empresa. Isso se
deve à capacidade dos líderes emocionalmente inteligentes de criar um
ambiente de trabalho onde o respeito, a empatia e a consideração pelas
emoções dos outros são normas fundamentais.
Por
exemplo, líderes que gerenciam suas próprias emoções de forma eficaz
servem como modelos para seus liderados. Quando um líder lida com o
estresse de maneira saudável e produtiva, ele está demonstrando aos
membros da equipe que é possível enfrentar desafios e adversidades sem
se deixar levar pelo negativismo ou desespero. Isso pode ajudar a criar
uma atmosfera de resiliência e equilíbrio emocional, reduzindo a
ansiedade e o estresse no ambiente de trabalho.
Líderes
emocionalmente inteligentes também são capazes de detectar e responder
às necessidades emocionais de sua equipe. Isso pode se manifestar em
várias formas, desde reconhecer e valorizar o trabalho bem-feito até
proporcionar apoio e compreensão em tempos de dificuldade. Quando os
membros da equipe sentem que suas emoções são validadas e consideradas,
isso pode levar a um aumento na satisfação no trabalho e, por
consequência, ao bem-estar geral.
Por
último, a gestão emocional também é fundamental para a resolução eficaz
de conflitos. Conflitos não resolvidos ou mal administrados podem
causar tensão e desconforto, prejudicando a produtividade e o bem-estar
da equipe. Por outro lado, líderes que são capazes de abordar e resolver
conflitos de maneira justa e empática podem ajudar a criar um ambiente
de trabalho mais harmonioso e colaborativo.
Entendendo a gestão emocional na prática
Sundar
Pichai, CEO do Google, fornece um exemplo interessante de como a
liderança emocionalmente inteligente pode ser aplicada na prática.
Durante
a pandemia de COVID-19, que trouxe consigo uma onda sem precedentes de
estresse e incerteza, Pichai tomou a iniciativa de destacar a
importância do bem-estar emocional e mental dos funcionários. Ele fez
isso por meio de uma carta aberta na qual detalhou várias iniciativas
voltadas para apoiar os funcionários durante esse período desafiador.
Isso incluiu oferecer folgas adicionais e fornecer acesso a recursos de
saúde mental.
Pichai
não só demonstrou empatia e compreensão pela situação emocional dos
funcionários, mas também tomou medidas práticas para ajudar a aliviar o
estresse e promover o bem-estar. Além disso, ao se comunicar abertamente
sobre essas questões, Pichai estabeleceu um tom de abertura e
compreensão, incentivando os funcionários a cuidar de sua própria saúde
mental e emocional e a buscar ajuda quando necessário.
Mas, como é possível desenvolver a gestão emocional no dia a dia?
Antes
de mais nada, é importante deixar claro que o desenvolvimento da gestão
emocional é um processo contínuo que requer prática constante, reflexão
e vontade de aprender. Entendendo isso, existem algumas estratégias que
podem ser úteis para líderes que buscam aprimorar sua habilidade de
gerenciar emoções de maneira eficaz, como por exemplo:
- Autoconsciência:
isso significa se tornar mais consciente de suas próprias emoções. Para
isso, preste atenção aos sinais físicos de suas emoções, como
respiração, batimento cardíaco e tensão muscular. Também preste atenção
aos seus pensamentos e sentimentos. O que está te fazendo sentir assim?
- Autorregulação:
uma vez que você esteja ciente de suas emoções, é importante aprender a
gerenciá-las. Isso pode envolver técnicas de relaxamento, como
respiração profunda ou visualização, para ajudar a acalmar a mente e o
corpo durante momentos de estresse ou ansiedade.
- Empatia:
desenvolva a empatia e a compreensão pelos outros. Ou seja, tente ver o
mundo pelos olhos dos outros para construir relacionamentos mais
fortes. O que eles estão sentindo? O que eles precisam? Pratique também a
escuta ativa.
- Melhore
suas habilidades de comunicação para construir confiança e respeito:
seja claro e conciso ao comunicar-se com os outros.
- Aprenda
a resolver conflitos de maneira eficaz. Assim, quando existir um
conflito, tente ver as coisas do ponto de vista do outro lado. Também
esteja disposto a fazer concessões.
- Crie
um ambiente de trabalho positivo e colaborativo para que seus liderados
se sintam mais motivados e produtivos. Elogie e reconheça o bom
trabalho dos outros. Também seja justo e equitativo.
E
se você ainda acha difícil se tornar um líder emocionalmente
inteligente, então inspire-se no exemplo de Sundar Pichai, CEO do
Google, que demonstrou que esse tipo de liderança não é apenas possível,
mas também extremamente benéfica em tempos de crise.
Esse
exemplo oferece uma lição valiosa para todos os líderes: quando se
cuida de sua própria saúde emocional bem como da de sua equipe, isso
cria uma base sólida para o sucesso e a resiliência de toda a
organização a longo prazo. Afinal, a gestão emocional no ambiente de
trabalho não é mais uma opção ou um “extra”, mas sim um pré-requisito
essencial para qualquer liderança no século XXI.
Contatos da assessoria
Cristina Carvalho
cristina.carvalho@tamer.com.br
11 9 8272-6787
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