Catherine
Grenier conta-nos o destino e o percurso único de Alberto Giacometti,
sua vida e sua obra, numa biografia para ser lida como um romance. O
volume, ademais, contém um caderno de imagens com reproduções de obras
do artista e fotografias de sua carreira.
Um
fato que comprova a importância imanente de Alberto Giacometti no
universo das artes é que as três esculturas de valor mais alto jamais
negociadas atualmente são dele: L’Homme au doigt [O homem que aponta], vendida por US$ 141,3 milhões, seguido de L’Homme qui marche I [O homem andando I], US$ 104,3 milhões, e Chariot [A carruagem], US$ 101 milhões. Todas as três obras são citadas por Grenier no livro e ajudam a contar a história do artista.
a autora
Historiadora de arte e curadora, Catherine Grenier,
nascida em Lyon, é diretora da Fondation Giacometti, em Paris, desde
2014. Foi diretora do Musée National d’Art Moderne – Centre Pompidou,
trabalhando em mais de trinta exposições de artistas modernos e
contemporâneos. Desde que chegou à Fundação, organizou (e coorganizou)
exposições originais dedicadas a Giacometti em cerca de quinze países e
em instituições de renome como a Tate Modern, em Londres, e o Guggenheim
Museum, em Nova York. Contribuiu também para o museu Mohammed VI, em
Rabat, o Centro de Arte de Seul e o Musée National des Beaux-Arts du
Québec. Foi curadora da primeira exposição a revelar pontos de contato
entre Giacometti e Picasso, montada no Musée National Picasso-Paris e na
Fire Station Doha, no Catar. Dedicou-se a diversos livros sobre
artistas contemporâneos, como Annette Messager, Christian Boltanski,
Sophie Ristelhueber, Maurizio Cattelan, e sobre artistas modernos, como
Salvador Dalí. Publica constantemente ensaios, como La fin des musées ?, de 2013, e La manipulation des images dans l’art contemporain, de 2014.
trechos
“Toda
a arte do passado, de todas as épocas, de todas as civilizações, surge à
minha frente, tudo é simultâneo, como se o espaço tomasse o lugar do
tempo.” [Alberto Giacometti, p. 13]
“Desde
a infância, Alberto demonstra sua singularidade. ‘Ele lia um bocado e
desenhava o tempo todo, nunca brincava com os outros, ou então o fazia
muito raramente’, recorda-se o irmão Diego. Bem cedo, o primogênito
acompanha o pai ao ateliê, onde pratica a modelagem e a pintura. ‘Eu
tinha visto a reprodução de pequenos bustos sobre um suporte e de
imediato senti vontade de fazer o mesmo. Meu pai comprou Plastiline
(massa de modelar) e eu comecei.’ Entre os irmãos e a irmã, todos com
acesso livre ao ateliê, ele se distingue por suas disposições
artísticas, assim como por sua dedicação.” [p. 20]
“Em
abril de 1930, Alberto expõe pela primeira vez na Galeria Pierre, em
companhia de Miró e Arp. Ele apresenta esculturas-placas, dentre as
quais uma versão em mármore da Tête qui regarde [Cabeça que olha], e uma nova composição que marca um ponto crítico tanto de seu trabalho como de sua carreira: Boule suspendue
[Bola suspensa]. Salvador Dalí se entusiasma com essa obra, na qual vê o
protótipo dos ‘objetos de funcionamento simbólico’, novo conceito que
ele vai propor aos surrealistas em substituição à prática já
demasiadamente explorada da escrita automática.” [p. 90]
“Mais
uma vez, Giacometti, incomodado com a própria atitude, mas motivado
pelo desejo de ter seus direitos reconhecidos, comportou-se de modo
excessivamente brutal. Numa carta enviada antes mesmo de ter recebido a
resposta de Pierre Matisse, ele tenta restaurar o laço amistoso e
profissional, sem contudo renunciar a sua exigência. ‘Caso você não
concorde’, escreve-lhe ao final de uma carta voluntariamente cordial,
‘então serei obrigado a vender onde puder e a quem queira comprar e
pagar diretamente, sendo essa a única maneira para continuar vivendo, o
que será possível, pois três pessoas propuseram comprar assim que eu
tiver terminado, e mesmo no estado em que se encontra, o retrato de
Diego.’” [p. 210]
“Ao
lado das exposições, as encomendas de livros constituem outro estímulo
ao trabalho ao qual Giacometti responde sempre de maneira favorável.
Desde 1959 ele se dedica a um projeto bem ambicioso iniciado pelo amigo
Tériade: uma série de litografias sobre suas deambulações em Paris, para
uma obra intitulada Paris sans fin [Paris sem fim], para a
qual ele se compromete a redigir o texto. Essa longuíssima sequência de
desenhos, que ele produzirá até sua morte, constitui uma espécie de
diário de suas atividades cotidianas: os deslocamentos a pé nas
proximidades do ateliê, os passeios de carro por Paris com Caroline (ele
não sabe dirigir), os restaurantes onde Annette, Diego e ele fazem suas
refeições, os cafés em Saint-Germain-des-Prés, onde encontra os amigos,
os bares noturnos, o ateliê e as obras em execução, a gráfica Mourlot, o
apartamento de Annette, uma visita ao Museu de História Natural…”
[p. 297]
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