A pretexto de promover uma rápida recuperação da economia, o governo Biden recorre ao expediente de se apropriar de uma fatia maior da riqueza gerada pela sociedade. Victor Oliveira para a Gazeta do Povo:
Apresentando-se
como o candidato moderado, que colocaria fim a “extremismos
autoritários” e garantiria a solidez da democracia norte-americana, o
democrata Joe Biden foi eleito presidente do país nas eleições de
novembro de 2020. No entanto, os primeiros grandes movimentos de sua
gestão indicam que Biden pretende fazer um governo de acordo com o
pensamento da ala da mais radical do Partido Democrata.
O
mais recente movimento nessa direção veio com a autorização de Biden
para que uma comissão estude a possibilidade de aumentar o número de
juízes na Suprema Corte americana, que atualmente tem maioria
conservadora. Manobra semelhante foi feita na Venezuela, em 2003, pelo
então presidente Hugo Chávez, que expandiu a quantidade de vagas na
Suprema Corte venezuelana de 20 para 32 assentos, garantindo maioria
para aprovar projetos e mudanças na Constituição que serviram de base
para a imposição do regime ditatorial de esquerda, hoje liderado por
Nicolás Maduro.
Aumentar
a quantidade de vagas na Suprema Corte faz parte das reivindicações da
ala mais radical do Partido Democrata, que deseja promover mudanças
tidas como “progressistas” em questões importantes nos EUA, sem
enfrentar uma oposição do Judiciário. Trata-se de uma medida casuística,
uma intervenção de um poder sobre o outro e que traria sérias
consequências para o Estado Democrático de Direito americano.
Enquanto
o aumento de juízes na Suprema Corte começa a ser debatido, os projetos
democratas que aumentam o peso do Estado na economia norte-americana
seguem a todo vapor. Biden já conseguiu a aprovação de um pacote de
estímulo à economia americana no valor de US$ 1,9 trilhão, que incluem
aumento no valor do seguro-desemprego, auxílios para famílias mais
pobres e ajuda a estados e municípios.
Já
o segundo pacote, mais ambicioso, no valor de US$ 2,3 trilhões, prevê
investimentos em obras de infraestrutura e sustentabilidade. Para
financiá-lo, o governo pretende aumentar o imposto cobrado sobre as
empresas, que teve alíquota reduzida para 21% na gestão do republicano
Donald Trump e agora pode subir para 28%. Além disso, irá dobrar os
impostos sobre ganhos de capital, dos atuais 20% para cerca de 40%.
Ou
seja, com o pretexto de promover uma rápida recuperação da economia, o
governo Biden recorre ao expediente de se apropriar de uma fatia maior
da riqueza gerada pela sociedade, por acreditar que estes recursos serão
melhor alocados se estiverem nas mãos do Estado. Enquanto isso,
analistas econômicos alertam para o risco de um aumento da inflação no
país.
A
mídia “progressista”, entretanto, já ensaia o discurso para defender as
medidas do governo democrata. Na proposta orçamentária para o ano de
2022, Biden incluiu aumento de gastos com escolas públicas, transporte
público e limpeza ambiental. Estaríamos diante do propalado Green New
Deal, proposto pela deputada Alexandria Ocasio-Cortez e endossado por
Bernie Sanders, ambos da ala socialista dos democratas?
Elevação
de impostos para empresas, aumento de gastos públicos, inflação no
radar e, agora, a possível expansão no número de juízes na Suprema Corte
colocam o futuro dos Estados Unidos em xeque. Antes conhecido como a
terra da liberdade, é possível que essa credencial se torne apenas uma
lembrança e não mais uma descrição do país norte-americano.
Por
fim, antes que alguém diga “ah, pelo menos na República Bolivariana do
Biden tem vacina contra a Covid-19”, é verdade, tem, sim. E a garantia
dessas vacinas se deu em julho de 2020, quando Trump era presidente e
fechou um acordo com a Pfizer/BioNTech para comprar todas as primeiras
100 milhões de doses de vacinas produzidas pelos laboratórios, além de
mais 600 milhões de doses ao longo do ano de 2021.
*Victor Oliveira é mestre em Instituições e Organizações.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário