domingo, 29 de maio de 2022

Uma loucura! A favor de Pinochet, Stroessner e Ustra; contra Paulo Freire e Nise da Silveira

 


20 charges sobre o nazismo e outros absurdos no governo Bolsonaro em 2020 –  blog da kikacastro

Charge do Lane (Charge Online)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro enaltece sanguinários como Augusto Pinochet, Alfredo Stroessner e Carlos Brilhante Ustra e faz homenagem de duas horas no Planalto para um sujeito como Daniel Silveira, seu governo ataca a psiquiatra Nise da Silveira, o educador Paulo Freire, o cientista Ricardo Galvão, o compositor Chico Buarque e a nossa diva do teatro Fernanda Montenegro.

O Congresso aprovou a inclusão da Dra. Nise no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, mas Bolsonaro vetou, alegando que não é possível avaliar “a envergadura” do trabalho dela, e bolsonaristas da Câmara já articulam trocar a Dra. Nise por Olavo de Carvalho, o canastrão rejeitado pela própria filha que xingava até nossos generais aos palavrões. Isso, sim, é uma loucura!

RECONHECIMENTO MUNDIAL – A Dra. Nise, um marco no tratamento psiquiátrico, substituiu crueldade por humanidade, eliminou eletrochoque, lobotomia e confinamento e, em troca, pôs pintura, música e convívio com animais.

Reconhecida mundo afora, mereceu dois filmes, “O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner, e “Olhar de Nise”, de Jorge Oliveira, que comentou o veto: “É lamentável o Brasil conviver com tal ignorância”.

E o governo que põe no Ministério da Educação figuras como Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Milton Ribeiro e um que fraudava currículo, também ataca Paulo Freire, autor de “Pedagogia do Oprimido”, defensor de justiça, inclusão e generosidade pela educação, ensinando os cidadãos a pensar; a aprender a aprender.

TOLERÂNCIA E DIÁLOGO – Enquanto no Brasil bolsonaristas ameaçam destruir o monumento de Paulo Freire no MEC, o maior educador brasileiro merece estátuas numa praça em Estocolmo, na Suécia, e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, por sua “tolerância e diálogo”. Como é o mundo…

Já o físico Ricardo Galvão foi demitido do Inpe por dados sobre o desmatamento da Amazônia depois sobejamente comprovados. Membro da Academia Brasileira de Ciências, o primeiro dos dez cientistas mais importantes da revista Nature em 2019 e premiado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência.

Apesar da glória internacional, ele não serve para Bolsonaro.

MAIS PRECONCEITO – Na música, Bolsonaro se recusou a assinar o Prêmio Camões (Brasil-Portugal) que Chico Buarque ganhou. No teatro, Roberto Alvim, que veio a ser secretário de Cultura, chamou a nossa Fernanda Montenegro de “sórdida” e “mentirosa”, anunciando “profundo desprezo” pela classe artística.

É nesse ambiente, com ódio, civis armados e policiais fora de controle, que geramos o George Floyd brasileiro: um homem com distúrbios mentais trancado no porta-malas de um camburão e assassinado com gás pela polícia.

O que diria a Dra. Nise da Silveira?

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