sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Alvo da Lava Jato por doações, Instituto Lula mantém sigilo sob nome de doadores

 


De janeiro de 2021 até o primeiro semestre deste ano, a entidade afirma que recebeu cerca de R$ 700 mil, principalmente, por meio de vaquinhas virtuais. 


Tribuna da Bahia, Salvador
30/09/2022 06:00
31 minutos
Foto: Montagem: Toleto Prudente Centro Universitário

Por Julia Affonso 

Após ser alvo da Operação Lava Jato por supostas doações filantrópicas irregulares da Odebrecht, o Instituto Lula diz que vive hoje de contribuição de pessoas físicas, mas mantém os nomes dos doadores sob sigilo. De janeiro de 2021 até o primeiro semestre deste ano, a entidade afirma que recebeu cerca de R$ 700 mil, principalmente, por meio de vaquinhas virtuais. 

Pivô de duas denúncias feitas pela Lava Jato, o Instituto Lula afirma que não recebe desde então mais colaborações financeiras de empresas. Embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva critique seu adversário Jair Bolsonaro por decretar sigilo de 100 anos em informações do seu governo, a entidade do petista mantém todos os dados sob reserva. 

Na primeira acusação contra Lula, de dezembro de 2016, os procuradores do Ministério Público Federal de Curitiba afirmaram que propinas da Odebrecht haviam sido lavadas por meio da compra de um terreno para o instituto, avaliado em R$ 12,5 milhões em São Paulo. 

Na segunda denúncia, em setembro de 2020, o Ministério Público Federal acusou Lula, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o então presidente do instituto, Paulo Okamotto, pelo crime de lavagem de dinheiro. A operação afirmou que a entidade havia recebido quatro doações simuladas de R$ 1 milhão, cada, da Odebrecht, entre dezembro de 2013 e março de 2014. 

As duas acusações foram suspensas pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro do ano passado. Os processos corriam na 10.ª Vara Federal Criminal de Brasília, após a Corte declarar a Justiça de Curitiba incompetente para processar e julgar ações contra Lula. O ministro do STF já havia anulado as provas produzidas contra o ex-presidente no acordo de leniência celebrado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal. 

Doações 

Presidente do instituto à época das investigações, Paulo Okamotto integra hoje a diretoria da entidade. O comando está nas mãos do economista Márcio Pochmann, que chefiará o instituto até o ano que vem. Ao Estadão, o atual presidente afirmou que nem Lula nem a diretoria recebem salários do instituto. Antes da Lava Jato, havia pagamento de remuneração à diretoria. Lula é presidente de honra do instituto e não tem função de direção na entidade. 

Lula e Okamotto são sócios da LILS Palestras, Eventos e Publicações, aberta em 2011, após o petista deixar a Presidência da República. Okamotto negou ontem ser “testa de ferro” do Lula. “Aqui não existe testa de ferro. Não há sócio oculto. Tudo é feito às claras”, disse, em nota, depois de o candidato Ciro Gomes (PDT) ter dito, em entrevista ao Flow Podcast que Lula mantém R$ 20 milhões na conta do instituto que leva seu nome para não pagar impostos. 

Durante a Lava Jato, a Polícia Federal investigou 23 palestras feitas por Lula para as construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS por R$ 9,3 milhões. A juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, reconheceu, em 2020, a legalidade das palestras de Lula e arquivou a apuração, que durou cinco anos. 

Fonte: Agência Estado

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