No
segundo ano depois da pandemia de COVID-19, o carnaval segue ainda
contido. Mesmo sendo realizado de forma pontual em alguns lugares do
país, milhares de pessoas aproveitarão os dias de folga para estar com
os amigos, família e claro: ouvindo algumas das músicas mais tocadas
nesta época do ano. Seja uma marchinha ou em um novo hit do verão,
sempre que o carnaval se aproxima, os artistas ficam ansiosos para saber
quem vai emplacar o hit do ano.
Nós e os sons
No
nosso cérebro, essa percepção funciona de forma curiosa. Perceber a
música depende de uma cadeia de sinais eletroquímicos que chegam no
ouvido e ao córtex auditivo. A partir daí, o som é interpretado de
acordo com seu ritmo, tom, timbre, harmonia e localização espacial.
Isso
acontece desde cedo na nossa vida, pois a musicalidade é uma das formas
mais antigas de dar sentido ao ambiente em que estamos, muito antes
mesmo das palavras.
Desde
quando um bebê está na barriga da mãe, ele é estimulado por sons - os
sons do corpo dela, dos batimentos cardíacos e das vozes.
O
córtex auditivo conecta a percepção musical com as memórias, associa
com as experiências e o contexto do momento e aperfeiçoa a comunicação e
linguagem, ou seja, todo o cérebro está mobilizado ao som de uma boa
música.
Se
o cérebro está imerso no som e seus ritmos elétricos mudam conforme o
ritmo da música, o corpo também vai ser influenciado por ela, sendo que
os batimentos cardíacos e a frequência respiratória também “dançam”.
Ritmos do carnaval e sensações
Se a música também é uma das formas de comunicação humana, quais mensagens trazem os muitos ritmos do Brasil no carnaval?
Marchinhas,
samba-enredo, pagode, frevo, axé, funk e MPB são só alguns exemplos das
milhares de possibilidades típicas do nosso país, mas todos concordamos
que a principal característica comum dos hits de carnaval é o ritmo
agitado, batidas contagiantes e muito alto astral. Todos esses ritmos
trazem mensagens de energia, força e reconstrução das lendas e histórias
de um povo.
“Conectar
nosso cérebro com essas expressões trará os sentimentos das histórias
que dizem muito sobre as características dos lugares em que nasceram
tais ritmos e sobre a diversidade da nossa cultura”, lembrou Livia
Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.
Como a música atua no nosso cérebro
Sabendo
de todas estas conexões, físicas e sentimentais, é possível afirmar que
a música mexe com os neurônios e as emoções. Músicas alegres e cheias
de energia são capazes de melhorar nossa percepção espacial, melhorar o
humor e ativar a memória. A música pode, também, facilitar a intimidade
e a aproximação física das pessoas em momentos coletivos e aumentar o
engajamento em tarefas nos momentos mais individuais.
Você escolhe uma música pela emoção que está sentindo ou pela emoção que quer sentir?
Uma
publicação dos departamentos de psicologia das universidades de
Berkeley, Amsterdam e Toronto apontou 13 tipos distintos de emoções que
pessoas de 2 culturas diferentes relatam ao ouvir música de diferentes
tipos.
Essas
13 variedades distintas de experiência subjetiva que correspondem a
qualidades da música que evocam sentimentos semelhantes na China e nos
Estados Unidos foram: “divertido”, “irritante”, “ansioso/tenso”,
“bonito”, “calmo/relaxante/sereno”, “sonhador”,
“energizante/estimulante”. para cima”, “erótico/desejoso”,
“indignado/desafiador”, “alegre/alegre”, “triste/deprimente”,
“assustador/com medo” e “triunfante/heróico”.
Este
estudo também discutiu algumas associações que o cérebro faz entre os
sons para estimular uma ou outra emoção. Por exemplo, a associação da
música com uma sensação “erótica/desejada” pode vir da exposição prévia
em ambas as culturas a músicas tocadas em cenas românticas nos filmes.
Já a música “indignada/desafiadora” tende a envolver um timbre
“rosnado”, semelhante às expressões vocais ameaçadoras em várias
espécies de animais.
Se
então a música não é apenas processada no cérebro, mas afeta seu
funcionamento, podemos usá-la para ter benefícios emocionais e físicos?
Podemos
sim! É a área de estudo da musicoterapia - que busca entender como as
melodias e sons ajudam a prevenir ou tratar doenças e manter a qualidade
de vida.
"Escolher
bem as músicas que fazem parte do seu dia a dia é um hábito que tem o
potencial de auxiliar no desenvolvimento de competências motoras,
cognitivas, emocionais e linguísticas. Um bom exemplo são os resultados
positivos que muitos estudos demonstram sobre a musicoterapia em pessoas
com doenças neurodegenerativas, como a Doença de Alzheimer, em que
estimular a memória musical — que é uma das últimas a ser afetada —
proporciona a conexão do indivíduo com sua própria identidade", detalhou
Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA - Ginástica para o cérebro.
Na
infância, a música contribui muito com o desenvolvimento da comunicação
e da consciência do corpo, sendo que os pequenos podem melhorar
comportamentos como a indisciplina e a timidez, além de refinar sua coordenação motora. Ou seja, a música traz conforto emocional e vínculo, do bebê até o idoso com Alzheimer!
Confira alguns benefícios de escolher sua playlist para este carnaval e, independente das festas, se divertir muito!
· Música ativa todo o cérebro, e uma das áreas é o hipocampo, diretamente ligado à memória;
· Músicas melhoram seu humor porque facilitam a liberação de endorfinas, substâncias vinculadas a bem-estar e analgesia.
· A
memória musical é uma das últimas a ser afetada na doença de Alzheimer.
As pessoas costumam se lembrar sempre de músicas marcantes na vida e
conseguem resgatar essas memórias;
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