terça-feira, 30 de agosto de 2022

Há quase 30 anos, o cientista Carl Sagan previu que haveria “emburrecimento” da humanidade

 


ImagemDuarte Bertolini

Li este texto no blog “Brasil Soberano e Livre”, achei Interessante porque mostra como os sinais de mudança e decadência das civilizações são perceptíveis aos homens da ciência, que não se deixam fanatizar. Realmente, há algum tempo me chama atenção o verdadeiro besteirol, beirando ao retardamento, na quase totalidade dos enredos de filmes e séries americanos dos últimos anos. A decadência na música é tamanha que chega a agredir nossos ouvidos.

Já comentei diversas vezes esse retrocesso cultural. É desanimador ver nossos filhos e netos assistindo a essas produções de baixíssimo nível ou ouvindo músicas verdadeiramente tribais.

VALORES MORAIS? – No caso de filmes e séries, os valores morais são desprezados, não existe menção às regras básicas de funcionamento de uma sociedade, os personagens vivem de forma egoísta apenas o dia de hoje, pensando em se dar bem às custas de qualquer um ou qualquer ação, o que agride o bom senso.

Mas encontrei este artigo sobre o pensamento do grande astrofísico americano Carl Sagan, que mais cientificamente reflete a essa decadência. Suas reflexões foram exatas. Através delas, podemos até entender como o Brasil chegou a esta polarização, em que são chamadas de “mito” e de “grande líder” duas figuras rasas e patéticas como Bolsonaro e Lula.

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CARL SAGAN – INFELIZMENTE – TINHA RAZÃO
Felipe Espinosa Wang    
Deutsche Welle

Há 27 anos, o astrofísico e grande divulgador da ciência Carl Sagan (1934-1996), conhecido mundialmente pela série de televisão Cosmos, lançou uma previsão extremamente acertada sobre o futuro, na qual parecia antecipar o auge das grandes tecnologias e da desinformação. Ainda que a previsão dissesse respeito especificamente ao futuro dos Estados Unidos, os temas de que trata possuem um caráter mais universal; uma premonição geral da sociedade moderna.

Além de seu trabalho como astrônomo, cientista planetário, cosmólogo, astrofísico, astrobiólogo e promotor da ciência, Sagan também era um escritor prolífico. Em 1995, publicou “O mundo assombrado pelos demônios”, em que a ciência é vista como uma vela no escuro, com Sagan abordando desde questões espirituais até desmentidos sobre abduções alienígenas.

BUSCA PELA PAZ – Mas, bem além desses temas, seu livro constrói uma defesa apaixonada da ciência e do método científico, e explica como ela ajudou a iluminar muitos dos rincões mais sombrios do universo.

Dessa forma, o astrofísico demonstra como a busca pela paz e pela verdade era minada por dois velhos conhecidos da humanidade: a superstição e a pseudociência.

Hoje, passados 27 anos da publicação do livro, o que mais chama atenção nas redes sociais é uma passagem descritiva na qual Sagan faz uma previsão sobre futuro dos Estados Unidos, inquietantemente similar à realidade em que se vive.

PREVIU SAGAN – “A ciência é mais do que um conjunto de conhecimentos, é uma forma de pensar. Tenho um pressentimento sobre uma América, na época dos meus netos ou bisnetos, quando os EUA serão uma economia de serviços e informação; quando quase todas as principais indústrias de manufatura terão escapado para outros países; quando impressionantes poderes tecnológicos estarão nas mãos de alguns poucos, e ninguém que represente os interesses públicos conseguir compreender os problemas; quando os seres humanos tiverem perdido a capacidade de estabelecer seus próprios objetivos ou de questionar com conhecimento de causa os que detêm a autoridade; quando, apegados aos nossos cristais e consultando nervosamente nossos horóscopos, com nossas faculdades mentais em declínio, incapazes de distinguir entre o que nos faz sentir bem e o que é verdade, retrocedemos, quase sem perceber, à superstição e às trevas.”

Ainda que Sagan costumasse projetar visões otimistas, o trecho descreve uma possível sociedade distópica, repleta de divisão, confusão, desconfiança nas autoridades e uma separação cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres, sob lideranças cada vez mais autoritárias.

“EMBURRECIMENTO” – No capítulo em questão, Sagan trata, ainda, de alguns fenômenos culturais americanos da época, como o programa de televisão “Beavis e Butthead” e o filme “Debi e Lóide”, que ele considerava exemplos da decadência intelectual nos EUA:

“O emburrecimento dos Estados Unidos é mais evidente na lenta degradação dos conteúdos substanciais na mídia enormemente influente, nas frases de efeito de 30 segundos (agora reduzidas a dez segundos ou menos), as programações baseadas no mínimo denominador comum, apresentações crédulas sobre pseudociência e superstição, mas, sobretudo, numa espécie de celebração da ignorância.”

Pode-se apenas imaginar qual seria sua opinião sobre o futuro dos Estados Unidos se ele estivesse vivo hoje e testemunhasse o fenômeno das novas redes sociais, desde o YouTube e o Instagram até a ascensão vertiginosa dos serviços de streaming, entre outros.

FUTURO DISTÓPICO – Muitos, talvez, considerem que a previsão feita há 27 anos não seja realmente uma revelação, e estão, provavelmente, corretos, uma vez que vislumbrar um futuro distópico não é especialmente complicado.

Mesmo assim, Sagan, com sua grande sensibilidade e inteligência, foi capaz de captar grande parte da essência das mudanças que começavam a se formar naquela época, e que hoje parecem óbvias.

Escutar as vozes do passado pode ajudar a recordar e refletir mais sobre o que se pode melhorar na sociedade atual.

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