domingo, 26 de fevereiro de 2023

Se a Rússia estivesse vencendo, Putin não teria pedido a ajuda da China

 



Ações de Putin foram reprovadas por quando todos os países

Pedro do Coutto

Os fatos confirmam as tendências reveladas pelo presidente Vladimir Putin ao tentar obter apoio da China para o conflito com a Ucrânia, resultado da absurda invasão de um ano atrás, e de apoio diplomático para tentar conter as investidas dos Estados Unidos e dos países da Europa no fornecimento de armas ao governo de Kiev. É claro que se os resultados da guerra que desencadeou fossem favoráveis, Moscou jamais iria pedir apoio da China, sobretudo porque se o apoio viesse de uma forma decisiva e bélica, a vitória seria só do governo de Moscou.

O poder russo, realmente, não se demonstrou ser suficiente para decidir uma guerra que Putin considerou como sendo fácil, mas que se tornou difícil no campo das ações e foi condenada internacionalmente por praticamente todos os países do mundo. As exceções são restritas e nem a própria China dá apoio a Putin de forma integral. Pelo contrário, procurado por Putin, Pequim enviou o chanceler Wang Yi, destacando assim que não colocou a Rússia no primeiro plano de suas preocupações. Putin teve que tratar com o chanceler e não com o presidente do país.

PROPOSTA DE PAZ – A China formulou até uma proposta de paz, mas que não foi aceita por Zelenski porque incluía o reconhecimento de áreas incorporadas pela guerra por parte da Rússia.  A negociação internacional tornou-se difícil, pois a Ucrânia não abre mão de todos os seus territórios e os russos não querem ceder as áreas conquistadas durante a guerra.

Zelenski incorporou o presidente Lula da Silva em uma solicitação conjunta com os Estados Unidos, com a China e com a África. Sob o ângulo brasileiro, a convocação de Lula para a mesa das negociações proporcionou um destaque enorme ao Brasil, pois colocou o país numa esfera essencial para o equilíbrio mundial e para a paz.

Lula, evidentemente, terá que aceitar o convite de Zelenski e ir para Kiev. O Brasil, assim, destaca-se no primeiro plano universal. A decisão a ser tomada não será fácil, e a China sinalizou que o seu apoio a Moscou não é total. A Rússia foi isolada no contexto mundial, na medida em que não apresenta sinais de pacificação. Suas ameaças, entretanto, ficaram apenas no papel.

RELEVÂNCIA – Lula terá um papel relevante e que vai se projetar ainda mais com a sua chegada à Ucrânia e com a sua participação em uma mesa de negociações na qual pretende colocar uma proposta de paz. O Brasil se fortalece como uma potência importante do ponto de vista diplomático que representa a retomada do relacionamento externo do país que havia sido bloqueado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

A proposta de Zelenski para que Lula vá à Kiev está inserida na reportagem de Ana Rosa Alves, O Globo deste sábado. A matéria focaliza o contexto internacional previsto para as negociações, incluindo a América Latina. Para Zelenski, a presença de Lula é primordial nas negociações, sobretudo pela repercussão que o encontro terá. Mais um lance de comunicação universal, já que Zelenski tem obtido grande retorno nessa área se comparado a Putin.

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