sábado, 2 de outubro de 2021

Manifestações em mais de 60 cidades pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro

 


Taba Benedicto/Estadão

O único incidente foi o ataque de petistas ao carro de Ciro 

Deu em O Globo

Manifestantes se reuniram em mais de 60 cidades do país neste sábado em atos contra o governo Jair Bolsonaro. Convocados por partidos de esquerda, centrais sindicais e grupos da sociedade civil, os protestos visam não só a defesa do impeachment do presidente, mas também criticar o desemprego e o avanço da inflação, além de problemas em áreas como meio ambiente e saúde.

O dia de protestos começou pelo Rio, onde manifestantes se reuniram nos arredores da Candelária, no Centro. A maioria usava máscaras de proteção contra o coronavírus. Houve também atos em cidades como Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Goiânia, Teresina, São Luís, outras oito capitais, e em municípios do interior do país.

CANDIDATOS – Em São Paulo, o protesto foi marcado para o início da tarde, na Avenida Paulista. Os ex-candidatos à presidência da República Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram do evento. Houve um início de briga entre petistas e apoiadores do pedetista, após o carro de Ciro ser atacado quando ele deixava a Paulista, depois de um discurso em que foram ouvidas vaias.

Em Brasília, também na tarde deste sábado, a manifestação reuniu partidos de esquerda e centrais sindicais na Esplanada dos Ministérios.

Visualmente, há a sensação de maior presença de pessoas nas manifestações deste sábado do que nos atos convocados pelo MBL e outros movimentos políticos, no último dia 12 de setembro, sem adesão maciça de partidos de esquerda. Já nos atos antidemocráticos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro, houve maior concentração de apoiadores do governo na Avenida Paulista.

HORA DA INFLAÇÃO – Enquanto os protestos anteriores com o mote “Fora Bolsonaro”, organizados por partidos de esquerda e movimentos sociais desde maio, centravam as críticas principalmente no descontrole e no negacionismo no combate à pandemia da Covid-19, os atos deste sábado trouxeram mais referências à inflação, especialmente de alimentos e de combustíveis.

— Desta vez, conseguimos agregar para a campanha Fora Bolsonaro outros movimentos, como o “Direitos Já!”, e também outros partidos. Essa presença mais plural após os atos de 7 de setembro assegura a existência de um consenso de que todos estamos juntos em uma frente ampla contra Bolsonaro — afirmou Bruna Brelaz, presidente da União Nacional dos Estudantes, uma das entidades organizadoras do ato.

Apesar do discurso de união e em defesa de uma frente ampla contra o governo Bolsonaro, houve troca de acusações entre representantes de diferentes correntes partidárias presentes no ato da Avenida Paulista.

RACISMO E DESUNIÃO – Integrantes do PCO foram chamados de “racistas” por supostamente não deixarem representantes do movimento negro falarem a partir do principal carro de som estacionado nas proximidades do Masp.

Ciro Gomes também foi alvo de críticas antes mesmo de chegar à Paulista. O ex-ministro foi chamado de “canalha”, por um representante do PCO. Apoiadores do pedetista ficaram irritados e devolveram os xingamentos ao integrante do Partido da Causa Operária.

Impeachment é única saída', diz Ciro Gomes, ao defender aliança ampla  contra Bolsonaro em ato na Avenida Paulista - Jornal O Globo

Bolsonaro e Lula apareciam juntos no boneco inflável

Durante seu discurso, sob muitas vaias, Ciro pediu união em torno do impeachment de Bolsonaro. “Qual a notícia que queremos ver amanhã nos jornais? Que povo brasileiro uniu -se todo em defesa da democracia ou que meia dúzia de bandidos travestidos de esquerda se acham donos da verdade? Bolsonaro, a sua hora está chegando porque o povo brasileiro é muito maior do que fascismo de vermelho ou de verdade é amarelo” — afirmou.

CABO ANSELMO – Na saída, ao ser indagado sobre as vaias, Ciro respondeu: “Faz de conta que não viu. Procure a história do Cabo Anselmo que você vai entender”.

Cabo Anselmo foi um agente das forças de repressão da ditadura infiltrado entre grupos de esquerda.

Após discursar, Ciro saiu por uma rua lateral ao Masp. Seu carro estava parado na frente de uma choperia cheia de petistas, que começaram a provocá-lo. Ciro entrou no carro e os manifestantes atacaram paus em direção ao seu carro. Apoiadores do presidenciável pedetistas e petistas começaram uma briga na rua. Foram atiradas garrafas. A polícia conteve rapidamente o tumulto.

FALA HADDAD – O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad classificou a manifestação deste sábado como uma resposta aos atos promovidos por apoiadores do governo Bolsonaro no último 7 de setembro.

— O que temos de volta no Brasil no governo Bolsonaro é a fome, o desemprego. Não podemos errar novamente. Não podemos perder de vista o que estamos fazendo aqui. O que estamos fazendo aqui é comum a cada um que está na Paulista — disse Haddad, ao defender o impeachment do presidente.

Depois de discursar, Haddad foi informado pelos jornalistas sobre os ataques ao carro de Ciro e afirmou que lamentava. Questionado sobre as vaias, afirmou que os organizadores tentaram evitar incidentes.

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