Roana
teve de ficar internada por uma semana para normalizar a glicemia e
regular a quantidade de insulina. Depois, iniciou tratamento contínuo
com a substância, sem receber orientações sobre cuidados específicos
envolvendo possíveis complicações. Após alguns anos, ela começou a
enxergar pontinhos e manchas pretas na visão e foi ao oftalmologista. O
médico a tranquilizou, dizendo que não precisaria fazer nenhum
tratamento por ora, e não trouxe a possibilidade do sintoma ter relação
com o diabetes. Depois de algum tempo, no entanto, o problema piorou.
Roana procurou outro oftalmologista, que conduziu um exame de mapeamento
retina - popularmente conhecido como exame de fundo de olho - e
constatou que ela estava com uma forma avançada da retinopatia
diabética, conhecida como edema macular diabético.
“A
retinopatia diabética é uma complicação crônica do diabetes,
caracterizada por lesões vasculares na retina, como microaneurismas e
hemorragias", explica a Dra. Paula Roberta Ferreira Louzada, médica
oftalmologista, chefe do setor cirúrgico do Hospital de Olhos Santo
Antônio - Sergipe e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Os
sintomas podem incluir visão turva, manchas escuras na visão e
dificuldade em enxergar à noite. O edema macular diabético (EMD), por
sua vez, é uma complicação ocular da retinopatia diabética,
caracterizado pelo acúmulo de fluido na região central da retina,
conhecida como mácula, que é responsável pela visão central. “O EMD
geralmente ocorre devido a danos nos vasos sanguíneos da retina causados
pela hiperglicemia crônica. Os principais sintomas incluem visão
embaçada ou distorcida, diminuição da acuidade visual e mudanças na
percepção das cores”, afirma a médica. Cerca de 21 milhões de pessoas em
todo mundo vivem com a EMD, uma das principais causas de perda de visão
entre adultos em idade ativa.
Após
o diagnóstico, Roana foi transferida para um hospital oftalmológico e
passou por uma série de tratamentos ao longo dos anos, incluindo
cirurgias, terapias a laser e aplicações intra-vítreas, na qual são
injetados medicamentos dentro da região afetada nos olhos. Roana perdeu a
visão do olho direito, mas o tratamento preservou a visão do olho
esquerdo até o momento. A jornalista, que hoje é membro da Associação de
Diabéticos de Poços de Caldas, acredita que poderia ter evitado a
gravidade do problema se o diagnóstico viesse mais cedo - e se houvesse
um maior conhecimento de toda comunidade médica sobre as complicações do
diabetes. “Se eu tivesse tido uma instrução melhor sobre diabetes,
provavelmente eu não teria problema de edema macular hoje. Ou, se
tivesse, seria mais simples de tratar, não tão grave quanto está
atualmente”, afirma.
“É
fundamental disseminar informações acessíveis sobre as possíveis
complicações e os riscos associados ao diabetes”, afirma a Dra. Louzada.
“Uma educação de qualidade ajuda os pacientes a entenderem a
importância do controle da glicemia, do acompanhamento médico regular e
da adoção de um estilo de vida saudável, contribuindo para que
reconheçam os sinais precoces de problemas oculares e busquem tratamento
adequado”, explica. Pensando nesse cenário, a Roche lançou o Portal Tipo Você,
que disponibiliza conteúdos informativos e educativos sobre a condição,
para que pacientes e familiares aprendam e aperfeiçoem o gerenciamento
do diabetes.
A
Dra. Louzada alerta que o edema macular diabético, quando não tratado
ou tratado de forma inadequada, pode causar cegueira irreversível - e
que os casos da doença devem aumentar nos próximos anos. “Com o aumento
da expectativa de vida da população haverá um aumento de pessoas
diabéticas e de tempo de doença nessas pessoas, aumentando ainda mais as
chances de desenvolvimento de edema macular diabético”, contextualiza. A
médica ressalta que, atualmente, o tratamento é personalizado e existem
diversas opções terapêuticas disponíveis para controlar a progressão da
doença, mas reforça que o diagnóstico precoce é essencial para aumentar
as chances de preservar a visão. “É importante realizar exames
oftalmológicos regulares, mesmo na ausência de sintomas, para detectar e
tratar precocemente possíveis alterações na retina”, afirma.
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