domingo, 30 de julho de 2023

Haddad diz que Copom é ‘pouco plural’ sobre juros e diz esperar início do ‘ciclo de cortes’ da Selic

 

POLITICA LIVRE
brasil

O ministro Fernando Haddad (PT), Economia, afirmou neste sábado (29) que o Copom (Comitê de Política Monetária) é “conservador”, “pouco plural” e “monolítico” e que o governo busca levar pontos de vista diferentes ao trocar diretores do Banco Central
Haddad também disse esperar que comece “o ciclo de cortes” na taxa Selic (taxa básica de juros) e que o espaço que existe para a queda é “bastante considerável”. As declarações foram em entrevista à TV GGN, do jornalista Luis Nassif.

As primeiras trocas no Copom foram consolidadas em julho, com a posse de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino como chefes da diretoria de Política Monetária e a de Fiscalização do Banco Central, respectivamente.

Ambos participarão pela primeira vez da reunião do comitê, que se reunirá na próxima terça (1º) e quarta-feira (2).

A Selic está em 13,75% ao ano. Diante da trégua da inflação vista em indicadores recentes, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre eles Haddad, vêm pressionando o Copom por uma redução no patamar.

“O papel que o governo tem que cumprir nesse momento, sobretudo na nomeação dos novos diretores, o que procurei fazer, é levar pontos de vista diferentes para o Copom”, disse Haddad.

“O Copom está muito monolítico, pouco plural, e talvez nem sempre levando em consideração o conjunto de variáveis da economia, embora o Banco Central tenha muita informação. É um órgão muito preparado do ponto de vista técnico.”

O ministro afirmou que o problema está na “análise” das informações e não na posse delas e disse esperar que já neste ano o governo consiga dar uma “arejada” no debate. Haddad disse que esperava que houvesse sinalização de corte da taxa de juros já em junho, diante dos indicadores econômicos.

Haddad reforçou ver espaço “considerável” para corte na taxa de juros. Ponderou que se houver uma diminuição de 0,5 ponto percentual na taxa Selic na próxima semana, baixando de 13,75% para 13,25%, isso terá mais impacto no “curto prazo no investimento do que no consumo”.

“Se cair de 13,75 para 13,25, o que isso vai significar em termos de atividade econômica? É uma sinalização apenas, mas na prática é muito pouco. Mas enfim, penso que o ciclo de cortes vai começar e que o espaço que existe é bastante considerável.”

“Um corte de 0,5 ponto percentual na Selic vai ter impacto de mais curto prazo no investimento do que no consumo. Mas ela tem impacto na economia. E começa um ciclo que reposiciona os agentes econômicos.”

Haddad voltou a dizer que a inflação deve terminar abaixo de 5% no final do ano e o PIB deve ter alta de 2%.

O ministro ainda comentou que enviará ao Congresso Nacional, na retomada dos trabalhos legislativos em agosto, quanto fica a alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA) com as exceções que foi incluída na reforma tributária na Câmara dos Deputados.
“Nós vamos mandar no começo da semana, senão na próxima, na outra, já está ficando pronta… nós vamos mostrar quando custa, em termos de alíquota padrão, cada exceção. (…) Você vai acumulando as exceções até chegar numa alíquota padrão que desvia da desejada pela sociedade.”

O objetivo, diz ele, é dar “clareza” ao Congresso. “Se ele está beneficiando um setor, ele tem que estar muito bem embasado para isso. Porque todo mundo vai pagar. por isso, se todo mundo vai pagar por isso, tem que ter uma boa justificativa.”

“A PEC é muito boa, o que eu faria seria dar uma limada nela para ela ficar mais enxuta e se tiver que voltar para a Câmara, voltar para fazer o gol, voltar para encerrar o assunto. Não tem nada mais importante do que essa PEC no nosso horizonte, além do que o complemento dela.”

Haddad ainda foi questionado e falou sobre a tramitação do PL das fake news. “Vai dar trabalho para o congresso achar uma linha fina entre liberdade de expressão e censura. Mas estou de acordo que precisamos nos debruçar sobre esta questão para criar uma cadeia de responsabilização.”

Julia Chaib / Folha de São Paulo

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