sábado, 1 de abril de 2023

Projetos no papel são sempre eficientes: Campos Neto vê boa vontade de Fernando Haddad

 



Campos Neto não se coloca no mesmo degrau de igualdade que Haddad

Pedro do Coutto

O ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet apresentaram na tarde de quinta-feira o projeto de uma nova âncora ou novo marco fiscal para o país, escalonando despesas e investimentos a partir de um forte aumento da arrecadação pelo Tesouro Nacional. As reportagens que focalizaram o tema foram de Manuel Ventura, O Globo, e de Idiana Tomazelli, Thiago Resende e Alexa Salomão, Folha de S. Paulo.

Ontem também, Natália Garcia, na Folha de S. Paulo, destacou um ponto importante de uma observação de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que identificou a boa vontade do ministro da Fazenda em matéria de marco fiscal. No O Globo, a manifestação do presidente do Bacen foi destacada por Fernanda Trisotto.

POSIÇÃO OBLÍQUA – Observa-se que ao destacar que identificou no pronunciamento de Haddad uma boa vontade, Campos Neto assumiu, mais uma vez, uma posição oblíqua de comando sobre o governo Lula. Caso contrário, não classificaria o posicionamento do ministro da Fazenda como prova de boa vontade. O presidente do BC sequer tentou disfarçar seu posicionamento, recorrendo a um degrau de igualdade entre ele e o titular da Fazenda. Continuou prevalecendo a sua posição a favor da Selic em 13,75% ao ano.

Tal cenário contraria frontalmente o presidente Lula da Silva, que não deve ter ficado satisfeito com o trabalho apresentado pelo Ministério da Fazenda, pois reduz a faixa percentual de investimentos no plano financeiro do governo e condiciona o aumento de despesas a uma reação positiva da receita. Mas esta dependerá do próprio governo em cobrar de quem deve pagar mais impostos.

NA PRÁTICA – O fato predominante, a meu ver, não está no papel ou nas telas do computador. Nem sempre a realidade destes confirma as previsões. Os exemplos são inúmeros em que há convergência entre as metas e o efetivamente alcançado. A impressão que se tem é que a nova âncora fiscal proposta pela Fazenda e pelo Planejamento leva mais a sério a contenção de gastos do que os investimentos para libertar faixas enormes da população da miséria e da fome.

Nesse ponto, a decolagem do governo em matéria de projetos aos Congresso Nacional pode não ter sido do agrado do presidente Lula da Silva que deseja uma atuação mais imediata no combate ao abandono social que se verifica no país. Basta observar reportagens divulgadas pela GloboNews e pela TV Globo, por exemplo, sobre as condições de vida em uma série de regiões brasileiras.

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