quinta-feira, 20 de maio de 2021

Vacinação avança, mas dúvidas ainda afetam a população

 



Há mais de um ano, o que era chamado de normal se modificou em todo o mundo e, nesse período, o que não faltaram foram mudanças, novas preocupações, recomendações e descobertas.

A ciência progride para tentar vencer a doença, buscando novas formas de tratamento e prevenção. As vacinas, que estão sendo aplicadas em todo mundo, são um exemplo desse progresso. 

Entretanto, são muitas as dúvidas por parte da população. Efetividades das vacinas, mutações do vírus e possibilidade de reinfecções estão entre as principais.

A médica infectologista da S.O.S. Vida, Monique Lírio, pontua que a reinfecção pelo coronavírus é possível, mas não se sabe ao certo quão comum isso é, nem por quanto tempo o sistema imune barraria novas infecções. Além disso, as variantes exercem uma influência, na medida em que, teoricamente, poderiam escapar dos anticorpos produzidos por uma primeira infecção.

Entre as dúvidas e temores em relação às variantes do coronavírus está a possibilidade delas interferirem na eficácia das vacinas. Sobre isso, Monique destaca que os estudos ainda estão sendo realizados.

“Isso depende de cada variante, e de cada vacina. Algumas pesquisas iniciais sugerem que a maioria das doses mantêm um grau de proteção mesmo diante das mutações descobertas até agora. A boa notícia é que os estudos iniciais apontam que é possível adaptar as formulações das vacinas disponíveis hoje. E as em desenvolvimento já vêm tentando considerar as variantes do coronavírus nos estudos”, salienta a infectologista.

Ela reforça que as vacinas que estão sendo usadas no Brasil hoje – Coronavac, Oxford e Pfizer, são seguras, pois mesmo as aprovações emergenciais para uso exigem que os fabricantes demonstrem um bom perfil de segurança. Além disso, estudos seguem monitorando as reações adversas dos imunizantes, agora que a vacinação em massa começou em certos países.

“Isso não significa que efeitos graves não possam surgir em um número mínimo de pessoas, porém esse risco certamente é muito menor do que o de se contaminar e desenvolver a forma grave da Covid-19 em si. A maioria dos possíveis efeitos colaterais é leve: dor no local da aplicação, vermelhidão e febre”, completa.

Para ter uma eficácia maior, é essencial tomar as duas doses da vacina, pois, quando esquema vacinal prevê duas doses, isso quer dizer que os estudos garantem a eficácia máxima do produto só com o esquema vacinal completo. Além disso, a dose de reforço ajuda a prolongar os efeitos do imunizante.

Não é por isso, reforça Monique, que quem já tomou as duas doses da vacina deve relaxar nos cuidados contra a Covid-19. O uso de máscaras, lavagem constante das mãos e o hábito de evitar aglomerações deve continuar.

“Principalmente enquanto poucos brasileiros estiverem vacinados, segue sendo importante usar máscaras e manter o distanciamento, mesmo imunizado. Isso porque há um risco pequeno de as doses não funcionarem em uma ou outra pessoa – e, até o momento, os cientistas estão investigando se as vacinas ajudam a conter a transmissão do coronavírus”, avisa a infectologista.  

CONTAMINAÇÃO E VACINA

As pessoas que já tiveram Covid-19 devem se vacinar, porque há risco de reinfecção e não se sabe por quanto tempo duraria a proteção natural do corpo, após a invasão do coronavírus. Monique alerta ainda que não há qualquer risco adicional de efeitos adversos ao receber uma dose depois de ter sido infectado no passado. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) orienta, porém, esperar pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas para a aplicação do imunizante. Se o caso foi assintomático, o indivíduo deveria contar o mesmo período a partir do primeiro resultado positivo no exame de RT-PCR.

Quem pegou coronavírus entre a primeira e a segunda dose não vai precisar tomar a primeira dose de novo quando se recuperar. O recomendado é tentar seguir o calendário vacinal normalmente, mas respeitando a regra das quatro semanas de espera após o início dos sintomas. Não há problema se houver um pequeno atraso por causa disso: o importante é receber a segunda dose assim que estiver liberado.

Em relação à vacina contra a gripe, que também está sendo aplicada, a recomendação atual é de dar pelo menos 14 dias de intervalo entre a vacinação contra a influenza e a da Covid-19.

“Se as datas da campanha de vacinação da gripe e a do coronavírus baterem no seu caso, priorize o imunizante contra o coronavírus. Mas, assim que possível, vá receber a injeção da gripe”, recomenda a infectologista da S.O.S Vida.

FLEXIBILIZAÇÃO E 3ª ONDA

O Brasil passa por um momento crítico da pandemia, tendo ultrapassado, em maio, os 430 mil mortos e mais de 15 milhões de casos de covid-19. Apesar das flexibilizações pelo país, é preciso que a população se mantenha vigilante e seguindo os protocolos de saúde de distanciamento social e higiene pessoal, como enfatiza o infectologista da S.O.S. Vida, Matheus Todt.

“Estamos vendo um número de casos de Covid-19 assustadoramente alto com muitas mortes todos os dias, com hospitais ainda lotados e o processo de vacina lento. Falar em flexibilização diante desses fatos é algo que não vai dar certo e vai levar ao aumento de casos no futuro próximo”, alerta o infectologista, que ressalta que muitos países já se preparam para uma terceira onda da pandemia.


AtCom - Litiane de Oliveira

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