quarta-feira, 29 de março de 2023

Quem é Stormy Daniels, a atriz pornô que pode acabar com Trump.

 



Elevada a heroína progressista pela mídia que só pensa em ver o ex-presidente preso, ela está conseguindo monetizar a relação. Vilma Gryzinski:


Ele a chama de “cara de cavalo”. Ela se refere a ele como “pequenininho” — e nem precisa explicar a que parte corporal a atriz pornô Stormy Daniels está se referindo quando fala de Donald Trump.

“Eu não vou andar, vou dançar pela rua quando você for ‘selecionado’ para ir para a cadeia”, tuitou ela no momento em que os Estados Unidos inteiros esperam para ver, com ansiedade, desgosto ou alegria: Trump transformado em réu por causa do dinheiro que pagou, através de um advogado trambiqueiro, para a stripper e atriz pornô não vender a história sobre o encontro fortuito que tiveram em 2006.

Comprar silêncio, atividade também chamada de contrato de confidencialidade, pode ter sido um crime, no caso de Trump, porque os 130 mil dólares pagos pelo advogado Michael Cohen e depois reembolsados podem ser enquadrados como despesa não declarada de campanha. O pagamento foi em 2016, pouco antes de Trump espantar o país ao ganhar a eleição presidencial, transformando-se num inimigo mortal de todo o espectro político que vai da centro direita aos extremos de esquerda, incluindo os promotores ativistas que sonham em vê-lo preso. É exatamente o que está acontecendo agora.

Stephanie já tentou monetizar o relacionamento fugaz de várias maneiras, nem todas exatamente brilhantes. Uma delas foi contratar um advogado da pior qualificação, Michael Avenatti, que roubou os pagamentos a que ela teria direito por seu livro de memórias. Avenatti não era apenas desclassificado como também fantasista: tentou chantagear a Nike em 25 milhões de dólares e dizia ser um candidato imbatível a presidente dos Estados Unidos.

A parte da mídia que odeia Trump tratou-o como uma eminência jurídica antes que o castelo caísse e ele fosse condenado a catorze anos de prisão. A mesma reverência agora está sendo dirigida a Stormy. Uma apresentadora chegou a dizer que estava “emocionada” por entrevistá-la.

Nascida muito pobre e vulnerável num sítio em Baton Rouge, na Lousiana, com o nome Stephanie Gregory, Stormy tem 44 anos e parece mais, consequência de uma vida de extremos iniciada quando começou a fazer strip tease, ainda menor de idade. Poderia ter se tornado uma Pamela Anderson, com o estilo de loira com seios gigantescos bem ao gosto dos americanos, mas virou atriz pornô sem grande destaque. O máximo de fama a que chegou, antes do caso Trump, foi uma ponta na comédia O Virgem de 40 Anos.

O pulo da gata aconteceu em 2006, quando cruzou com Trump durante um torneio de golfe em Lake Tahoe, um ponto turístico de paisagem maravilhosa e uma ocasião para o encontro de homens mais velhos com loiras ambiciosas. Telefonemas e outros contatos acabaram redundando num encontro sexual cujos detalhes serão poupados. Todo mundo já sabe que foi convencional, exceto pela parte em que Trump a elogiou como bela e ambiciosa como sua filha Ivanka. Também prometeu uma vaga no reality show chamado na versão brasileira de O Aprendiz. Ela já era bem grandinha para não acreditar muito.

Em compensação, quando o parceiro fortuito se tornou um candidato viável à presidência, o cavalinho selado passou à sua frente. O advogado de Trump, Michael Cohen, que virou delator para diminuir a pena de prisão de quatro anos, diz que pagou os 130 mil dólares por um contrato de confidencialidade retroativo dias antes da eleição de 2016. Trump admite tê-lo reembolsado, mas nega qualquer delito eleitoral.

Muitas pessoas entendem que um homem casado procure esconder um sexo casual, principalmente quando a esposa acabou de dar à luz, como era o caso de Melania Trump. O casamento tremeu quando o caso se tornou público, já durante a acidentada presidência Trump.

Agora Stormy volta a se tornar uma personagem que galvaniza as atenções, principalmente dos trumpistas mais devotados que, não sem uma certa dose de razão, atribuem todas as atribulações de seu ícone a uma implacável perseguição política.

Em dezembro, Stormy se casou pela quarta vez, com o ator pornô Barrett Blade. Ela está dirigindo um filme do gênero e o marido faz a câmera. Além da carreira no universo pornô, ele tem uma empresa que vende roupas e acessórios temáticos sobre extraterrestres e também sobre a nova esposa. Ela se derrete, dizendo que ganhou dele a casa dos sonhos e uma família, além de “diamantes e sexo incrível”.

Pode ser que ganhe também o título de primeira atriz pornô a acabar com a carreira de um ex-presidente americano que só pensa em voltar à disputa eleitoral em 2024.

O nome dela foi copiado da filha de um músico do Mötley Crüe e do uísque americano Jack Daniels. Stormy já perdeu um processo por difamação contra Trump, já se afundou no caso de Michael Avenatti e enfrentou uma acusação de violência doméstica feita pelo segundo marido. A filha de doze anos mora com o pai. Em 2018, foi presa por contato corporal com clientes numa boate de strip tease, o que é proibido em Ohio, onde se apresentava. Processou o policial envolvido, acusando-o de motivação política. Embora a denúncia não fosse comprovada, ganhou 450 mil dólares de indenização por erros de conduta.

Como faz com a própria vida, Stormy está levando as águas da política ao ponto de fervura. O novo presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, aumentou a temperatura ao tuitar:

“É tudo um escandaloso abuso de poder por parte de um promotor radical que deixa criminosos saírem livres enquanto promove uma vingança política contra o presidente Trump”.

Stormy Daniels pode, como promete, bailar se Trump for transformado em réu, mas o clima é hardcore.

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