O que começou em 2015, sob o dr. Costa e os leninistas, foi a aceleração vertiginosa do “projecto” socialista: preencher o resto da sociedade com o Estado, ocupar o resto do Estado com o PS. A crônica semanal de Alberto Gonçalves para o Observador:
“Era
o que faltava!”, respondeu o dr. Costa. Isto quando lhe perguntaram se
pediria desculpa ao empresário David Neeleman. Isto porque o sr.
Neeleman exigira publicamente essas desculpas. Isto depois de o dr.
Costa ter dito que o sr. Neeleman não passava de um falido, indigno de
confiança. Isto para justificar a aquisição, pelo Estado, de mais um
pedaço da TAP.
Uma
singela frase e o respectivo contexto resumem com aprumo o dr. Costa e a
governação do dr. Costa. Em primeiro lugar, graças a uma equilibrada
mistura de fanatismo ideológico, incompetência e inclinação para o
trambique, envolve os contribuintes num negócio ruinoso (a reversão da
privatização da TAP e as habilidades que se seguiram constituem um
monumento à irracionalidade e à leveza com que se espatifa o dinheiro
alheio). Em segundo lugar, na falta de uma explicação airosa ou no
mínimo sofrível, o dr. Costa justifica-se com uma calúnia descarada (o
sr. Neeleman não só não faliu como é figura particularmente prestigiada
na aviação comercial). Em terceiro lugar, apanhado a mentir, o dr. Costa
não admite a mentira e reage com típica sofisticação de taberna (e a
firme convicção de que o público dele sofre de défice cognitivo
suficiente para aplaudir a bojarda).
Eis
o dr. Costa, um mentiroso persistente e rude, crescido na manha
partidária e estranho ao escrutínio. É, sem surpresas, tão prepotente
quanto limitado, embora fiquem dúvidas sobre a consciência das
limitações: ele tem noção daquilo que é ou, pelo contrário, julga de
facto ser o que tenta, atabalhoadamente, parecer? Não sei. Não me
interessa. Interessa que burgessos há muitos. Alguns, por desdita ou
sarcasmo divino, alcançam uma posição susceptível de influenciar as
nossas vidas. Não vale a pena notar que o resultado é calamitoso.
A
calamidade não começou em 2015. Nuns pormenores, começou há décadas, e
há séculos. Noutros, começou em 1995, com o advento do eng. Guterres e
de um bando que, sem grandes alterações e com breves pausas para efeitos
de “resgate”, nos ilumina até agora. O que começou em 2015, sob o dr.
Costa e os leninistas que o dr. Costa acarinhou, foi a aceleração
vertiginosa do “projecto” socialista: preencher o resto da sociedade com
o Estado, ocupar o resto do Estado com o PS. Mussolini não faria
melhor. Fez, aliás, pior, dado que acabou pendurado numa corda. O dr.
Costa encontra-se pendurado em sondagens, que apesar da tendência
decrescente o mantêm favorito. Em última instância, pendura-se num cargo
“europeu” ou similar, onde olhará de cima, e com aquele sorriso
permanente, as ruínas que nos deixou.
Não
vou inventariar as desgraças que o dr. Costa nos infligiu. O Observador
pede-me crónicas, não simulacros das defuntas Páginas Amarelas. Por
falar em defuntos, e se a questão for a economia, pensem num indicador,
qualquer um, e é garantido que, ao longo destes 6 anos, Portugal subiu
quando seria positivo descer e desceu quando seria positivo subir. E o
mesmo acontece na saúde, na justiça, na educação e no que calha. Os
“trunfos” nessas matérias que o dr. Costa distribui possuem, lá está, a
marca de credibilidade do homem, leia-se são falsos a ponto de o próprio
Polígrafo, reverente e coitado, se ver forçado a desmenti-los.
O
problema, ou o principal problema, é que os estragos do dr. Costa não
se esgotam nos indicadores que a estatística mede. Nem sequer se esgotam
nos danos “institucionais” em que as manigâncias do dr. Costa não
dispensaram a cumplicidade de terceiros: hoje, se não repararam, o
regime está amputado de um Tribunal Constitucional a sério, de uma
magistratura a sério, de uma presidência a sério. A oposição política é
escassa e o papel do jornalismo, nos dois sentidos, entrou em coma
induzido. Os negócios são uma degenerescência obediente do poder. As
únicas instituições sólidas são o compadrio e a inépcia, o nepotismo e o
descaramento.
Porém,
a destruição causada no tempo do dr. Costa foi sobretudo
civilizacional. Não é em vão que se abraça partidos frontalmente
anti-democráticos: o contágio pela prepotência é inevitável. A
aproximação do PS aos “valores”, digamos, da extrema-esquerda
transformou um governo eleito numa máquina de supressão da dissidência,
proeza evidente durante a “pandemia” mas não reservada à “pandemia”. O
súbito “civismo” dos portugueses, na verdade a resignação cega a regras e
ameaças grotescas, reflecte o clima vigente, o de uma população
temerosa do vírus e de quem manda, da doença e da represália. O dr.
Costa, que exerce a língua com dificuldade, conseguiu reduzir os
cidadãos a esta existência vergonhosa, e o país a uma noite sem
esperança. Na campanha, com o Orçamento nas mãos e a petulância
habitual, promete “estabilidade” e “continuidade”. Ou seja, assegura que
a miséria, material e simbólica, não terá parança. Nisto o dr. Costa
não mente.
Daqui
a oito dias, o povo revelará o que quer. O que quer o povo? Uma parte
quer a miséria na medida em que beneficia dela. Uma parte quer a miséria
por recear as alternativas. Uma parte quer a miséria por não a
reconhecer enquanto tal. E a parte que sobra não quer a miséria.
Esperemos que, nas urnas, a parte que sobra exceda as três partes
anteriores. Linhas vermelhas? A linha vermelha é exactamente a miséria,
também conhecida por socialismo. É a psiquiatria, e não a História, a
explicar o buraco a que descemos há 25 anos. E que repetimos há 15. E em
que teimámos há 6. Por uma vez, se tivermos juizinho, a História é o
que pode estar para vir. Difícil e modesto que seja, o que vier é
preferível ao dr. Costa. Mais dr. Costa? Era o que faltava!
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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