Lula tem repetido que pretende integrar um grupo de países — citou a China e a Indonésia — que trabalhe para pôr fim ao conflito provocado pelos russos
Foto: Reuters
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ensaiam uma aproximação, depois que o líder russo Vladimir Putin admitiu a possibilidade de o brasileiro tornar-se um dos mediadores de um eventual acordo de paz entre russos e ucranianos. O petista e o ucraniano devem se falar na próxima semana, quando Zelensky possivelmente fará um convite a Lula para visitar Kiev.
Na sexta-feira (24/2), em uma coletiva na qual fez um balanço do primeiro ano do conflito, o ucraniano disse que tem interesse que Lula se envolva na construção de uma solução para a a guerra. "Aprecio bastante que, em alguns aspectos, o Brasil realmente está apoiando a nossa integridade e soberania. Para nós, isso é de suma importância, especialmente agora. Estou apenas esperando pelo nosso encontro, porque, você sabe, olho a olho, cara a cara, serei mais compreendido, a Ucrânia será mais compreendida", disse Zelensky, para acrescentar: "Gostaria muito que ele me ajudasse e me apoiasse com uma plataforma para conversar com a América Latina. Estou realmente interessado nisso".
Lula tem repetido que pretende integrar um grupo de países — citou a China e a Indonésia — que trabalhe para pôr fim ao conflito provocado pelos russos. Na ida aos Estados Unidos, no começo do mês, ele afirmou ao presidente Joe Biden que não enviaria armamentos à Ucrânia — a Alemanha vinha pressionando o Brasil para que cedesse munição aos tanques Leopard-1 enviados pelo governo de Berlim aos ucranianos — como forma de manter o Brasil equidistante dos dois lados envolvidos na guerra e, também, para tentar costurar um diálogo para a paz.
Como forma de lembrar que o conflito completou um ano, Lula foi às redes sociais renovar os apelos pelo fim do confronto. Para o presidente, os países não envolvidos no conflito, como o Brasil, devem encaminhar uma negociação pelo fim da guerra.
"No momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, completa-se um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países, não envolvidos no conflito, assuma a responsabilidade de encaminhar uma negociação para restabelecer a paz", tuitou o presidente.
No final de março, Lula vai à China e, na reunião bilateral com o presidente Xi Jinping, vai pedir a participação de Pequim — que é aliada de Moscou — na negociação de paz.
Intermediação
O governo russo acenou com a hipótese de aceitar que o petista integre uma comissão internacional, para mediar um eventual acordo de paz, em uma entrevista do vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Galuzin, a uma rede de tevê do país. "Notamos as declarações do presidente do Brasil sobre o tema de uma possível mediação para tentar encontrar meios políticos de evitar escalada na Ucrânia, corrigindo erros de cálculo no campo da segurança internacional com base no multilateralismo, e considerando os interesses de todos os atores", sinalizou, dizendo, ainda, "apreciar" a decisão brasileira de não enviar armas à Ucrânia.
Fonte; Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário