domingo, 30 de abril de 2023

Eficiência da Abin surpreendeu Lula e o PT, que confiavam no “bolsonarismo” da Agência

 



Justiça suspende nomeação de agente da Abin para coordenar relação com ONGs

Abin cumpriu sua missão e deixou muito mal o governo Lula

Carlos Newton

A tradução simultânea dos gravíssimos acontecimentos de 8 de janeiro, com a desenfreada invasão das sedes dos Três Poderes, sem que houvesse a necessária repressão, indica que o presidente Lula da Silva e sua entourage jamais poderiam imaginar que na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) houvesse funcionários dedicados e que se atuassem em defesa do interesse público.

A cúpula do governo Lula certamente esperava que, durante os quatro anos de Bolsonaro, os agentes da Abin tivessem sido doutrinados contra o petismo, como ocorreu com as Forças Armadas, sem a menor dúvida. Mas a realidade da Agência é bem diferente.

TROPA DE ELITE – Apenas os dirigentes da Abin foram nomeados por Bolsonaro. Seu corpo técnico é formado por servidores civis de alto nível, selecionados em concurso público com elevado grau de dificuldade, em que há cerca de 200 candidatos disputando cada vaga. E os aprovados depois são submetidos a rigorosos testes físicos, avaliação médica e psicológica, além de investigação social. Portanto, fazem parte da elite do serviço público brasileiro.

A cúpula petista, no entanto, julgava que os agentes da Abin iriam apoiar o vandalismo contra os três Poderes. Mas se enganou. No serviço de inteligência, ainda há brasileiros de verdade, que trabalham em prol do país, independentemente de quem esteja transitoriamente no poder. Os políticos passam, mas o Brasil permanece. Quem é funcionário público tem de servir ao país, e não a eventuais governos.

E a Abin cumpriu exatamente sua obrigação, ao monitorar o movimento bolsonarista e transmitir informes diretos a todos os órgãos públicos que pudessem reagir contra a tentativa de tumultuar a nova administração federal.

REPORTAGEM OPORTUNA – O erro de avaliação do governo veio a tona na última sexta-feira, dia 28, com a publicação da importantíssima reportagem de Thaísa Oliveira e Cézar Feitoza, na Folha, mostrando que os insistentes alertas feitos pela Abin desde o dia 6 de janeiro foram absurdamente desconsiderados pelo governo federal e pelo governo de Brasília, evidenciando a existência de um complô para facilitar a invasão e depredação da Praça dos Três Poderes.

Mas qual seria o objetivo desse surpreendente conluio? Ao que tudo indica, pretendia-se aumentar a desmoralização do bolsonarismo, por incentivar explosões de violência contra as autoridades constituídas e as instituições públicas. E foi realmente o que aconteceu, com os atos de vandalismo agredindo a boa índole do povo brasileiro.

Mas os repórteres inverteram a situação, ao mostrar que a Abin cumpriu seu dever, embora os informes tenham sido desprezados pelos 13 órgãos federais e distritais envolvidos com a questão, que se omitiram e facilitaram a ação dos vândalos.

VIDA QUE SEGUE – Não vai acontecer nada a quem se omitiu e deixou rolar a depredação. Devem ser condenados apenas os 294 invasores (86 mulheres e 208 homens) que foram apanhados em flagrante dentro dos palácios ou identificados depois em fotos e gravações. Aliás, são os únicos que continuam presos.

O folclórico general Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, foi demitido, mas vida que segue, diria João Saldanha, pois o militar tem garantida a pensão superior a R$ 30 mil mensais, com atendimento médico e dentário gratuito, viagra à vontade e até prótese peniana, tudo incluído no mesmo pacote.

Quanto aos demais envolvidos, já encontraram uma desculpa tecnológica. Como as mensagens de alerta da Abin foram enviadas por WhatsApp, todos eles dizem que não tiveram paciência para ler. E assim la nave va, cada vez mais fellinianamente.

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