domingo, 27 de novembro de 2022

Grupo de transição de Tarcísio tem 4 homens para cada mulher

 


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A equipe de transição do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), conta apenas com 20% de mulheres, de um total de 105 nomes.

O número só chega a esse patamar devido ao eixo temático de mulheres, que sozinho reúne oito profissionais. Áreas importantes como saúde, economia e agricultura são compostas somente por homens.

Apesar do déficit, o governador eleito anunciou na sexta-feira (25) a procuradora federal da AGU (Advocacia Geral da União) Natalia Resende para uma supersecretaria que juntará as áreas de meio ambiente, infraestrutura e transportes. Como outros membros da equipe do futuro governador, ela atuou com Tarcísio no Ministério da Infraestrutura.

Entre os cinco nomes de secretários que vieram a público, ela é a única mulher. O governador eleito, porém, promete que sua gestão contemplará novos nomes. “Teremos [outras secretárias], então aguardem as cenas dos próximos capítulos”, afirmou em entrevista a jornalistas.

O governo também deve anunciar outros nomes de mulheres para a equipe de saúde da transição.

O número de pastas deve se manter em 28, mas pode haver remanejamento de áreas. Tarcísio prometeu uma Secretaria da Mulher, que hoje não existe. O assunto está na pauta da transição, segundo a coordenação.

Natalia Resende integra a transição com outras 20 mulheres, como a deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL), Cristiane Freitas, ex-funcionária da Embratur e mulher de Tarcísio, a ex-atleta Maurren Maggi, além de outras parlamentares do Republicanos e do PL e integrantes do Escolas Abertas, criado na pandemia com o objetivo de manter os colégios em funcionamento diante da necessidade de isolamento.

Única no grupo de segurança pública e administração penitenciária, a delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi (PL), deputada estadual eleita, considera que os nomes da lista de transição foram escolhidos com base no histórico de atuação em seus respectivos segmentos, “não por gênero”.

“Concordo que mulheres precisam ter cada vez mais oportunidades para exercer suas atribuições, mas vi a escolha do governo como técnica e não ideológica”, diz. “O Governo de São Paulo foi carente da presença de mulheres nos últimos 30 anos e não existe esse questionamento.”

Raquel preside o Sindicato estadual dos Delegados de Polícia de São Paulo e deve contribuir na transição fornecendo dados e relatórios regionais elaborados durante os seis anos em que esteve à frente do sindicato. Seu trabalho será munir o governo com dados para que São Paulo tenha “polícia na rua, investigação, certeza do castigo e liberdade”, afirmou.

“Fomos escolhidas por critérios técnicos e vamos mostrar com trabalho e competência que não temos medo de desafios e que as escolhas foram corretas”, disse a deputada.

A engenheira Priscilla Perdicaris, que trabalha na coordenação geral com Guilherme Afif, diz que a escolha de nomes da transição contemplou mais homens porque muitos participaram do plano de governo e porque o cenário de lideranças ainda não contempla a igualdade.

Segundo ela, o governo tem a intenção de diminuir essa distância ao longo do mandato. Ela assegurou que a Secretaria da Mulher sairá do papel.

“Podem ser 21 mulheres, mas garanto que valem por mais. Estamos com o desafio de trazer novos nomes e agenda de gênero estará presente”, afirmou.

Diferentemente de Fernando Haddad (PT), que havia prometido paridade no primeiro escalão entre homens e mulheres, Tarcísio não se comprometeu com qualquer percentual.

Ele prometeu a Secretaria de Políticas para as Mulheres com diretorias estruturadas para a valorização da mulher. Além disso, prometeu aumentar o horário de funcionamento das delegacias da mulher.

Paula Soprana e Artur Rodrigues / Folha de São Paulo

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