Há
mais de um ano, o que era chamado de normal se modificou em todo o
mundo e, nesse período, o que não faltaram foram mudanças, novas
preocupações, recomendações e descobertas.
A
ciência progride para tentar vencer a doença, buscando novas formas de
tratamento e prevenção. As vacinas, que estão sendo aplicadas em todo
mundo, são um exemplo desse progresso.
Entretanto,
são muitas as dúvidas por parte da população. Efetividades das vacinas,
mutações do vírus e possibilidade de reinfecções estão entre as
principais.
A
médica infectologista da S.O.S. Vida, Monique Lírio, pontua que a
reinfecção pelo coronavírus é possível, mas não se sabe ao certo quão
comum isso é, nem por quanto tempo o sistema imune barraria novas
infecções. Além disso, as variantes exercem uma influência, na medida em
que, teoricamente, poderiam escapar dos anticorpos produzidos por uma
primeira infecção.
Entre
as dúvidas e temores em relação às variantes do coronavírus está a
possibilidade delas interferirem na eficácia das vacinas. Sobre isso,
Monique destaca que os estudos ainda estão sendo realizados.
“Isso
depende de cada variante, e de cada vacina. Algumas pesquisas iniciais
sugerem que a maioria das doses mantêm um grau de proteção mesmo diante
das mutações descobertas até agora. A boa notícia é que os estudos
iniciais apontam que é possível adaptar as formulações das vacinas
disponíveis hoje. E as em desenvolvimento já vêm tentando considerar as
variantes do coronavírus nos estudos”, salienta a infectologista.
Ela
reforça que as vacinas que estão sendo usadas no Brasil hoje –
Coronavac, Oxford e Pfizer, são seguras, pois mesmo as aprovações
emergenciais para uso exigem que os fabricantes demonstrem um bom perfil
de segurança. Além disso, estudos seguem monitorando as reações
adversas dos imunizantes, agora que a vacinação em massa começou em
certos países.
“Isso
não significa que efeitos graves não possam surgir em um número mínimo
de pessoas, porém esse risco certamente é muito menor do que o de se
contaminar e desenvolver a forma grave da Covid-19 em si. A maioria dos
possíveis efeitos colaterais é leve: dor no local da aplicação,
vermelhidão e febre”, completa.
Para
ter uma eficácia maior, é essencial tomar as duas doses da vacina,
pois, quando esquema vacinal prevê duas doses, isso quer dizer que os
estudos garantem a eficácia máxima do produto só com o esquema vacinal
completo. Além disso, a dose de reforço ajuda a prolongar os efeitos do
imunizante.
Não
é por isso, reforça Monique, que quem já tomou as duas doses da vacina
deve relaxar nos cuidados contra a Covid-19. O uso de máscaras, lavagem
constante das mãos e o hábito de evitar aglomerações deve continuar.
“Principalmente
enquanto poucos brasileiros estiverem vacinados, segue sendo importante
usar máscaras e manter o distanciamento, mesmo imunizado. Isso porque
há um risco pequeno de as doses não funcionarem em uma ou outra pessoa –
e, até o momento, os cientistas estão investigando se as vacinas ajudam
a conter a transmissão do coronavírus”, avisa a infectologista.
CONTAMINAÇÃO E VACINA
As
pessoas que já tiveram Covid-19 devem se vacinar, porque há risco de
reinfecção e não se sabe por quanto tempo duraria a proteção natural do
corpo, após a invasão do coronavírus. Monique alerta ainda que não há
qualquer risco adicional de efeitos adversos ao receber uma dose depois
de ter sido infectado no passado. A Sociedade Brasileira de Imunizações
(SBIm) orienta, porém, esperar pelo menos quatro semanas após o início
dos sintomas para a aplicação do imunizante. Se o caso foi
assintomático, o indivíduo deveria contar o mesmo período a partir do
primeiro resultado positivo no exame de RT-PCR.
Quem
pegou coronavírus entre a primeira e a segunda dose não vai precisar
tomar a primeira dose de novo quando se recuperar. O recomendado é
tentar seguir o calendário vacinal normalmente, mas respeitando a regra
das quatro semanas de espera após o início dos sintomas. Não há problema
se houver um pequeno atraso por causa disso: o importante é receber a
segunda dose assim que estiver liberado.
Em
relação à vacina contra a gripe, que também está sendo aplicada, a
recomendação atual é de dar pelo menos 14 dias de intervalo entre a
vacinação contra a influenza e a da Covid-19.
“Se
as datas da campanha de vacinação da gripe e a do coronavírus baterem
no seu caso, priorize o imunizante contra o coronavírus. Mas, assim que
possível, vá receber a injeção da gripe”, recomenda a infectologista da
S.O.S Vida.
FLEXIBILIZAÇÃO E 3ª ONDA
O
Brasil passa por um momento crítico da pandemia, tendo ultrapassado, em
maio, os 430 mil mortos e mais de 15 milhões de casos de covid-19.
Apesar das flexibilizações pelo país, é preciso que a população se
mantenha vigilante e seguindo os protocolos de saúde de distanciamento
social e higiene pessoal, como enfatiza o infectologista da S.O.S. Vida,
Matheus Todt.
“Estamos
vendo um número de casos de Covid-19 assustadoramente alto com muitas
mortes todos os dias, com hospitais ainda lotados e o processo de vacina
lento. Falar em flexibilização diante desses fatos é algo que não vai
dar certo e vai levar ao aumento de casos no futuro próximo”, alerta o infectologista, que ressalta que muitos países já se preparam para uma terceira onda da pandemia.
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