| Quatro especialistas médicos das áreas de endocrinologia, nutrição, vascular e cirurgia plástica comentam sobre esta doença que atinge 10% de toda a população mundial
São Paulo, 28 de setembro de 2022 – O
termo “Síndrome da Gordura Dolorosa” surgiu na década de 1940. Mas, em
pleno 2022, você já ouviu falar dela? Esta Síndrome nada mais é do que
chamamos de Lipedema, uma doença crônica que atinge mulheres no mundo
inteiro, causada pelo acúmulo de gordura nos braços, quadris e,
principalmente, nas pernas, provocando dores, problemas de locomoção e
uma sensação de peso nesses membros. A conquista da CID11 no início do ano e um maior conhecimento da classe médica fez com que especialistas do Instituto Lipedema Brasil de diversas áreas se unissem este mês por meio de uma ação da ONG Movimento Lipedema Brasil – braço social do Instituto. O objetivo foi levar conhecimento multidisciplinar e ajudar as mulheres que sofrem com a doença a entenderem melhor a patologia e a se conhecerem cada vez mais.
Gordura normal x Gordura do Lipedema - O Lipedema sob o ponto de vista endocrinológico
Existe diferença entre estes dois tipos de gordura? Sim. A gordura do Lipedema é doente. Segundo o dr. André Faria, endocrinologista do Instituto Lipedema Brasil,
o Lipedema é uma doença do tecido adiposo, ou seja, uma doença da
gordura. A sua inflamação leva à fibrose que, por consequência, leva aos
edemas (inchaços), característicos da síndrome. Durante muito tempo, o
Lipedema foi uma doença subdiagnosticada por médicos e pela sociedade. “Era mais fácil dizer à mulher que ela estava com obesidade do que orientá-la com ajuda e informação. Felizmente, esta realidade está mudando”, diz.
Alimentação da terra - O Lipedema sob o ponto de vista nutricional
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Ter uma dieta anti-inflamatória é um dos quesitos para quem tem
Lipedema. Isto porque a inflamação causada pelo consumo de alguns
alimentos e bebidas piora as dores. Segundo a nutricionista do Instituto Lipedema Brasil, Claudia Bellini,
um dos primeiros passos para conter a inflamação é a conscientização da
patologia e o resgate dos alimentos da terra, aqueles que a própria
natureza fornece. “Alimentação é um estilo de vida e a inflamação é uma consequência que vem dessa alimentação”, diz.
- Veja algumas dicas da nutricionista para consumir e aliviar a inflamação do Lipedema:
Verduras
e legumes; Frutas; Leguminosas (feijão, ervilha, lentilha); Tubérculos
(mandioca, batata, cenoura, gengibre); Raízes e rizomas; Ervas e
especiarias (condimentos naturais); Gorduras boas (abacate, azeite);
Oleaginosas (nuts); Grãos e Sementes (Chia, Girassol, Linhaça). E tomar água é fundamental. “Não é possível desinflamar sem tomar água”, finaliza.
| | Linfedema ou Lipedema? O Lipedema sob o ponto de vista vascular
- Lipo significa gordura e Edema significa inchaço.
“Muitas vezes, a mulher com Lipedema tem a gordura, mas não é só isso.
Tem também a questão vascular, ou seja, tem as varizes expostas, manchas
etc., a dor na articulação, e os sinais internos como dor à pressão,
pernas pesadas, dor latente”, comenta o cirurgião vascular do Instituto Lipedema Brasil, dr. Vitor Gornati.
- Linfedema x Lipedema, qual a diferença?
O Linfedema é o acúmulo de líquido nos tecidos que resulta em um
inchaço. É unilateral, inclui o pé, é assimétrico. Já o Lipedema é o
acúmulo de gordura em partes específicas do corpo como braços, pernas e
quadris. Pode apresentar garrote no tornozelo, não “some” com exercício
físico ou dieta. - É possível ter os dois? Infelizmente, sim. Cerca de 20% das mulheres podem ter Linfedema associado ao Lipedema, segundo o especialista. | | Só a cirurgia resolve? O Lipedema sob o ponto de vista da cirurgia plástica
- Não. A cirurgia é a única maneira de remover as células adiposas doentes. Segundo o diretor do Instituto Lipedema Brasil, o cirurgião plástico dr. Fábio Kamamoto,
uma vez removida, esta gordura não volta mais, pois não há
multiplicação dessas células. É possível remover por meio de
lipoaspiração até 7% do peso da mulher. No entanto, como não há
tratamento ainda coberto pelo SUS ou pelos convênios, as mulheres que
não puderem fazer o tratamento cirúrgico, podem apostar no tratamento
clínico como uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas
regiões; drenagem linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim,
atividade física preferencialmente de baixo impacto. Estas ações
amenizam os sintomas.
Para saber mais sobre a ONG Movimento Lipedema: movimentolipedema.org @ongmovimentolipedema no Instagram/ Facebook Sobre o Instituto Lipedema Brasil O Instituto Lipedema Brasil (www.institutolipedemabrasil.com.br)
é o primeiro centro de referência de Lipedema no país, criado para
compartilhar informações, apresentar a doença para a sociedade e
mobilizar milhões de mulheres. É o primeiro no país a dedicar estudos,
pesquisas e ensino à população e aos profissionais de saúde. Criado e
dirigido pelo dr. Fábio Kamamoto desde 2021, o Instituto Lipedema Brasil
foi pensado para unir três pilares importantes dessa mudança:
Transformação social, Educação e Pesquisa. Por meio de uma campanha
no Youtube e no Instagram, o Instituto luta pela democratização do
acesso ao tratamento da doença no país, como já acontece em outros
países como os Estados Unidos. Atualmente, a campanha conta com mais de 15 mil assinaturas. | |
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