Sou estúpida, porém honesta, e por isso mudo de ideia sempre. Deirdre McCloskey para a FSP:
Estou
escrevendo esta coluna há dois ou três meses. Se vamos continuar a nos
encontrar deste jeito, preciso me apresentar. E então você poderá julgar
se vale a pena me ouvir.
Veja
bem, se eu fosse nazista ou stalinista, aconselharia você a não me
ouvir. E se não tivesse justificativa plausível para dizer que entendo
de economia, história ou filosofia política, também.
No site que mantenho na internet, deirdremccloskey.org,
eu me descrevo como "mulher do meio-oeste, de Boston, literata,
quantitativa, pós-moderna, proponente do livre mercado, episcopaliana
progressista, ex-marxoide, que foi homem no passado. Não 'conservadora'!
Sou liberal clássica cristã".
Espere
aí. Como é possível alguém ser simultaneamente literata e quantitativa,
cristã e pós-moderna, ou mesmo uma mulher que já foi homem? É fácil: eu
sou. Isso me lembra uma piada antiga: "Você acredita no batismo
infantil?; Se acredito? Eu já vi!".
A
explicação é que sou estúpida porém honesta, e por isso mudo de ideia
sempre. Cada estupidez na qual mergulhei e da qual saí teve pelo menos o
efeito de me deixar mais tolerante e solidária.
Comecei
como socialista adolescente, como acontece com tantos jovens. Eles vêm
de uma instituição socialista —uma família amorosa. O lema é e deveria
ser: "De cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua
necessidade".
Mas
para jovens que não cresceram numa fazenda, numa pequena empresa ou
mesmo numa favela, todos esses ambientes em que eles conheceriam em
primeira mão o trabalho e o lucro, isso os leva a ceder à tentação de
pensar que dinheiro cresce em árvores.
Eles
não entendem como funciona a economia. Pessoas que não entendem como
funciona a economia são ditas "socialistas". À medida que fui estudando
economia, fui gradualmente superando essa estupidez específica.
Mas então adotei outras estupidezes, como o keynesianismo na política econômica e o positivismo na ciência econômica. Então, mais que, então.
Nos
anos 1980, comecei a entender as humanidades, e em especial a tradição
"retórica" desde os gregos antigos. E na década de 1990 me bandeei para a
chamada escola de economia "austríaca".
Nos
anos 2000, eu realmente li as obras do escocês humanista, retoricista e
protoaustríaco Adam Smith, especialmente "A Teoria dos Sentimentos
Morais". Tudo isso me levou na década de 2010 à "humanomics", uma
economia rigorosa, mas que conserva o foco sobre os humanos. Ao mesmo
tempo, mudei de gênero e me tornei cristã.
Estupidez? Você é quem sabe
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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