Rio
de Janeiro, 28 de dezembro – O Instituto Nacional de Cardiologia
realizou pela primeira vez, na última sexta-feira, dia 23, uma
linfangiografia em um bebê, procedimento de alta complexidade que evitou
que a criança precisasse se submeter a uma cirurgia de grande porte.
O
procedimento foi realizado com sucesso pelos radiologistas
intervencionistas convidados Dr. Raphael Braz e Dr. Diego Lacerda,
oriundos do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Uerj) e Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ), respectivamente.
A
paciente, uma menina de quatro meses de idade, nasceu com uma
cardiopatia chamada transposição dos grandes vasos, em que a artéria
pulmonar e a aorta se apresentam em posição trocada, e está internada
desde os quatro dias de vida no INC.
Aos 21 dias
de vida, a menina foi submetida no INC à cirurgia de Jatene,
procedimento desenvolvido pelo pioneiro médico brasileiro Adib Jatene há
mais de 40 anos para a correção desse problema. A cirurgia teve
sucesso, mas o bebê apresentou uma complicação conhecida como
quilotórax, que se caracteriza por líquido extravasado dos vasos
linfáticos.
De acordo com a Dra. Renata Mattos,
chefe da Pediatria do INC, em crianças com cardiopatia congênita, é
comum que existam malformações nos vasos linfáticos e a consequência
disso é o acúmulo de líquido nos pulmões ou no abdome.
A
linfangiografia é uma injeção de contraste nos linfonodos inguinais pra
tentar desenhar os vasos linfáticos e observar se existe alguma
obstrução ou vazamento e, se possível, tratar estes problemas.
Com
o procedimento, a equipe do INC pôde diagnosticar a paciente de maneira
muito menos invasiva, evitando assim uma cirurgia de ligadura do ducto
torácico, procedimento arriscado e de grande porte, que no caso dessa
paciente, não seria eficaz.
“A linfangiografia
serviu pra diagnosticar que a cirurgia não resolveria o problema. Teria
sido uma cirurgia desnecessária, com altíssimo risco”, conta a Dra.
Renata. “Foi a primeira vez que fizemos a linfangiografia aqui na
Pediatria e é importante para nós, porque muitos cardiopatas têm
problemas parecidos.”
A pequena paciente continua
internada no INC, pois seu estado de saúde ainda inspira cuidados.
Segundo a Dra. Renata, é possível que, com o crescimento da criança, os
vasos linfáticos se desenvolvam e o problema acabe por se resolver.
Além
de Renata Mattos, Raphael Braz e Diego Lacerda, também compõem a equipe
o Dr. Henrique Salas, Dr. Roberto Meireles, Dra. Cristiane Gomes, Dr.
César Medeiros e Dr. Anderson Fontes.
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